Talvez o amor seja algo que começa muito mais tarde, quando já tivemos tudo e perdemos tudo, quando somos só dois braços e mãos nuas.
Ainda nos vejo defronte a uma lareira, eu agachada sobre ti, com o rosto ao lado da tua cabeça, ainda como se fosse aquela criança curiosa e jorrando afecto, tanto que te irritava, e com a tua cara quase o dobro da minha, também fitando a lareira, tratando dela, tendo a alimentado, e já com o teu cabelo um pouco grisalho, mas ainda ondulado.
Eu tenho saudades de nós assim, o que até me pôs a pensar já por um par de vezes, se não é só uma memória de uma nossa outra vida. Eu espero sinceramente que não e que ainda teremos uma chance mesmo que no final da vida. Afinal "sempre" é também para sempre.
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