Pode haver quem tenha chão,
mas eu flutuo em marés de algodão
que são as nuvens onde um dia me deitei
e apenas fiquei a sonhar com impossíveis.
Quis oferecer-te o mundo e disse-to,
quis dar-te as minhas mãos mas não pude,
tomei-te como vida e alma e perdão,
amei-te como quem não tem chão.
Não sei porque canto o fado
que tanto me atormenta e me faz sofrer,
mas deve ser mesmo para expiá-lo
na esperança de um dia vê-lo desvanecer.
Este misto de pessoas, todas as mulheres que sou,
sem ser mulher alguma em particular
como todas as outras que o são,
parece-me que nunca poderá estar à altura
de ter hipótese como as outras, de que me enxergues
Porque não sou nada em concreto,
porque não sou nuvens, nem céu, nem tanto vida,
porque não tenho nada e não tenho sequer chão.
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