domingo, abril 04, 2021

Larguem-me e matem-me logo de uma vez

 Deviam ter-me largado de um avião em pleno vôo
Deixado que eu me desfizesse em milhares de pedaços
Para que não sobrasse nada mais quando ao chão chegasse

Foi o acaso conceber tamanha desgraça e inferno
Com o gelo de mil invernos e tanta desfaçatez 
Ó imaginação sem graça quanto a palidez da minha tez

Larguem-me e matem-me logo de uma vez
Arranquem a minha foto da parede da vossa memória
Rasguem tudo o que é meu
Queimem os objetos
Triturem os meus ossos e dentes até serem pó 
E espalhem-no aos quatro ventos como nunca tiveram dó




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