quarta-feira, outubro 30, 2024

Coração

 Quando o nosso coração fica num sítio diferente do peito, é porque foi arrancado de lá. Não, ele não viajou para o estômago nem se deu, aquando da pequena morte, ir para cabeça - embora se pense isso de muitos homens -, nem sequer foi atravessar a cavidade torácica para fora, não, por mais que seja essa a imagem quando se fala de arrancar.

A verdade é que ele ficou noutra pessoa. Passou pela boca e foi deixar-se no outro. Como uma bactéria fulminante. Mas nem sempre no que toca ao receptor. Porque invariavelmente quem fica doente é quem era o seu original portador. O coração já não é da gente. E nós que vivemos com o coração deixado em alguém parecemos tuberculíticos, definhando em angústia e conformação. 

segunda-feira, outubro 28, 2024

Entendimento

 Não te preocupes, eu sei a m*rda que tu és. Eu também sou. Eu amo-te na mesma, porque sempre te amei, desde o princípio dos tempos em que nada tinha existência senão aquela nebulosa olho de gato. 

 - a ternura dos loucos é sôfrega

como se a efemeridade estivesse a borbulhar em todos os seus poros

e eles só pudessem se amar como se não houvesse amanhã 


e eu amo-os todos os dias

sem eles 

dentro de mim

até ao fim 


(sem fim ❤️)

domingo, outubro 27, 2024

Meu amor!

 Mal te oiço e sai um meio angustiado "ai, meu amor", porque ainda cantas o nosso secreto fervor e eu desatino no que é dor que dói e ardo no fogo que se faz ver. 

Sempre.

Eu tenho estado aqui num limbo, apenas poucos dias, e tu estás sempre, no ar que se infilra nas minhas narinas, esse cheiro de mar, ó meu amor, vem me encontrar.


terça-feira, outubro 22, 2024

Fundão

 O que importa e é profundo 
não é dito por palavras 
pois elas não chegam 
aos subconscientes
onde estão os sentimentos 
apenas os gestos e tons
as atitudes 
as emoções e dons
tocam o fundão da alma

segunda-feira, outubro 21, 2024

Querido,

 quanto lutei eu contra este sentimento, em vão e estupidamente. Um dia, deixarei de existir e aí sim, não te verei mais. "Queria tanto você aqui", mas não, queria era estar contigo onde quisesses estar, porque onde tu estás é também o meu lugar. 

Tenho saudades do que prometemos em surdina e telepaticamente. Lembras-te da gente?

Herança

 Não deixo a ninguém herança das minhas misérias;
Das noites sempre sem dormir a horas e dos dias a contar demoras,
Demorou para ter alegrias;
Nada me curou do fétido mundo. 

Sobrevivi tendo-me (es)forçado muito a cada dia, a cada minuto, a cada gesto,
Eu congelada funcionalmente 

Agarrada a ti, ao teu olhar 
longínquo sem me amar

Nunca houve outro assim.

domingo, outubro 20, 2024

Meu amor,

 Escreve-me uma carta a dizer sobre o quanto me amas e a detalhar as coisas que gostas em mim, e que me escutarias até ao fim dos dias; que a minha voz é a mais bonita e eu sou a pessoa da tua vida; que cada célula do teu corpo também sou eu e que tudo o que fazes de bonito tem-me a mim no pensamento. 

Escreve-me num papel com marca d'água e fecha o envelope com lacre vermelho da cor do coração. 

Escreve-me a dizer que estamos perdoados, pois não há o que perdoar, que me perdoas e me pedes perdão e que sempre teremos a nossa eterna paixão. Diz lá também que não há ninguém acima de mim nas tuas prioridades, pois eu sou a pessoa mais importante do mundo para ti. 

Escreve tudo em letras por extenso e não em maiúsculas como quando escreves as tuas letras e listas. Mesmo que fique em gatafunhos, eu vou entender tudo o que querias dizer nesta carta que te pedi. Diz que me vais escrever mais cartas com tudo o que passaste e sentiste (inclusive as tuas queixas, nomeadamente de mim também), para que eu saiba que nunca nos perdemos no automatismo do dia-a-dia e nas mudanças que vamos tendo em nós. 

PS: aquilo que te disse uma vez sobre as mulheres serem ardilosas, aprendi essa frase dita por um personagem a fazer de árabe numa novela vossa, quando era adolescente, e eu fui me apercebendo como as mulheres eram mesmo assim e eu nunca fui, porque acredito em ser completamente honesta e dizer o que sinto, para poupar sofrimento a todos. No entanto, causei-nos sofrimento na mesma. 

quarta-feira, outubro 16, 2024

 De mim ninguém faz farinha pois eu já estou moída 😝 (eu devolvo o desconforto seja a quem for, Quel bonita, não quero cá ficar com nódulos depois)

 quando estava destruída, todos fugiram; ainda bem, não voltem, eu fiquei só destruição e não preciso de testemunhas

O amor inevitável

 Volta e meia, vinha a questão de como é que eu te amo a ti que és igual a mim, não gostando eu de tanta coisa em mim e do que sou e do que não fui capaz de fazer por mim. Só agora entendi. Amar-me a mim, não é tanto assim nessas mil coisas, mas inevitavelmente tenho amor por mim, deve ser no caso como quando se tem por um familiar de quem não se gosta mormente da personalidade, etc., mas que sempre se amou enquanto tia, ou tio, ou o que sempre foi. Um amor inevitável, sem explicação, é e pronto, porque se for a responder a "porquês" não tem muito aspectos que se salvem. 

Ainda assim, tenho um certo fascínio por ti em vários detalhes teus, imagino que seja por ter sido tão apaixonada por ti e ainda gostar tanto desses pormenores que são muito teus. Amo-te tanto, meu amor. Mesmo que nunca tivesses acreditado que era um amor bonito e não doente. O meu maior desejo é que voltes a lembrar dos momentos que eu te pareci perfeita, ou não tão horrível quanto depois me fiz para me largares. Esta coisa de nos irritar o que mostramos e que na realidade nem somos muito, senão personas que surgem contaminadas mediante estímulos dos outros, como reacções automatizadas de defesas primitivas. Em essência somos iguais também, a mesma simples confusão. Dois de nós no mundo..., que chatice, né? Ao menos alguém beneficiou com isso.

terça-feira, outubro 15, 2024

o "sobre mim" q nunca atino lá

 🤷🏽, complexa, mas sei que tinha mania de justiça pra oprimidos e amar desgraçados como eu, porque são os que mais precisam.

segunda-feira, outubro 14, 2024

 cabeça em água e coração em cinzas 💔🖤 

Afinal, o que eu queria

 Afinal, o que eu queria, era que me tivesses dito que me amavas mais do que a vida, como eu te amo.

Bobóra

Se me roubares uma bobóra neste Outono e me pedires em casamento, eu caso contigo. 

(será q t lembras? ou só me detestas e querias q eu tivesse morrido? - ainda não passo de gata borralheira)

domingo, outubro 13, 2024

Como?

 Como é que se enterram amores que não morreram e que, às vezes, pelo contrário, parece que acabaram de nascer, relembrando-nos do que é mesmo sentir-se vivo em explosão de sentimentos em festa?

Renascem com pujança, coloridos, quase com um toque de carnaval e fanfarras, trompetas soando no Olimpo a anunciar o reacender da chama no peito. 

Enterros impossíveis, os de quem não morreu; querer matá-los à força, alguma vez resultou?

Lembro-me de quando o detestei sem nunca deixar de o amar. Lembro quando me irritei, mas foi também por amá-lo. Ao outro, nunca cheguei a ter esta troca de sentimentos nem tão imensamente intensa. Só um carinho muito grande nesse amor. A paixão pelo outro é que me fez entrar também em desatino e ultra-defesa, afinal eu sou quem a fugir tem mais destreza. Nunca ninguém conseguiu prender-me totalmente, acabando eu por perceber que tive na vida uma meia dúzia de propostas de casamento de pessoas a quem dei sempre para trás. Porque é que eu não fui nascer uma pessoa simples e fácil de se decidir, é uma chatice mesmo e assim nunca saberei como teria sido. Partindo do princípio que nesse caso eu conseguiria estar numa relação e ultrapassar a fase de quando parece que o amor acaba, ou a paixão, ou as duas coisas, e aí lembrar que haveria hipótese de continuar e reacender tudo com a mesma pessoa, sem ser num estado perpétuo de relação tóxica, mas realmente tendo alguém como verdadeiro parceiro, completamente honesto, decente e leal... e não, não seria este caso em que seria adepta de assumir uma espécie de pan-sexualidade e não-monogâmica..., pois já deu para constatar que paixão envolve posse mesmo e daí ciúme, nem tanto pela insegurança, ..  eu, hoje em dia, tenho um profundo nojo de gente traidora e não somente pela questão das DST, tipo no velório do personagem Charlie dos Two and Half Men, o desfecho foi bem louco. 

Bem, isto já está a alongar-se demais e como a única pessoa que eu amo e com quem havia de me casar não existe senão na minha cabeça (como ele próprio me disse quando me rejeitou), também não vale a pena ter escrito mais um texto vão sobre o amor que deu sempre confusão.

 Provavelmente, nunca irei sentir que te mereço.

sábado, outubro 12, 2024

Ainda rogo que o teu nome saia de mim

 Queria que estivesse dentro de ti
Como tu estás sempre dentro de mim
Psicopatias dirias
Mas se nos irritámos
Foi só por sermos iguais em muito 
Do que não gostamos em nós 
Não te amei como as outras pessoas 
Só me fui fazendo de apaixonada
Até cair nessas amarras
Pois quem eu amei em ti
Começou por ser aquela criança 
Que eu tanto te disse 
A nossa essência bonita e risonha
E rebelde e revoltosa
Tu que cheiraste a chuva
E eu que dei a minha chucha 
Como somos nós 
Não sei
Nunca soube nada de nada
Mas só isso senti
Só nós numa certeza absoluta 
O resto não importa nada

Diz-me: ainda as somos?

sexta-feira, outubro 11, 2024

 Se algum dia te aperceberes de que nunca poderás amar alguém tanto quanto me amaste, vem ter comigo, está tudo bem, está tudo certo.


(dps de Ariane, Love in the Afternoon)

quarta-feira, outubro 09, 2024

Anjo

 Quando eu morrer serei um anjo, daqueles que voa e vem cá abaixo só de vez em quando. Um anjo de asas brancas como nas ilustrações. Afinal, eu sempre quis voar, não é verdade? E também houve quem me chamasse de anjo cá na Terra, mesmo quando eu não me sentia muito angelical.

Finalmente

 Finalmente, acho que já sei o que sempre procurei mesmo: alguém que ao me encontrar pela primeira vez não me visse como uma desconhecida, como alguém superior ou inferior ou indiferente; e que me reconhecesse, como se eu não fosse alguém externa a ela, diferente do que ela é; e que me amasse como eu sou; além dessa pessoa ser uma pessoa sempre atenta, bondosa, generosa, honesta, decente e leal.

Tempo

 Quem inventou o batimento do relógio?
A medição atómica do tempo
só serve à teoria do Einstein 
em que dois eventos não ocorrem
no mesmo tempo 
porque não têm a mesma velocidade 
e divergem sempre em nanossegundos 
independentemente da pulsação 
ser a mesma 

Tu e ele foram a minha divergência 
na hora do amor
em que ele veio e tu pairas eterno
como só existes tu que és tudo
e sempre serás como célula
no meu tecido de ADn

Mas o que acontecerá 
quando os nanossegundos todos
que sobram ao longo do tempo 
se acumularem no virar 
da hora definitiva?


(onde não há gravidade o tempo pára e eu e tu ficamos suspensos no buraco negro do nosso amor)

terça-feira, outubro 08, 2024

Persona

  É possível que eu não tenha conhecido alguém tão genuíno e tão falso ao mesmo tempo, quanto tu. O teu ar de espontâneo espanto, meio embasbacado, meio aturdido, o teu riso arreganhado sempre jocoso, alternando em silêncio e gargalhada sonora - convulsões corpóreas. 

Essa mistura desesperada muda de cinismo, sarcasmo e um misto de resignação, que só tem explosão em ocasional ocasião.

E lavas o sexo e quando te olhas ao espelho não te demoras, senão a treinar poses e pequenos gestos: lábios, olhos, mãos, cabelo. És um arquitecto de emoções. 

Planifica-as como se fosse um maestro a dirigir cada secção de instrumentos. 

Hoje em dia, tal como naquele ano de 2014 em que tomavas comprimidos, a depressão não te permite muito. Foste um homem que matou e matou-se a seguir. Tens covas nos olhos e dedos e contorno do rosto mais grossos, como incha a negação. A minha frustração, em vez, deve ser como a raiva que corrói o fígado e o estômago, seca tudo. 

A tua falta de profissão e a minha não nos tornaram vagabundos. Somos errados, nada errantes, atrofiados em nós mesmos nas masmorras de quem nos deu vida.

segunda-feira, outubro 07, 2024

 Um fiapo de lua e uns raios de sol não chegaram para me manter viva. 

A minha morte

 Pela primeira vez penso em morrer e não me dá tristeza alguma. Parece que cheguei a um ponto, que não esperava chegar, de não só não me importar em morrer e querê-lo desde criança, como já não haver qualquer coisa que me dê qualquer rasgo de esperança ou de motivo para que deva continuar a sofrer de forma ilimitada todos os dias da minha vida sem nada de bom para suplantar a dor. 

Desta vez, a racionalidade e claridade são tantas que até poderiam me assustar. Não é como de todas as outras vezes em que era apenas fruto de um desespero cortante. Penso na Dai e no Gabs e como lhes queria dizer mais uma vez que os amo, mas já disse tantas vezes e, na verdade, entendo conjuntamente a isso que nada do que eu disse seja a quem for importou ou importará. Eu não existo para as pessoas (principalmente não para quem eu poderia querer mais do que tudo, o "meu mar"), ninguém sente de tal forma a minha falta que eu de facto vá fazer falta, por isso é que é bom e foi bom o que fiz. 

Eu era leve como o vento e ele soprava e me levava. Eu espero que me leve para bem longe e eu nunca mais volte. 


Saudades

 Como é que sei que realmente gosto muito das pessoas (e também não tanto de outras)? Depois de estar com elas acabo por ficar com saudades e relembrar certas coisas. 

O amor da minha vida

 Se eu sei quem é o amor da minha vida, por que raio é que havia de me pôr a andar com outros? 

Mesmo que eu nunca o tenha, não faz sentido nem quero estar com mais ninguém que não ele. 

Depois de tudo o que passei e tudo o que já sei, até pus à prova, mas não dá para ignorar que só é ele, sempre foi ele. Digam o que disserem, eu não quero mais estar com outra pessoa se não for ele.

Eu sou verdadeira ao que sinto. E eu sinto muito.

Eu estou pronta, finalmente

 A única razão que eu poderia ter para continuar viva, depois de tanto sofrimento, era estar nos teus braços, mas tu não existes, não me quiseste, não gostaste de mim e nunca hás-de querer estar comigo. 

Eu estou exausta há décadas. Não quero mais nada disto diariamente este inferno de viver com nojo e raiva e frustração de estar no sítio errado. De não ter tido direito a ser feliz de verdade, a fazer o que eu queria, a ir onde eu queria. 

Eu esperei por nós tanto, que a minha esperança foi a última a morrer, um pouco antes de mim. 

domingo, outubro 06, 2024

 [qd era criança e dançava marrabenta, infelizmente já sabia q esta vida só m'arrebenta 😅😵🤷🏽]

 Nada se compara ao que eu sinto por ti

Nem ninguém 

Só existes tu acima de tudo e todos 

Para mim 

Algo me diz que foi sempre assim

Inunda

 Vivo em vertigem 

Quase parada

Mas inebriada

Pela vida

Que ora me inunda

De Beleza 

Ora me inunda

Pela pobreza

Ora me abalroa os sentidos

Ora me revolve os intestinos 

Ora me alerta os instintos 

Ora me desafia fatal

Ora me enobrece e altiva

Me põe doente

Com Síndrome de Stendhal 

O que fazer à vida?

 "Desculpa, carai" e "volta quando puderes". 

sexta-feira, outubro 04, 2024

Entre nós

 Entre nós, há só sombra, mágoa e dor e ressentimento, 

há saudade de um tempo 

que não existiu nem volta mais 

há febre e tormento 

uma tortura de redemoinho 
como um furacão 
que devastador arrasou

há vitória 

de estarmos sozinhos a glória 

que no fundo 

não bate a memória 

do tempo em que éramos iguais

sempre fomos

totais

Amar-te perdidamente

 Amar-te perdidamente 
como um vasilhame de tara perdida 

é, acho que foi isso que aconteceu 

quinta-feira, outubro 03, 2024

quarta-feira, outubro 02, 2024

Vidas

 Todos os dias 
vivo dezenas de vidas
muitas em correrias
porque consigo ver
mais velozmente 
e assim ser
tão maravilhosamente 
mundos e fundos
numa só mulher

terça-feira, outubro 01, 2024

 Enquanto lutamos, esquece-se o amor
fica escondido, soterrado pela dor
mas não deixa de existir 
porque senão não lutávamos
não brigávamos um com o outro 
é só mesmo como dizem
que toda a dor é amor fora do lugar