segunda-feira, junho 28, 2021

Da Surpresa

 Se insisto em dizer que não gosto de surpresas, mormente porque geralmente são más, porque é que dou por mim a pensar com tanto entediamento que por uma vez na vida gostava que alguma coisa me surpreendesse de facto?

Saber de antemão como tudo se vai desenvolver e conforme os comportamentos-padrão, tornou-se numa chatice maior agora, provavelmente por ter regressado a um envolvimento mais societal. Sim, faz sentido.

De qualquer forma, passar a vida inteira a parecer-me que estou apenas a ver um filme antigo que já tinha visto é muito aborrecido e eu nunca fui de pensar ou sentir que estava aborrecida, pois sempre me chegavam problemas maiores e desafios. 

Ora, de momento, ao ver que todas pessoas que eu amei em tempos sabendo exactamente como eram, e tudo tendo acontecido exactamente como eu havia dito que aconteceria, as coisas acabam por tomar uma perspectiva de pasmaceira muito cansativa mesmo. Ainda mais do que aquele velho título do "viver cansa". 

É, parece que ao contrário do que te disse, há pouco tempo, também eu sinto aborrecimento. Mas entretanto, sei ocupar-me com coisas que possam por segundos captar o meu deslumbramento pelo belo que lhes consigo enxergar, para ver que não perdi de novo o sentido de maravilhamento e que não estou anedónica outra vez. 

De resto sim, não houve ainda nada que me surpreendesse e, muitas vezes, como já disse algumas vezes, quis mesmo estar enganada, mas infelizmente ainda não aconteceu esse real sentido de inédito. 

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