Às vezes dou por mim a voltar a sentir remorsos
tanta culpa por causa de uma só pessoa
porque eu nunca tinha feito sofrer ninguém assim
jamais outrem teve essa capacidade em mim
de fazer-me desdobrar-me só para o que era necessário
por mais que fosse tão explosivo e detonador
de propósito para que as lições que tirámos depois
todas elas acontecessem por fim
mas também não sei para que fim
e se sim, se teve de facto finalidade efectiva.
Volto ao turbilhão do vórtex do tornado
e ele sova-me com os carros que leva das ruas
árvores arrancadas com seus ramos a chicotearem-me
e tijolos e telhas e toneladas de entulho
que o barulho quase ensurdecedor faz latejar na mente.
Outrora, lembro-me, escrevi que todos morremos culpados
que não há redenção possível
mas hoje em dia depois de tudo o que mudei e fiz acontecer
em mim e noutras pessoas terminando anos de culpa maior
quero crer que há pelo menos uma diminuição
e que será possível não ser revolvido o ressentimento
de vez em vez.
É, queria crer que o amor falava mais alto,
mas ninguém teve esse amor assim tão falante por mim
ainda que tentemos todos coexistir numa espécie de paz podre.
De qualquer forma, pelos vistos há mesmo coisas que não se resolvem,
que são assim mesmo resolvidas, que são como são e eu tenho de aceitar,
que ao contrário do que me diziam que um avô dizia,
não é só a morte que não tem solução.
segunda-feira, outubro 18, 2021
Será que algum dia o perdão acontece mesmo?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário