quarta-feira, abril 28, 2010

Sem título (2)

Ela é uma miniatura de ti,
quando ela pensa e fala
aquilo que tu não dizes.
Igual a ti,
nos teus traços morenos e altivos
de uma nobreza genuína,
rara de se encontrar.

Tu és como os arco-íris que vejo
e me deslumbram
mesmo embora nunca chegue
a ver todas as suas cores,
a sua complexidade sempre me fascina.

Quando seguro a tua cabeça,
um ovo delicado 
na cova da palma da minha mão pousado,
chego a sentir o palpitar de um feto
que se une com a minha veia
que vai directo ao coração.
Aí, também ela é um só,
de novo, contigo,
nesse palpitar constante e seguro.

Tudo se encaixa, por momentos,
naquele palpitar
- o pulsar de todo o mundo se funde num só -
e o que resta é apenas Silêncio.

2 comentários:

Anónimo disse...

olá sónia, agora fiquei confundido. no inicio parecia que estavas a falar sobre um filho, teu ou do "Eu" litrario. mas o fim, deu-me uma sensação morbida e nao totalmente explicativa. quando poderes explica-me o que querias dizer? um beijo João

Sónia Costa Campos disse...

Olá, caríssimo João,
nestas coisas sempre é melhor deixar o leitor interpretar à sua maneira para realmente poder sentir algo ao ler o que foi escrito. E como sabes, às vezes escrevemos coisas que não sabemos bem o porquê, pelo menos a mim acontece; outras vezes escrevem-se coisas que devem permanecer no segredo dos deuses não? :)
De facto neste texto há variações do eu literário, daí inclusivamente a parte em itálico, mas não, não me refiro a nenhum filho, mas como em continuação do "sem título" anterior, move-se ainda sobre um par romântico, que é um só. A parte que te parece mórbida, será por causa do sentimento de medo da perda, da morte de um deles, etc.

Obrigada por continuares a ler tão atentamente.
beijinhos