quarta-feira, julho 15, 2009

"A mulher e a rosa" ou "Não há 3ªs oportunidades"


Olhei para uma rosa, aproximei-me e, ponderando, colhi a que estava ao lado dela.
Não sei por que o fiz. Sei que não foi por ter olhado primeiro para a outra, nem pela beleza que tinha perante o meu olhar.
Mesmo após ter colhido a rosa, não cessei a minha fixação sobre a que não sacrifiquei.
Mais tarde, quando a entreguei, num gesto de redenção, à mulher que eu havia abandonado há mais de três anos, apercebi-me que a rosa que eu não colhi é que tinha sido sacrificada, pois estava condenada a morrer sozinha, enrodilhada em espinhos, dela própria e das outras, sem sentir o afago das mãos suaves daquela mulher. Pouco mais de dois meses se passaram até que eu voltasse a pensar na rosa que ficou para trás, a que havia cativado o meu olhar primeiro e que, lembrava-me eu agora, possuía uma beleza inesquecível.

Agora, era o tempo da separação, do último abandono. Lembrei-me da rosa que não colhi. Pensei em como parecia que, no meu íntimo, eu já sabia nessa altura que não a devia sacrificar em vão, que ela era demasiado bela para ser abandonada de novo.
De vez em quando, ainda me lembro dela e passo a olhar para o mesmo roseiral. À mulher, deixei de ver, porque só se pode desperdiçar uma segunda oportunidade uma vez.
E o amor que sinto por ela, tal como o seu cheiro e a beleza daquela rosa, é inesquecível.

Sem comentários: