Dá-me o meu sangue de volta!
Já não há os contos perenes da Rosa
nem os risos infantes do Viegas,
já não há as cantigas resistentes do Zeca
e dos dizeres do Ary,
nem a calmia da guitarra do Paredes.
Dá-me o meu sangue de volta,
dá-me o ar, a respiração:
já não há a intrincada pintura da Vieira da Silva
nem os poemas crus e mansos do Cesariny.
Dá-me de novo o meu peito,
o lugar onde batia o meu coração,
pois já não há da Florbela a sofreguidão,
nem os delírios filosóficos de Pessoa.
Traz-me de volta o meu sangue,
o seu pulsar, a sua cor,
as vísceras do meu ser.
Chupa Godinho, Palma e Branco,
e transfusa Pimenta e Herberto,
pois já não há a dor de Al Berto,
mas ainda há o pranto do hugo-mãe.
Dá-me o meu sangue de volta,
dá-me o meu sangue de volta...
neste meu breve amanhecer.
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