terça-feira, março 18, 2025

a culpa mata, como o Hélder sentia

 eu nunca pensei que algo assim me pudesse acontecer. tudo estragado num vôo kamikaze por ser autoimune. nunca mais. tenho estado à espera de que o sofrimento acabe, mas imagino que o facto de eu ainda não ter morrido se deva a pagar penitência nesta Terra. os mortos escapam do fogo infernal diário que só a humanidade nos pode infligir aqui. e não há redenção possível, embora eu já tenha perdoado o impossível. para mim não há, por isso não há cura, assim como não há amor. foi uma ilusão colectiva que se instalou em mim e me fez crer que eu ainda tinha algo de bom para viver. eu vivi enquanto deu e será eterno até ao fim. 

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