sábado, agosto 21, 2021

Oculta

 Pintada em quadros
mas nunca ela mesma
e sempre alta no céu
a mulher oculta

Sou assim leve, diáfana,
não cheguei a me chamar Beatriz
como a minha tia-avó
mas tal como ela fico só

Não chegarei a ter um cão ou um gato
e ficarei aqui sem me mover muito
pois os meus braços chegam longe
de tão compridos que são

Aranhiço o desejo que fica em teias
invisíveis mas que brilham às vezes 
só para me lembrar do que perdi
ou mesmo deixei passar

É o riso que a boca abre e não se ouve,
os aplausos que as mãos fazem inaudíveis,
as vénias silenciosas e prostradas...

eu continuo oculta.

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