quarta-feira, dezembro 10, 2008

05-12-08 "Atropelamento e fuga"

Soterro-me nos lençóis deprimidos, como se fosse uma vítima de atropelamento e fuga, envolta em ligaduras de textura pouco nobre e relegada para o cheiro morto de mim mesma.

Sou agora um homem inexistente, preso a um momento que dura apenas alguns segundos e, ainda, suspenso no acidente vidiário.
E isso mesmo, não é o acidente rodoviário, mas sim o da vida, que é diário. E nos deixa eternamente pisados, quebrantados, sovados, todos os dias, numa luta corporal intensa.

Estirado, tudo à volta é demasiado branco, asséptico, lembrando-me a imundície que sou e a luz parda das ruas por onde andei.

Deixo de escutar o som que, em compasso binário, parecia uma agulha a espicaçar o meu coração.
Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii___________________________________ 

03-12-08

A pera que se desfaz na minha lingua como graos de areia nos teus dedos e a fruta do desenho ondulante das tuas maos.

Ris-te e o som das tuas gargalhadas reverberam nas paredes caiadas e pelo chao de marmore.Os relampagos que formaram o vidro da tua alma estilhacada e inexistente segundos apos segundos sao apenas flashes da minha memoria.

Por isso, podes parar de respirar e de ouvir, e de ver e sorrir, e de sentir e de chorar, porque a fruta, em forma de lagrima, ja se decompos em poeira ha muitos relampagos atras.

23-11-08

Tenho em mim apenas palavras e silencios: ambos gotejam como cristais que fervilham nas entranhas da terra. Outras vezes sao como punhais de estalactites.

Palavras e silencios, reflectidos num espelho de mudez e esquizofrenia, bailam intermitentes pelo ar cortante das noites em claro.

O frio que e um lencol que se estende sobre um corpo quieto, contrastando com a calidez da serenidade triste de um outro.
A cor e um licor derramado em pedra cinzenta e inerte.
A voz que vibra os fios da teia tocados pelo orvalho das horas abandonadas.
O sonho que alude a um espasmo animal de visceras ensurdecedor.

30-10-08 "Naif"

Nao sei porque e que o meu Amor foge, afasta-se e e indiferente ao que sinto, as minhas necessidades dele e a minha vontade de estar presente para o acompanhar.

Noutras alturas ele estava tao presente que ate era como se caminhasse constantemente ao meu lado, como se eu fosse um seu apendice. O meu respirar confundia-se com o dele. O bater do meu coracao no meu peito era a reverberacao do seu.
E todo o mundo a nossa volta desaparecia, tornava-se numa forma difusa de um enxame de abelhas confuso e disforme.

6.6.05

Lifeless: from my room I can see the world and from my window I can see myself crawling like an alley cat under a car, face and belly glued to the road. I have no life, only death is in my lifeless beat of pulse.
I wanted to draw my veins with blood and end the endless misery and the infinite pain. I'm still the same all along I've been the same nothing. My hands are now flying in the sky, they ran off from me.
Remember :Love is not Love", my Love.