terça-feira, abril 25, 2017

"Vinte e cincos de Abris"

Eternamente, o ser humano sempre esperará este dia
Vigilantemente, cada um com a vigilância da alegria,
o primordial dia da liberdade e da luta a que compelia,
porque diariamente pela amargura e censura sofria.

O jugo da ganância do homem em cima dos homens,
a ambição do poder e a sua cegueira cruel,
todo um desfile de vontades desumanas,
faz com que este dia nunca se cumpra
e o povo, geração após geração, continue a luta.

Houve aquela madrugada de raiar de luz sobre as trevas,
mas como uma ilusória e fantástica realização cinematográfica,
com o passar dos anos verificou-se ser os efeitos de fumaça
para encobrir o parto de milhares de pequenos tiranos.

Dos "vinte e cincos de Abris" rezará a perpétua História
como o dia em que sempre se recorda um ensaio de liberdade.


segunda-feira, abril 17, 2017

As pessoas já não são pessoas, deixaram de existir, são apenas camisas Dior e calças Gucci, malas Louis Vuitton e sapatos Louboutin e, claro, casacos Chanel.

sexta-feira, abril 14, 2017

- "Eu era completamente louco por ti. Tanto, que agora sou apenas louco."
[da série 'Tragicomédias da Humanidade']

quarta-feira, abril 12, 2017

Talvez quisesses um poema com um tema corriqueiro
Tu que andas ocupada com o trabalho
e de casa para o trabalho o dia inteiro
Mas não é isso que eu escrevo,
Eu escrevo num debate comigo mesma a perguntar-me,
volta e meia a acelerar-me com tantas questões
que surgem na vida e no mundo.

Exaustão da Palavra

Há a palavra dita e há a palavra cantada,
há a palavra escrita e há a palavra apagada, 
há a palavra lida e há a palavra sussurrada,
há a palavra contida e há a palavra pintada,
há a palavra silenciada e há a palavra gritada,
há a palavra pensada e há a palavra clamada,
há a palavra omitida e há a palavra codificada,
há a palavra emitida e há a palavra enviada,
há a palavra relida e há a palavra ditada
há a palavra repetida e há a palavra esgotada.
"Rugas são como divãs" onde te esparramas depois de uma vida inteira sempre em pé. :D 
Na verdade, somos milhares, não nascemos um só ser. Somos todas as vezes que o coração se partiu e todas as vezes que ele sorriu; somos todas as vezes que renascemos e todas as vezes que a vida reescrevemos. 
E o tempo implacável faz-nos descobrir, como pintores, cada vez mais sobre a sombra e as luzes e como utilizá-las. E, se como dizem, "nascemos, depois morremos e pelo meio temos de nos distrair para não pensar nisso", eu não tenho brilhado em não pensar nesse facto inevitável.

Do tempo da música.

Ao contrário do que se diz, a música não tem uma época. A boa música dura para sempre; é intemporal; é como a boa comida que quando é boa, passam-se os anos e ela continua boa.
Daí o generation gap em termos culturais ser uma ilusão, porque aquilo que é bom é suposto durar e atravessar gerações...

Vida

Da vida possível contam-se duas datas.
Da vida impossível também. 

quarta-feira, abril 05, 2017

Perder palavras.

Como num sussurro se vão escapando
as palavras da minha mente
e já não sei se vou lembrando
o que o coração tanto sente

No cérebro, no corpo, na dita alma
que é cada vez mais inexistente
começa a língua a perder a calma
e o ânimo decresce descontente

Nada nem ninguém é obrigado a dizer
o que já não se lembra não mente
e o que recorda fá-lo sofrer

De noite e de dia tudo diminui
qualquer ritmo frenético que entre
enluto-me pelas palavras e tudo rui.