quinta-feira, abril 20, 2023

 Nas piores alturas da vida
A dor é tanta que nos dinamita o peito
E as cordas vocais não vibram mais
Como se tivéssemos uma pedra na garganta
A impedir-nos de gritar cá para fora
Tudo o que se foi acumulando em nódulos
Sob todas as superfícies de pele
Bloqueando a passagem do sangue
Estancamos, mas não
A ferida jorra hemorrágica
Empapando-nos as veias num lodo 
Como se de lamaçal fôssemos feitos
De um pântano em que nos tornamos
Onde sucumbem vagarosamente as nossas memórias
E últimas esperanças 
Tu estendeste-me um pau
Viste que confiei em ti
E segurei-o 
E depois largaste-o

Sem comentários: