quinta-feira, junho 24, 2021

Inundação

 Da sua incerteza veio a enxurrada levar-me
quando a maré virou oceano na terra
na noite da lua cheia de morango

A gota de orvalho que foi a primeira chama
daquele fósforo riscado ao acaso
sem se saber bem porquê
sem se saber como ou quando

Amar-te como eu te amo
e tu amares-me como me amas

na inexistência do botão daquela flor
que foi sobranceiramente alagada
e que guarda agora tanta dor

Lembro de quando ardia em nós o fogo
que Prometeu roubou sorrateiramente 
e de quando me dei à cisão 
com quem me chamava de Pandora

O que diria ela agora?

Espero que volte como a minha amada irmã
de sempre para me falar sobre Iemanjá
e de como 39 lhe foi uma idade tão má

Pode ser que ela saiba dizer
desse amor maior que não cabe no mar
tudo o que me foi acontecer
e que me fez naufragar.

Sem comentários: