domingo, agosto 11, 2024

Os mais amados meus

 Preciso que vivam. Não em função de mim, como eu vivi este tempo todo. Preciso que vocês vivam. Que arranjem alguém, que dancem, que saiam e se divirtam, que se entreguem aos prazeres e às maiores alegrias que podem ter. Mesmo que não se lembrem no dia a seguir. Mesmo que no fim de contas fique só um vazio. Mesmo que tudo pareça vão. Sei que é o meu acto mais egóico, pedir-vos isto, como se o estivessem a fazer também por mim, mas só queria saber-vos sempre bem, mesmo longe de mim. 

A vida nunca foi muito simpática comigo nestas coisas. Eu continuei à sua revelia. A fazer de conta que podia e a pagar um alto preço de cada vez pela minha teimosia. Por maior que seja o meu inferno diário, nunca desisti completamente, como dá para ver, ainda estou aqui. Faltou coragem para desistir. Faltou muito pouco. 

O nosso tempo é finito. O nosso amor, senti eu, era infinito. Que celebres essa infinda magnitude dele cada vez que olhares o céu, cada vez que experienciares o maravilhamento, seja porque viste uma estrela cadente, seja porque viste um flor bela. Assim, também eu estarei contigo aí um bocadinho presente.

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