Escondi-te na palma da mão enquanto tu me sorrias.
Dobraste a esquina e pude ver-te o olhar, rasgão de luz, última, no pôr do dia.
Viajei sem reparar, ainda nos teus cabelos, caminhando, vislumbrando o brilho deles ao luar.
Sinais de fumo me lembravam a tua pele, sufocada pela poluição da cidade,
à espera de um banho de mar, purificante.
Fiquei com o sal da tua pele nesse dia a perdurar-me na ponta da língua,
e dos teus lábios colhi grãos de sêmola de trigo, doce, que se desfaziam na minha boca.
Ainda é cedo, meu amor, disseste-me. Mas já era muito tarde, sabia-o de certeza.
Não te pude mais ver, nem sentir o teu sabor, e nas minhas digitais podia ainda sentir a areia da tua pele. Corri, corri, para que o teu corpo e a tua mente não me pudessem mais invadir, para que com a fúria do vento te expulsasse de mim... Porque já era muito tarde, porque não podíamos mais existir, porque tinha de ser assim.
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