Viram-se os homens mirar as papoilas da morte
Hipnotizados pelo seu vermelho como touros
Que se lançavam contra a ponta afiada da lança
E se esvaíam em gemidos desfalecidos...
Lembro-me de quando se perderam de si mesmos,
Quando a vida os jogou no fundo do precipício,
Quiseram anestesiar-se da realidade
Encheram as suas veias de drogas que eram lícitas
E elas se transformaram em rios de álcool
Enquanto todas as células dos seus corpos
eram substituídas
Passaram a ter a ilusão de que sem elas não sobreviveriam
E de tanto se tornarem nas suas drogas isto se tornou na verdade também para os seus corpos
Havia que morrer para se libertar mesmo que isso não libertasse da dor
Largar a necessidade da vertigem e do torpor
Mas a necessidade continua lá, ainda que nos tentemos distanciar
Imagino que só haja hipótese de terminar se for possível preencher a razão pela qual se teve necessidade
Quase sempre deve ser porque não se teve amor, validação, compreensão, presença, perdão, luto
Da maioria das vezes já é tarde e sempre difícil para se ter, a não ser de si
Mas a verdade é que vivemos em sociedade
e é isso que estraga os homens quando não os faz bem e bons
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