Houve uma figueira no nosso caminho
Frondosa que só ela
Tínhamos de passar roçando o corpo na vedação
trepando o montinho de areia e a íngreme elevação,
e aí se abria o mundo novo, só para nós os dois
Consigo lembrar a calidez no limite
O zumzum das libélulas que se encaixavam
todo aquele ar árido das dunas vazias
pontilhadas de espécies de verde velho
Eu já não sinto a calidez na pele
Não oiço o zumzum das libélulas
Nem a impositora folhagem e ramagem
Daquela rebelde figueira selvagem
Hoje o cheiro que tenho no corpo é de eau de figuier
naquele dia da semana que desde nova me foi sagrado
e ele é mais vibrante e vivaz do que alguma vez
o daquela imponente figueira foi
e da qual só um resquício jaz.
sábado, fevereiro 20, 2021
O cheiro da figueira...
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