Eu, poeta devoto do sulco que faz entre o teu ombro e a clavícula, ao passar a língua pelo teu corpo, é a minha saliva que te faz florescer em arrepios, poros eriçados como botőes de rosas vermelhas do pecado original.
"Quero fazer contigo o que a primavera faz às flores", ajoelhar-me perante o teu jardim e afundar-me nos seus odores. Regar-te-ei até que a humidade nos afogue no credo desse dilúvio de prazer.
Avançando na madrugada, sorverei cada gotícula desse abençoado orvalho.
A aurora divinal irá irromper com os seus dedos pelas nuvens, atravessando o céu em cores orgásticas.
Entre pêlos, pele, cabelos, dedos, sulcos e elevaçőes, estão as relíquias sagradas desse meu altar de montes e vales onde só as oliveiras permanecem pacíficas. O teu corpo é o éden que me aguarda e eu, tosco e frouxo, o Adão que não chegou a ser expulso do paraíso.
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