sexta-feira, outubro 28, 2022

Ode aos teus olhos

 Olhaste-me com olhos emocionados
Marejados e incrédulos
Olhos espantados
De menino-moço acabrunhado
Disfarçaste o olhar
Disseste "não" a ti mesmo
Mas o teu olhar tirou pedaço
E antes sempre foi farol
Que atraía o meu como insecto
Irradiado pela luz ofuscante
Dessas tuas órbitas gigantes
Que abraçam a intensidade das íris

Os teus olhos envergonhados
Os teus olhos preguiçosos
Os teus olhos ensonados
Os teus olhos diferentes
Os teus olhos a olhar em frente
Os teus olhos duvidosos
Os teus olhos renitentes
Os teus olhos esfomeados
Os teus olhos flamejantes 
Os teus olhos raivosos
Os teus olhos de rios nascentes
Os teus olhos de sóis poentes 

Os teus olhos que disseram:
"também"

Os meus que esperam os teus
Abismos 
Como mito homérico

Os teus que sorrindo ao ver os meus
Lamberam-me do rosto o rubor

Fechei os meus e esses teus, vi.

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