Andei a evitar isto. Mas os dias estão aí a relembrar implacavelmente os longos dias horríveis em que estavas em sofrimento no ano passado. Ao menos o meu outro tio que foi meses antes, foi subitamente e sem sofrer supostamentem Só agora consigo escrever sobre isto. As datas aproximam-se e eu tenho aquele terror de tudo o que aconteceu, a vir-me de mansinho entranhar-se. Toda aquela sucessão de mortes e de coisas más. Pensar que já passou um ano. Eu devia ter o meu luto processado mas ainda não está de todos, claro, oito pessoas em oito meses não dá para processar. Continuo exausta. Assumo que as pessoas morreram mas estão em paz, estão livres das agruras terrenas e podem descansar. Essa é a única maneira que dá para atenuar o horrível que é, especialmente nas mortes mais repentinas que nos deixam ainda sem mais chão. Estes dois últimos anos foram de um sofrimento hediondo, calado, magoado, destroçado. Saber que há gente que deseja a minha morte também não tem sido fácil nestes anos. Principalmente para eu também não querer morrer, como sempre. É, tem sido difícil. Tudo o que penso, volta e meia, é em como não pude despedir ou ver-vos de novo. Sei que isso vai acontecer com mais pessoas. Daqui a muitos anos, espero.
Abril. Maio. Primavera. Verde. Florida. Por favor. Tio. Meus tios. Eu sinto muito. Também tenho saudades vossas. Vamos dormir em paz. Eu tenho de te deixar ur, como com todo o mundo como já deixei. Adeus, meu tio, até um dia...
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