segunda-feira, outubro 11, 2021

Há dores tão profundas...

 Há dores que são tão profundas, que estão impregnadas em todos núcleos das nossas células e ainda mais, tomam conta do que é inefável, a alma. 
Não há canto, nem grito, que as retire de nós.
O silêncio é como uma suspensão, um afundamento em nós mesmos, afogados em areias movediças e sufocados, a cair eternamente no buraco que se abriu e não tem fim. 
Não é que a música não salve, mas quando não se consegue pôr cá para fora pois a dor é demasiadamente imensurável, então não há maneira de a expurgar. 

Essa dor maior, creio que vem por acumulação e quando há um evento terrível, daqueles inacreditáveis, começam todas as outras dores a vir-nos atropelar como lenços que um mágico puxa da manga ou da cartola, mas num cenário de inferno a preto e branco em totais tons contrastantes.

Deixar a dor doer até se cansar tanto quanto ela me exaurir. Até se tornar no mais fino pó de cinza e um vento voltar a soprar para a levar. 

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