Aqui jaz Portugal
cuja data de nascimento
e data de morte
não têm precisão tal
que haja discernimento
capaz de lhe ler a sorte.
Da fibra que teve
apenas reza que foi por necessidade
sem grande interesse no bem comum
à medida que a gente ferve
por causa da riqueza e da vaidade
de todos e mais algum.
Alimentação farta se concedeu
enquanto outros se contentavam
com bifanas, cervejas e tremoços
Sugaram-lhe o tutano no apogeu,
lambuzando os dedos olhavam
enquanto ficavam apenas os ossos.
Oh burocracia entrevada,
que nem numa cadeira de rodas é empurrada!
Dizimaram a Flora em prol do alcatrão,
não vêem que não chegam a lado nenhum
sempre só a cultivar o betão;
dizimam-se futuras colheitas
cimentando o pão às pessoas
que se vêem obrigadas
a abandonar a agropecuária
que nos séculos anteriores
tiveram no coração.
Não há lugar a elegias
ao moribundo país,
que acabou com as alegrias
de um povo que não lhe traz flores à campa.
Portugal, Portugal, que nas tuas próprias terras jogaste sal!
sexta-feira, outubro 19, 2012
domingo, outubro 14, 2012
Casino
Luzes langorosas
contrastam com o frenesim das salas
O piso alcatifado não ampara
os golpes de quem sucumbe ao vício
Hoje já não se vê o primor do vestuário,
circulam ténis néon apressados
à mesma velocidade de sapatos de verniz.
Há um misto de desespero, vergonha e ambição no ar:
uma expectativa diferente de quem quer ganhar.
E no meio de tudo um casal de idosos apaixonado
conta anos de casados na máquina da sorte.
O mundo gira tão veloz quanto a roleta
e o resultado para a maioria é sempre a perder,
à medida que o dinheiro muda de mãos
como numa prova de estafetas a correr.
contrastam com o frenesim das salas
O piso alcatifado não ampara
os golpes de quem sucumbe ao vício
Hoje já não se vê o primor do vestuário,
circulam ténis néon apressados
à mesma velocidade de sapatos de verniz.
Há um misto de desespero, vergonha e ambição no ar:
uma expectativa diferente de quem quer ganhar.
E no meio de tudo um casal de idosos apaixonado
conta anos de casados na máquina da sorte.
O mundo gira tão veloz quanto a roleta
e o resultado para a maioria é sempre a perder,
à medida que o dinheiro muda de mãos
como numa prova de estafetas a correr.
quarta-feira, outubro 10, 2012
Lambendo as tuas lágrimas de veludo azul
provo a Tristeza
e fico a conhecer o sabor da tua dor.
Eu estou aqui à tua espera
de braços abertos
vazios
como a terra que anseia pela água
que a faz ganhar vida.
Meu Amor. Meu Amado.
De quem eu sou amadora.
De quem eu sou amante.
Vem para mim
na cálida brisa
que faz ondular o meu cabelo
como se fosse um teu afago.
E faz de mim tua para sempre
ao baptizar-me com a luz que emana do teu coração.
Assim é o nosso Amor.
provo a Tristeza
e fico a conhecer o sabor da tua dor.
Eu estou aqui à tua espera
de braços abertos
vazios
como a terra que anseia pela água
que a faz ganhar vida.
Meu Amor. Meu Amado.
De quem eu sou amadora.
De quem eu sou amante.
Vem para mim
na cálida brisa
que faz ondular o meu cabelo
como se fosse um teu afago.
E faz de mim tua para sempre
ao baptizar-me com a luz que emana do teu coração.
Assim é o nosso Amor.
domingo, outubro 07, 2012
Mandamentos: "Não ser como ela"
- Não subjugar
- Não agredir
- Não mentir, enganar, ludibriar
- Não explorar e usar
- Não descarregar
- Não queixar
- Não se auto-vangloriar
- Não trair
- Não se auto-vitimizar
- Não magoar
- Não enervar
- Não esperar
- Não frustrar
- Não pisar
- Não impedir
- Não julgar
- Não criticar
- Não gritar
terça-feira, outubro 02, 2012
Para a Fernanda*
Um coração de oiro que irradia luz,
num corpo de deusa grega,
queimado ao sol mediterrânico,
tem esta mulher que nos seduz
e nos deslumbra mal chega,
acalmando todo o pânico.
Doce bálsamo, Fernanda, produz
ao nos presentear com a sua amizade.
Vejo a sua classe e a bondade
e aspiro ser como ela,
chegar aos calcanhares dela.
Sei que essa altivez é nobre
e está nos nossos corações
mesmo quando se encobre
momentaneamente de ilusões.
Porque sonhamos com a ilha dos prazeres
longe daqui e da gaiola
que nos aprisiona com dizeres
de quem nem sequer foi à escola.
E finalmente empilhamos essa espera
como jornais que acumulam pó,
mas avistam dias melhores
pois com Fernanda sinto-me menos só.
* À minha querida Fernanda, agradeço a amizade e o carinho. Obrigada por ser quem é e a única amiga que liga para saber de mim :)
num corpo de deusa grega,
queimado ao sol mediterrânico,
tem esta mulher que nos seduz
e nos deslumbra mal chega,
acalmando todo o pânico.
Doce bálsamo, Fernanda, produz
ao nos presentear com a sua amizade.
Vejo a sua classe e a bondade
e aspiro ser como ela,
chegar aos calcanhares dela.
Sei que essa altivez é nobre
e está nos nossos corações
mesmo quando se encobre
momentaneamente de ilusões.
Porque sonhamos com a ilha dos prazeres
longe daqui e da gaiola
que nos aprisiona com dizeres
de quem nem sequer foi à escola.
E finalmente empilhamos essa espera
como jornais que acumulam pó,
mas avistam dias melhores
pois com Fernanda sinto-me menos só.
* À minha querida Fernanda, agradeço a amizade e o carinho. Obrigada por ser quem é e a única amiga que liga para saber de mim :)
segunda-feira, outubro 01, 2012
E tudo desfalece
Tudo ficou de um azul-cinza claro
e na minha boca um travo amargo,
é o final de mais um dia no mundo
e a paisagem pontilhada de focos-laranja
anuncia o sentimento outonal do vento calmo.
Retalhei os fios de cabelo que choram à despedida
desfiam-se pelo chão durante estas semanas
porque estão cansados mas ainda anseiam renovação.
O renascimento que não vem,
o renascimento difícil,
a vida em pausa antes de um último esforço.
As andorinhas inexistentes e as cigarras caladas,
os ramos que estáticos murmuram algo ao vento
e eu não vejo qualquer esperança para o sol,
já não lhe vejo o alento.
Amanhã tudo estará igual em lento esmorecer
e depois disso também, um dia de vida
a equivaler um dia de morte,
como em todos os dias que ninguém vê.
Os focos-laranja artificiais parecem-me agora
de beleza extraordinária, como a dos pôr-de sóis
que vi outrora, com raios de luz mágica e moribunda,
mas que deixavam nos nossos corpos a sensação
de que renasceriam quais fénix, dia-após-dia,
para um espectáculo dissonante.
e na minha boca um travo amargo,
é o final de mais um dia no mundo
e a paisagem pontilhada de focos-laranja
anuncia o sentimento outonal do vento calmo.
Retalhei os fios de cabelo que choram à despedida
desfiam-se pelo chão durante estas semanas
porque estão cansados mas ainda anseiam renovação.
O renascimento que não vem,
o renascimento difícil,
a vida em pausa antes de um último esforço.
As andorinhas inexistentes e as cigarras caladas,
os ramos que estáticos murmuram algo ao vento
e eu não vejo qualquer esperança para o sol,
já não lhe vejo o alento.
Amanhã tudo estará igual em lento esmorecer
e depois disso também, um dia de vida
a equivaler um dia de morte,
como em todos os dias que ninguém vê.
Os focos-laranja artificiais parecem-me agora
de beleza extraordinária, como a dos pôr-de sóis
que vi outrora, com raios de luz mágica e moribunda,
mas que deixavam nos nossos corpos a sensação
de que renasceriam quais fénix, dia-após-dia,
para um espectáculo dissonante.
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