Há pessoas que nos espezinham o coração a cada interacção e fazem-nos crer que somos uma porcaria, que não merecemos nada, desejam-nos o pior, torturam-nos, matam-nos. Há pessoas que se regozijam com o nosso sofrimento e são sádicas, e humilham-nos. Há pessoas cruéis. Pessoas tão insensíveis e incapazes de amar, senão as que fazem-se parecer amar mas é na verdade apenas necessidade do que essas pessoas fazem por elas. Elas só se dão com quem não as contraria, o restante vão cortando. Pensam que são muito fortes e assim se mostram, muitas vezes para elas é sinônimo de violência e agressividade, estar a tratar os outros como se existissem para lhes obedecer, mas na realidade têm um ego muito frágil e patético.
sexta-feira, maio 31, 2024
quarta-feira, maio 29, 2024
Desculparmo-nos
Vi algures uma frase que falava sobre como é a primeira vez que viemos para a vida e por isso não nos devíamos cobrar tanto, porque estamos a fazer tudo pela primeira vez.
Eu gostei disso. Dar-nos um pouco de desconto mesmo, porque afinal talvez seja como dizem e "ninguém nasce ensinado".
Quando penso no maior erro que cometi, ainda que provavelmente não tenha sido inteiramente fruto de acções conscientes, todos os dias recrimino-me. A devastação que foi causada foi tanta que não deixou quase espaço para algumas memórias boas, ainda que, se virmos bem, talvez tenham sido em maior quantidade. Já nem sei, pois a intensidade e abranger das coisas más é sempre muito forte nestes traumas e ainda por cima eu quase que fiz mesmo para que as coisas más pudessem apagar as boas, para erradicar os sentimentos bons. Como uma pessoa é capaz de tanta autosabotagem, é impressionante. Um subconsciente traumatizado, completamente rebentado, emergiu feralmente, como um lobo sanguinário. Mais valia uma bomba nuclear, xiça. :(
Sim, já sei a coisa teórica toda, de que não nos podemos culpar se já tomamos consciência do que aconteceu e pedimos desculpa, e também não sabíamos tudo o que estava a acontecer para tomarmos boas decisões, nem estávamos em condições de fazer o que quer que fosse, porque nem éramos nós mesmo, mas não dá para não estar sempre a sentir mal.
O tempo faz esquecer, dizem, mas acho que a morte é capaz de ser o meu único estádio de libertação de tudo da vida.
(eu já tenho a peónia. será agora o fim da minha vida? se me for embora, fica tudo assim)
Só assim
Para que sangre a dor
Que causaste em mim
E para que ardam os cacos
Da destruição até ao fim
Só assim um dia se desfaz
Todo o desrespeito
De que foste capaz
Talvez seja melhor
O que tu fizeste
Pois só assim a desilusão
Permanece de vez
Por tudo o que me tiraste
segunda-feira, maio 27, 2024
Ver Alguém
Displicentes
domingo, maio 26, 2024
Um ano
Num ano, as células do nosso corpo mudam todas, ouvi dizer no outro dia. Aí até me fez sentido, finalmente uma razão para festejar um aniversário, pois afinal não é apenas envelhecer mas sim como uma praticamente hipótese de reprogramar as células.
Deixei de ter saudades
É como te disse
Há frases que certas pessoas me disseram que nunca mais esqueci e ressoam, volta e meia, num trauma horrível. Além disso, eu não quero mais sofrer, como é óbvio, e voltar a ver-te seria certamente recordar tanta coisa que fizeste e me magoou, deixando-me com mais dor por tudo o que pensei que era bom e não foi o suficiente para nós. Além de "o corpo lembra".
Não é mesmo de mim que deves ter saudades, mas do que fui para ti e já há muito tempo que não sou essa pessoa. A saudade tem-se das coisas boas, porque elas deram-nos muito afago e já não temos mais. Espero que um dia com o tempo já não haja saudades, porque se tem coisas boas, carinho e amor suficientes para nem sequer nos lembrarmos do passado.
sábado, maio 25, 2024
Perdoar
Perdoei quem pior me fez nesta vida toda e mesmo ainda carregando as marcas das feridas, tendo consciência que muitas estão ainda não cicatrizadas e um par delas, ou mais, ainda jorra sangue, já foi melhor do que quando não o conseguia fazer e só tinha más sensações e raiva e ódio e nojo das suas atitudes. Aquela coisa sobre sentirmos ódio, etc., é como beber veneno é verdade. Mas não há antídoto com uma fórmula simplificada. Muito passa por nós mesmos conseguirmos entender tudo sobre nós e o que realmente sentimos e porquê. Ao mesmo tempo que entendemos tudo sobre o outro e muito do porquê das suas acções. É muito difícil e pode ser um processo cíclico se deixarmos que o nosso trauma fale mais alto. Há que querer muito melhorar tudo em nós nesses aspectos do sofrimento para deixarmos de sofrer tanto por causa do que os outros fazem.
Tenho dito
Ser a pessoa que tem de guardar segredo e sofrer sozinha pelos outros, porque sabe das coisas piores das pessoas, é uma bosta a vida toda.
sexta-feira, maio 24, 2024
Procura-se paixão platónica
Talvez uma paixão platónica seja o que eu preciso neste momento só para esquecer todos os amores desta vida. Mas como a última já foi há décadas quando ainda estava na escola, nem sei mais como é que vou sentir esse naipe de sentimentos.
Quota de desilusão
A quota de desilusão é como aquela quota de água que chegada à marca causa inundação.
Bolsa de Valores
Quando os valores mudarem, tudo se transforma e deixa de agradar a quem beneficiava com o estado anterior das coisas.
O capital de interesse passa a ser diverso e diferente, horizontes expanden-se, ou não, podem voltar a comprimir-se, retrocedendo para um tempo em que havia valores semelhantes. Mas envolve sempre destruição e negação dos outros valores e suas consequentes acções.
Se, por acaso, os valores transformam-se nalgo melhor para todos, exceptuando para os que têm preconceitos e resistência às mudanças que ocorrem, os poderes vigentes podem tentar lutar mas cairão com o passar do tempo na normalização do que antes era tão veementemente combatido.
Nunca há completas perdas nem completos ganhos, pois senão jamais haveria de novo toda uma mudança ciclicamente.
Vim à vida e não gostei do que vi
Vim à vida e aplaudi os homens e mulheres de coração puro, impoluto e de alma incorrompida.
Admirei os que não se resignaram à primeira dificuldade e os que se bateram para se melhorarem a si mesmos cada vez mais.
Chorei pelos tristes e com eles senti a dor de ter a falta de felicidades. Senti saudades, dolorosas também, mas não me dei demasiado à sua espiral intensa de memórias densas para que não perdesse completamente o prumo e o sofrimento me matasse de vez.
Suspirei de alívio pela consciência de quem não teve filhos para que a miséria humana não fosse perpetuada.
Revolveu-me o estômago ver que crianças eram obrigadas a casar, eram violadas e engravidadas. As pessoas que se matam e as que matam os outros. Que há quem não queira deixar os outros amarem e serem felizes com quem querem e acham-se donos de tudo e de todos. Os que cometem atrocidades com a boca cheia a falarem de deuses.
A violência diária do Homem
Todos os dias, os seres humanos embatem-se com as suas vidas e uns com os outros. Gritam e gesticulam agressivamente, podendo estar ou não alterados por causa de várias substâncias ao nível químico.
Pus-me a preparar uma caneca de chocolate quente, porque de noite esfria bastante e ouvi homens a brigar perto da minha janela à meia-noite. Rapidamente quatro homens empurraram um contra um carro e o pressionaram, enquanto eu abri os estores, pus-me a mexer a caneca que estava muito quente, enquanto tentava acalmar-me, afastar os pensamentos intrusivos em cascata e de qualquer forma emanar alguma paz e amor, e assim eles dispersaram. Ficaram não muito longe. Voltaram para um carro aqui para tirarem algo. Um deles olhou na direcção da minha janela e levantou a mão pedindo desculpas (eu acho que ainda me saiu balbuciado "eu estou doente, o meu tio morreu e antes mais gente, estou triste, estava a ver se me acalmava, a beber uma bebida que está quente", ainda pensei que estou aqui com o cheiro da inundação e o chão levantado e não há um momento sossegado), e foram depois embora a pé.
Se eles soubessem e tivessem presente o quão fugaz é a vida... Por isso, desde sempre fui esta tonta espalha-amor. As pessoas não têm noção do tempo também, não sabem que ele se vai num piscar de olhos. O que é importante é algo tão maior. Por isso também é que é triste ver pessoas agredirem-se.
Vim para a sala e liguei a televisão, estava num canal em que uma rapariga e um rapaz discutiam alto, num desses programas que exploram a bestialidade das pessoas, traduzido chama-se "espectáculo de realidade".
Mudei de canal e apanhei um programa em que costumam passar curtas de cinema independente e estava mesmo uma cena a falar como o capitalismo torna as pessoas agressivas e que o futuro já está escrito por ele. A banda sonora era distópica e sugadora de esperança.
Eu mudei de canal de novo.
quinta-feira, maio 23, 2024
Este podia ser um resumo dos últimos anos
[as pessoas q m "vêem" por aqui pensam que eu tenho muita vida etc, e nem sabem q eu ando moribunda há anos a lutar tds dias literalmente nas madrugadas a fio pra sobreviver. a tal figurinha patética a comer batata frita light pra sobreviver com o sal.]
(escrito ao amigo poeta ZéC. De facto , quando somos 'obrigados' a falar sobre nós é que nos vamos confrontando connosco e nos conhecendo melhor, como tb acontece na terapia, o verbalizar do que se sente ou do que se pensa acaba por nos mostrar como é que estamos)
quarta-feira, maio 22, 2024
50 anos de liberdade do 25 de Abril
parceiros no crime
Trauma
As memórias podem até desaparecer mas as emoções que se tiveram ficam guardadas no inconsciente, porque não foram processadas e enfrentadas como devem ser. Quando sucede algo similar ao que provocou alguma dor, eis que vêm um pouco mais ao de cima as mesmas dores e daí as reacções de defesa contra à situação.
terça-feira, maio 21, 2024
desencontro
porque é que eu havia de me encontrar contigo, ainda mais nesta época? para festejares o nosso primeiro encontro há 18 anos, ou o dia em que nos partiste o coração há 11 anos atrás?
ainda não foi este ano que deixou de magoar.
As quatro estações de ti
segunda-feira, maio 20, 2024
Vou pensar assim
Vou acreditar que fizemos o melhor que pudemos um para o outro, dadas todas as circunstâncias nossas e ao redor.
Esta nítida certeza de que perdi o que era o amor da minha vida... A minha alma não é refém, nunca mais, eu havia prometido assim a mim. A minha alma é minha, é nossa. Pode estar quebrantada, mas não foi raptada.
O tempo passa, mas não passa para esse grande amor. 24 mil vezes ou mais ainda quantas vezes ainda for, "sempre".
Engraçado como essa palavra assustava-me e também o meu cepticismo logo a negava. Talvez não tenha havido outra pessoa que me tivesse odiado tanto e que eu tivesse amado tanto. Talvez as más línguas tivessem razão e ninguém te ame mais do que eu te amei, até quem sabe nessas eras infinitas.
Algo como a paixão que é volátil e passa, não é o caso do que senti por ti, pois tem-se verificado, em vez, contínuo e maior que o oceano. É um bem-querer que não tem fim e que fez de tudo para vos afastar para que não tivessem de sentir a tristeza de me ver sempre em muito más condições e a sofrer muito no dia-a-dia neste inferno onde habito e de que não tenho alforria.
Diz-me tu, meu amor maior, quanto o meu coração ainda aguenta sem ti?
Fazer-vos ir para que fossem felizes foi doloroso porque vos fiz sofrer também. Não sei se alguma vez tiveram de fazer algo semelhante com alguém. É inclusive arrancar o próprio coração e fazer a pessoa ficar com uma tal impressão que não volta por nada e nem ousa pensar em nós.
Mas o meu coração jamais abre mão de ti, não te preocupes e tu serás sempre mais do que feliz nesta vida; toda a minha energia saiu de mim e foi para o mundo para que o meu tal olhar amoroso desse sempre a força para que ele seja vitorioso e glorioso como ele é. O mundo é maior do que tudo o que pensamos. Ele rege-se pela força maior da busca dos equilíbrios.
Eu e tu, por exemplo, éramos forças opostas, que se complementavam na balança e pesavam para a paz maior e o amor global. A nossa algo transcendente sintonia, talvez não se tenha perdido e, por isso, ainda há esperança para o mundo. Eu vou pensar que sim.
domingo, maio 19, 2024
Quando eu ainda não era uma pessoa
Quando eu ainda não era uma pessoa e era vento e tempestades, água e lava, eu corria o mundo de lés a lés, agastava a erva e a terra, revolvia-as, agitava-as. Quando o mundo ainda era mundo e eu soprava, vislumbrava as galáxias e pousava magistralmente nas ondas das marés. Eu ainda não flutuava, porque a gravidade não me acossava.
sábado, maio 18, 2024
Beleza
E que olhar para ti fosse sempre bálsamo para estes olhos cansados
E que olhar para ti não me fizesse chorar porque a beleza não é suposto doer nem ferir nem magoar o coração de quem a ama
E que eu pudesse de facto olhar para ti de novo como se nunca tivesses ido embora
Tu, que foste o homem que conheci outrora
Tristeza não tem fim
Vivo triste porque morreram muitas pessoas que fizeram parte da minha vida e de que eu gostava muito, também houve algumas que optaram por ir embora da minha vida e não gostaram de mim como eu era. Eu amei-as tanto sempre e cada partida doeu muito e dói até hoje, uma tristeza enorme alojada no peito e uma agonia na barriga por ter perdido tanta gente. Sentir saudades, amá-las ainda, é muito triste para mim, dói demais, torna a vida tão horrível que só apetece morrer.
sexta-feira, maio 17, 2024
O Futuro distante
O ser humano, entre o instinto de sobrevivência e a tendência para a autodestruição, conseguiu chegar a um estado de tal frenesim narcisista que aniquilou tudo o que era bom e belo, no seu estado natural.
Como a sua história é cíclica em tantos aspectos, virá de novo o tempo em que o seu modo de vida ultra-moderno entrará em falência e regressão para o eterno retorno à natureza. Eu já não verei o tempo da despoluição verdadeira, do céu azul e do ar límpido.
Eu tenho saudades desse tempo que imaginei cedo, quando tinha uns oito anos. Saudades do futuro que não viverei.
quinta-feira, maio 16, 2024
TV
Perdão
Eu pedi-te perdão. Tu nunca me perdoaste. Eu fiquei todos os dias a massacrar-me por nos ter causado tanta dor e confusão, destruindo a possibilidade de continuarmos a amarmo-nos inocentemente como no início da que parecia uma amizade. Só queria que me perdoasses e não me detestasses, mas ninguém escolhe de quem sente irritação. Nunca quis que nos tratássemos tão mal. Para ti já não foi a primeira vez que algo assim se deu, mas para mim foi, jamais alguém me tinha feito ser assim tão prejudicial para alguém e para mim mesma.
Saber as causas não minimiza a dor que aconteceu, apenas permite entender e fazer as pazes com a falta de controlo sobre tudo o que se sucedeu.
A destruição que se deu em mim foi tanta que não restou mais nada.
A mulher que tu és e a mulher que eu sou hoje, não sei o quão maduras nos tornámos. Sei que não queremos nunca mais passar pelo mesmo e esse receio é afinal muito maior que qualquer amor que tivesse havido. Eu pensei que não havia amor maior e mais impossível de se extinguir. Eu sei que em mim continua guardado como sempre. Sei quanto te amei e por isso estraguei tudo. Eu precisava não só do teu perdão, mas que tu me amasses tanto que jamais me quisesses mesmo abandonar. Como isso nunca foi possível, não há nada a fazer. Fico eu, como sempre, desde sempre, a penar.
Querido amigo Renascido,
no outro dia, descobri algo muito importante sobre mim: ao contrário do que dizias há décadas sobre eu ter a mortalidade ao peito, o pássaro que trago no peito, mesmo quando engaiolado ou com as asas quebradas, murmura sempre uma esperança. É esse o meu voar. "E prédios podem ruir, o mundo pode se acabar, que só o amor é para sempre"
(também já não sou a mulher-pássaro. será que ainda gosto de homens com os lábios grossos e com as mãos finas?)
quarta-feira, maio 15, 2024
As cores do fogo
Talvez tu tenhas todas as cores do fogo, desde as mais claras às mais escuras. Talvez tu sejas as próprias cores com os seus tons humores. Eu já me perdi.
Houve um momento em que tanto te quis a ti, o teu eu dos teus tantos que era meu mas não os restantes. Depois, quis o todo teu, tudo o que eras e mais o que foste e ainda serias.
Amei-te como a lenha a chama e acabei incinerada na fogueira dos apetites.
Hoje sei que te amo com o mesmo carinho, imenso, que te tive quando te quis ver bem e a salvo. Sempre adorei as tuas cores. Eu também era assim quando ardi.
Quando fores dormir, chama-me, para dormirmos à lareira.
terça-feira, maio 14, 2024
Pertencimento (tlvz última vez q uso d novo este título aqui)
Nunca senti que pertencia completamente a nenhuma casa com alguma família, fosse de amigos, namorados ou mesmo minha família.
Penso agora que terá sido por ser sempre tão diferente de toda a gente, de alguma maneira, e assim nunca me senti completamente amada e aceite como era ao ponto de ficar muito tempo. Sim, não descarto que pela minha insegurança e falta de autoestima, por pensar que ninguém podia gostar completamente de mim como sou, começava sempre também a autosabotar-me. Houve uma vez ou outra, ou mais até, que senti claramente que era indesejada e por isso a minha pressa em ausentar-me. Essas vezes foram traumáticas e também deixaram ainda mais acréscimos às minhas paranóias. Ser julgada e recriminada, maltratada e invejada, é sempre muito difícil. Eu também julguei as pessoas, claro, mas foi essencialmente por viverem de modo bastante ofensivo para os meus valores básicos, como por serem snobes, racistas, elitistas, esbanjadores, desperdiçadores, ditadores, agressivos, etc. Enfim, não eram ambientes para mim. Mais cedo ou mais tarde, vinha sempre a descobrir isso nalgum episódio que já me deixava em estado de alerta/fuga. Fizeram sempre sentir-me uma estranha, nos dois sentidos da palavra. Bem, afinal, as pessoas são todas pessoas apenas, praticamente com os mesmos defeitos. Eu fui sempre como uma criança ou cachorro abandonados que não conseguiu sentir amor suficiente de ninguém para confiar plenamente.
Hoje em dia, que já sei tanta coisa sobre tudo o que se passou comigo e o porquê, podia ser a altura perfeita mas infelizmente não há ninguém confiável e eu não me posso dar ao luxo de só tentar.
Ser triste
Peço desculpa se a minha tristeza vos incomoda. É que eu nunca consegui ser alegre num mundo em que violam crianças e todos os dias matam-nas de várias formas. Tantas atrocidades humanas cometidas a todo o instante. Um mundo em que nem que me pagassem eu queria visitar, nem pelo suposto espectáculo de um pôr do sol, que na verdade só fica com cores lindas por causa da poluição que agora está em tudo e todos.
Acho que podia retorquir todas as frases feitas
"Não vale a pena chorar pelo leite derramado", mas eu por acaso bebo leite?
"Tristezas não pagam dívidas", mas eu por acaso tenho dívidas?
"A vida é assim mesmo", mas por acaso eu pedi vida?
domingo, maio 12, 2024
Aniversárius terribilis
Neste mês, R., faríamos 18 anos de namoro se tivéssemos conseguido. Como o tempo passou e eu fiquei suspensa. E se tivesse casado, H., conforme querias quando me conheceste, tão novos, faríamos 24 anos do nosso encontro.
Estamos todos velhos. E é tudo uma palhaçada. Não estou com mais conclusões, nunca estive mesmo, não sou de conclusões, afinal "a única conclusão é morrer".
Má água
Duvido
Depois destes 4 anos
Depois destes 4 anos, qualquer esperança no ser humano e na vida, que eu ainda tivesse, foram aniquiladas por tudo o que se sucedeu. A comprovação da incapacidade de haver verdadeiro amor entre as pessoas matou tudo para mim. As pessoas conseguem ser de tal forma nojentas, violentas e egoístas, que não há nem um pouquinho de humanidade que salve dessa barbárie toda. É verdadeiramente atroz tudo, inclusive o que é feito em nome das crenças e do dito instinto de sobrevivência, nessa génese narcisista não há uma só alminha que seja humilde e verdadeira.
sábado, maio 11, 2024
Pensamentos intrusivos
A insegurança física e emocional, o medo, aumentam exponencialmente a quantidade de pensamentos intrusivos, especialmente os catastróficos.
De novo, Maio
Maio é um dos piores meses para mim por causa das datas que eram para se comemorar antigamente. Pensar em quem perdi e no que não vivi, é sempre das últimas coisas que me apetece.
Será que nunca nada será salvo e corrigido?
Esta coisa de ser uma pessoa absolutamente só também faz com que não se queira voltar a tentar seja o que for com as pessoas. É muito menos cansativo e eu não tenho quase saúde nenhuma para gastar seja com o que for.
E Maio diz-se, entre muitas coisas, ser o mês de Maria.
(e Junho, nem quero pensar nisso ;((. )
Índigo
Juntamo-nos agora em todos os tons e brilhos, esta é a hora dos aflitos, gira as mãos, o torso, com o pés bem no chão, crianças que fomos, crianças que somos e que sempre serão. Gira tudo, gira mundo, gira peão. Torna tudo o que está em contramão, vira tudo o que está no chão, assenta tudo no ar e na mão.
(a lua é nova e o teu destino melhora)
Amor
Sou amor e mais nada. Mesmo quando tudo acaba. Mesmo quando toda a gente se vira contra mim. Depois, tempos mais tarde, após eu ter-me quebrado ainda mais, vêm de novo e pedindo desculpas. Eu desculpei sempre. Fizeram-me sempre mal depois também. Mas, hoje, eu aprendi a não sofrer mais tanto, porque toda a gente é assim.
sexta-feira, maio 10, 2024
Por amar-vos tanto
O que dói mais
destruíram-me quando eu já não era quase nada porque tinha dado tudo o que eu podia. e vou sofrendo como alguém condenado às pragas de tanta gente ao longo do tempo. as dores de uma flor de Lácio que alguém pisou e cujo amargor foi o que ficou na língua.
de todos os pecados, arrependo-me de dois em concreto. tu és o que dói mais.
Irmãos de alma
terça-feira, maio 07, 2024
Questionamentos
Talvez tenha ficado sem questões por responder. Porque parei de questionar tanto tudo, já que descobri que as coisas tendem todas a acontecer segundo algumas tendências e não há muito que se possa fazer para contrariar isso.
segunda-feira, maio 06, 2024
do Homem assassino
domingo, maio 05, 2024
Efemérides
Estado de (c)alma
Agora todas as fotografias têm uns tons meio azuis-esverdeados e como o encontro tímido e impetuoso - como nós fomos - da água doce quando se vai entranhar no mar salgado, também elas permanecem na mente com um élan quase leitoso. Mates. Com pontos de luminosidade que vibram. Corre mansa a aragem das imagens. Já nada é fugaz. Tudo ondula num balanço imperceptível ao olhar despido, mesmo com as suas arestas definidas. O Norte és tu, eu sou o Sul e a bússola aponta-nos no mesmo lugar do x marcado do tesouro no mapa. Eu já não sou pirata. Reformei-me nessa ilha na casinha que construímos. Não fomos ao Japão. Fizemos o Japão vir até nós. Espírito e vento e (c)alma
sábado, maio 04, 2024
quinta-feira, maio 02, 2024
Dissolução
quarta-feira, maio 01, 2024
Fotografia
A fotografia é uma falsidade que inventámos para fingir que não perdemos ninguém nem nada, nem um momento sequer.
Não precisar de ninguém
Certa vez, ficaste meio incrédula ao ouvir-me afirmar com tanta certeza que eu não preciso de ninguém. Imediatamente tentaste refutar com frases feitas como "ninguém é uma ilha", etc. Disseste-me categoricamente que não acreditavas e também que alguém pudesse ser feliz sozinho. Passaram-se muitos anos. Eu continuo sozinha e sem precisar de ninguém. Foi assim que eu fui tendo de ir seguindo e tentando sobreviver, por isso para mim é normal. Compreendo que para ti e para quase todos não seja. Que até vejam a minha perspectiva como sendo algo doente. Mas, para mim, revelou-se muito mais danoso e capaz de me adoecer, os maus tratos terríveis de supostas companhias.
A única coisa que eu precisava ao crescer era de apoio (incluindo o que qualquer criança devia ter direito) e não tive, a nenhum nível. Portanto, é apenas natural que eu me tenha tornado em alguém que não precisa de ninguém. Até porque quando precisei mesmo , as pessoas abandonaram-me para morrer. Se eu sobrevivo a cada madrugada de pesadelo, é apenas pela minha resistência e teimosia em um dia sentir que fui completamente feliz nem que seja por pouco tempo.
Alma fotográfica
em tudo o que fiz, esteve lá a minha alma escancarada, mesmo quando ma roubaram, a sua ausência era por demais notada, e até agora, que ela tem estado há muito quebrantada, cacos dela refletem raios dela, luminosos, ou espreitando nos contornos
a minha alma existe, afinal; só tem estado em repouso atormentada, tentando recuperar do mal. ela absorveu uns tons levemente esfumaçados, devias ver como ela parece um retrato feito em câmara escura
fui louco em renegar a sua existência, mas o retrato dela não engana.
Fim do Mundo
Talvez eu tenha mesmo esperado demasiado do fim do mundo, já que ainda não tinha visto o título do filme "Não esperes demasiado do fim do mundo" do Radu Jude.
Estive a tirar muitos autorretratos enquanto era o fim do mundo. É estranho vê-los agora.
Sempre houve profetas do apocalipse. O mundo humano sempre esteve mergulhado em profunda e entranhada violência. Tão desmesurada que a qualquer momento podia mesmo ser o fim do mundo, ultimamente, nos tempos modernos das bombas nucleares e ameaças atómicas.
Sim, é verdade que esperava que pelo menos defronte o fim escancarado, além da união temporária e desesperada, houvesse uma mudança efectiva nas consciências. A maioria continuou na mesma, ou até piorou. O carácter das pessoas vê-se nitidamente nessas alturas.
Eu vou continuando sempre a querer e a fazer por ser melhor do que eu era no dia anterior. Afinal, como é sabido, o fim do mundo para mim começou quando eu vim para este mundo.