domingo, setembro 29, 2013

A mudança do paradigma: amor, liberdade, poesia

Hoje acabou-se a magia,
findaram-se as marés de chuva
a espuma das madrugadas
e os feitiços do luar.

Não era ainda de noite e já entardecia,
pois a manhã estava atrasada
com sonhos feitos de nada.

O estatuto do amor mudou,
ele deixou de ser o salva-vidas
que nos põe à tona na tempestade
e sei hoje, conformo-me na constatação
de que é apenas uma das coisas que existe
como todas as outras sem liberdade.

E a própria poesia teve o já longamente adiado funeral
pois não passa de exacerbação e subterfúgio
para quem nunca encontrou um bom refúgio
da solidão, da desgraça do mundo e da putrefacção.


quinta-feira, setembro 19, 2013

O amor de uma relação

O amor tem todas as caras do mundo
e todas as feições de todos os animais
pois ele varia imenso mas tem sempre algo em comum
o bem-querer e a preocupação de mais nenhum.

Relações amorosas, não as queremos mais
são danosas por vezes
outras não chegam sequer a ser
mas sei que não são as tais
que quero para sempre manter.

O que queremos é leve e solto
mas imprime-se no corpo
como tatuagem de veias que brotam do coração.

O meu abraço e pensamento são teus
e o amor é a eternidade de um morto
que está para sempre enterrado no chão.