Olhaste-me com olhos emocionados
Marejados e incrédulos
Olhos espantados
De menino-moço acabrunhado
Disfarçaste o olhar
Disseste "não" a ti mesmo
Mas o teu olhar tirou pedaço
E antes sempre foi farol
Que atraía o meu como insecto
Irradiado pela luz ofuscante
Dessas tuas órbitas gigantes
Que abraçam a intensidade das íris
Os teus olhos envergonhados
Os teus olhos preguiçosos
Os teus olhos ensonados
Os teus olhos diferentes
Os teus olhos a olhar em frente
Os teus olhos duvidosos
Os teus olhos renitentes
Os teus olhos esfomeados
Os teus olhos flamejantes
Os teus olhos raivosos
Os teus olhos de rios nascentes
Os teus olhos de sóis poentes
Os teus olhos que disseram:
"também"
Os meus que esperam os teus
Abismos
Como mito homérico
Os teus que sorrindo ao ver os meus
Lamberam-me do rosto o rubor
Fechei os meus e esses teus, vi.
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