A vida inteira quis ser normal. Sentir e pensar como as outras pessoas. não ser apenas filosófica e a tal inteligência rara (que até só por estar em chats de lives no Instagram, denota-se ao ponto de uma pessoa como Lúcio Mauro Filho dizer isso de mim à frente de toda a gente, em mais do que uma ocasião; eu sempre a pedir para não falarem de mim que causa mais stress ainda, mas depois por outro lado com a hiperadrenalina também não consegui não dizer nada e torna-se um ciclo, embora esteja um bocadito mais a conseguir parar, acho eu).
Enfim, gostava mesmo de ser como as outras pessoas, a vida toda, pois só eu sei tudo o que eu passei (ahahah lá está Djavan de novo) desde bebé praticamente por ser assim, toda a violência, a inveja, a brutalidade e tudo mais que tive de suportar dos outros.
Não me expunha e pus-me a expor-me porque me pediram e pronto. Mania de aceder a pedidos para as pessoas ficarem mais contentes e tal. É bom ver as pessoas contentes e felizes, sei bem que é das únicas felicidades que eu retiro da vida já há muito tempo. Mas às vezes é chato mesmo, além de as pessoas sugarem-me quando podem.
O amor incondicional e puro altruísmo são conceitos tão difíceis para as pessoas que elas preferem encontrar outras explicações, projecções de si mesmas, para elas: vêem-me como sendo ou génia, louca, ou fui magoada, ou preciso de um amigo, sou solitária, etc., ou senão que devia cuidar-me mais eu de mim, como se uma coisa impedisse a outra (para os egoístas e incapazes disso sim, oiço isso como desculpa muito) ou como se eu não fosse cuidadora de mim a vida inteira, principalmente tendo os problemas no sangue e hormonal graves e sim, doenças raras, há décadas que só por cuidar mesmo eu de mim é que tenho sobrevivido.
Cansativo demais ter de explicar também coisas que as pessoas não têm o tal acesso e experimentação disso para entender, de novo como alguém que nunca viu a cor amarela. Entender que alguém não precisa de absolutamente ninguém, nem de ser nada, nem quer ser notada, ou importante, numa cultura tão completamente atropelada por essas futilidades e inseguranças e até mesmo baseadas apenas na imagem. Ser "monge existencialista" e também irritar toda a gente sendo como se é, é intrincado mesmo, principalmente depois para levar com as percepções das pessoas.
Magnus tinha razão naquilo que disse do meu papel, da missão que eu tinha, nomeadamente em mostrar a fragilidade humana e a completa verdade, sem máscaras, sem nada, com a vulnerabilidade normal de uma pessoa que é espontânea e genuína. Embora, no meio disto tudo me tenham feito de actriz. Na realidade, acho que ainda assim como sempre dei exactamente o que precisavam porque sabia qual o efeito que estava a ter e as consequências disso. Zaim já dizia que era só eu mostrar-me ao mundo que o mundo caía aos meus pés, eu achei sempre isso tudo exagerado, mesmo vindo de uma personalidade que privava com Madonas e Viviene Westwoods, e todos de Hollywood. lol
Ser considerada génio desde criança e ter-me feito de burra e estagnado de propósito para basicamente sobreviver à violência física e psicológica que sofri ao meu redor sempre, também não é assim algo de heróico ou de se ter pena. Na verdade, foi conscientemente que sempre quis ser mr. nobody, embora ultimamente tenha verificado que a pressão societal teve em mim algum efeito sim, nomeadamente dessa infecção de sentimentos mais mesquinhos. A tal da dependência emocional.
O que vale é que rapidamente pude processar e entender que faz parte do que é para eles e não para mim. Ainda bem. Na realidade, nesse aspecto não quero ser "normal" não. Continuar a ser assim, sem amor nem paixão, é mesmo a maior alegria de paz que eu posso ter de manter o meu estado de monge existencialista e reforçar o "observe not absorb". Fui desencaminhada dos trilhos porque tive pena e custou-me muito alto o preço, nomeadamente com a deterioração das glândulas supra-renais, mas agora estando refocada espero que ainda haja tempo para que eles não vão `a falência completa e fatalmente. (sei que hoje abusei um bocadito de novo)
Porque é que quando somos crianças queremos "salvar o mundo", começamos a fazer composições sobre poluição e ecologia, etc.? Porque somos inseridos numa sociedade que nos diz que somos as esperanças para um mundo podre e em decadência. Depois só nos resta ir ficando mais frustrados quando vemos o quão fundo é o fosso da podridão que se criou à semelhança da própria Humanidade.
Nada do que eu faço significa (ou sequer muitas vezes lembro a quem beneficiei e em quanto) seja o que quer que seja (senão em prol dos outros), mas as pessoas não entendem mesmo, o cérebro tem sempre de encaixar tudo e dar significado a tudo, de modo que fica complicado, daí eu não me dar a isso sequer.
N.B.: Uma pessoa não faz uma desconstrução do ego durante alguns anos para depois voltar a cair de novo nas suas armadilhas sem saber sair delas prontamente, não é? ;)
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