sexta-feira, agosto 20, 2021

Ainda custa respirar

 Às vezes olho o céu e só respiro
mas vens sempre tu ao pensamento
enquanto transpiro o latente medo
talvez o mais concreto seja
o de nunca mais me perdoares
o que nem fui eu que totalmente fiz.

Inspiro num ritmo veloz matutino
só para ir anoitecer embriagado
com o nariz meio entupido
e o ar gelado só me faz chorar
perdoa ter estragado algo
que é tão inominável quanto nós.

Ajeito o terno desalinhado
ando na rua tropeçando no asfalto
os pés culpados de tanta ausência
e aguentar toda a tua indiferença
só me faz sentir um pobre infeliz.

Não há fado, não há samba, nem chachado,
que me faça dançar a alma como contigo
porque todo o ar que foi respirado
tem nos teus pulmões o seu abrigo
e nos meus só existem vulcões.

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