Morro e ninguém ouve...
chega a ser engraçado
como ninguém vê que estou a morrer;
queria mandar a cabeça para trás
e apenas nada mais ver senão estrelas
e punhados de pó de estrelas de prata
como se se tratasse de toda a Via-Láctea.
É doloroso ver gargalhadas e cheirar alegrias
que não passam de ignorância...
e dizê-lo também dói, fere e custa:
é a verdade que é bruta e carniceira,
que arranca esperanças e lembranças
outrora cheias de raios diamantíferos
do mesmo sol em volta do qual voámos,
e agora, agora já não há nada perfeito,
não há nada eterno nesta crueza mortal
que é a vida da qual a morte faz parte.
E pensar poder dizê-lo...?
Rasgando o rosto em chamas que cortam
lágrimas que desenhei num drama antigo
e que agora passam a protagonistas
no mais intenso e mórbido cenário.
Não, não há trovão que ruge assim
e se há, nunca foi nem será o meu decerto,
porque não sou Neptuno mas sim...
Estrela-do-Mar que se abriga frágil
no leito divino e paterno do oceano
e só ao mar obedeço e sou fiel,
porque é só ele que sabe quem sou,
quem possuo e quem me possui
do início e até a este fim que chega perto
e avança com uma rapidez peremptória.
E todas as histórias têm fim
nem que seja por não terem continuidade.
Esta minha história não tem um sonho,
só a realidade que a faz terminar
e que é o que não me deixa começar.
Escrito a 31-10-97 (txt original discorrido em verso mas sem parágrafos de estrofes)
sexta-feira, dezembro 28, 2012
sexta-feira, dezembro 21, 2012
Sonho e Maresia
Penso que qualquer pessoa se podia habituar a sol e mar,
à vida boa que é não ter de sofrer, não ter de lutar.
Um sol que não queima e um mar que não se revolta,
perfeição e calmia, sempre crepúsculo e luar
ao doce som da maresia.
É, acho que eu me podia habituar.
à vida boa que é não ter de sofrer, não ter de lutar.
Um sol que não queima e um mar que não se revolta,
perfeição e calmia, sempre crepúsculo e luar
ao doce som da maresia.
É, acho que eu me podia habituar.
quarta-feira, dezembro 19, 2012
Conexão Humana
Todos procuram
conectar-se a outrem
nas ruas, nos transportes,
nas redes físicas e virtuais
e as multidões de comensais.
Pois, eu digo que se beba o vinho
e que comece o desatino!
Mercados de gente,
mercados de natal
mercados de viagens
mercados de hospitais.
Não te ligas a ninguém
pensas que não sais magoado
mas a solidão não é só um achado
pois pode corroer-te mais além.
Teias com microchips nas intersecções,
assim é a rede humana de relações
em que se assiste à dizimação dos valores
e ao crescendo dos preços
Não temos deus, não temos crença,
mas também não temos razão
nem a tradição da benevolência.
conectar-se a outrem
nas ruas, nos transportes,
nas redes físicas e virtuais
e as multidões de comensais.
Pois, eu digo que se beba o vinho
e que comece o desatino!
Mercados de gente,
mercados de natal
mercados de viagens
mercados de hospitais.
Não te ligas a ninguém
pensas que não sais magoado
mas a solidão não é só um achado
pois pode corroer-te mais além.
Teias com microchips nas intersecções,
assim é a rede humana de relações
em que se assiste à dizimação dos valores
e ao crescendo dos preços
Não temos deus, não temos crença,
mas também não temos razão
nem a tradição da benevolência.
domingo, dezembro 16, 2012
Escrevo-te com o sangue diluído em lágrimas
a partir do tinteiro do meu coração
e com a pena do corvo negro
que um dia foi apenas azul.
E escrevo-te porque sempre foste tu
e porque nunca soube onde estavas
e no entanto continuei a escrever-te
no papel translúcido e pardo
para um endereço sem morada.
Não consigo precisar
se foi a falar contigo em pensamento
ou se foi a escrever
que cedo perpetuei o hábito
de ninguém me responder.
Porque a solidão é a minha maior companhia
e, como dizem, não me dou com pessoas
nem tão pouco com animais.
E a minha vida sempre foi torta
como a escoliose que me oscila
um centímetro e meio para o lado errado
em meia dúzia de vértebras insustentadas.
Escrevo-te sobre coisa nenhuma
e como sempre foi apenas fruto do ar
que o vento levou e não esqueceu
deixando a sua marca febril
nas minhas veias marcada.
a partir do tinteiro do meu coração
e com a pena do corvo negro
que um dia foi apenas azul.
E escrevo-te porque sempre foste tu
e porque nunca soube onde estavas
e no entanto continuei a escrever-te
no papel translúcido e pardo
para um endereço sem morada.
Não consigo precisar
se foi a falar contigo em pensamento
ou se foi a escrever
que cedo perpetuei o hábito
de ninguém me responder.
Porque a solidão é a minha maior companhia
e, como dizem, não me dou com pessoas
nem tão pouco com animais.
E a minha vida sempre foi torta
como a escoliose que me oscila
um centímetro e meio para o lado errado
em meia dúzia de vértebras insustentadas.
Escrevo-te sobre coisa nenhuma
e como sempre foi apenas fruto do ar
que o vento levou e não esqueceu
deixando a sua marca febril
nas minhas veias marcada.
segunda-feira, dezembro 10, 2012
Como sabemos que ele é o "tal"?
Depois de crescermos e nos definirmos minimamente, ou seja, identificarmos características e valores que nos definem, nomeadamente o que queremos e o que não queremos, podemos enquanto seres humanos conectarmos com os outros mais plenamente.
Após algumas experiências de termos estado em relacionamentos amorosos, podemos ver o que gostamos e o que não gostamos nessas pessoas e saberemos qual o conjunto de boas características a reconhecer no "tal".
Quando encontramos a pessoa certa, sabemos, porque ela apresenta as qualidades que sempre quisemos que a pessoa que ficasse connosco tivesse.
Escolhemos amá-la mesmo que tenha defeitos, pois as suas qualidades são tudo o que sempre quisemos encontrar numa só pessoa e os seus defeitos são mínimos e também minimizados pelas qualidades que talvez sejam difíceis de encontrar numa só pessoa.
Não nos devemos habituar, ou conformar com as pessoas, mas antes darmo-nos ao pleno exercício do direito de termos do nosso lado a pessoa que nos completa e que reúne todas as boas características que as anteriores não tiveram em conjunto em cada uma de si mesmas.
A vida é só uma, não há hipótese de voltar atrás para se corrigir, por isso o Amor que é ingrediente principal para a felicidade deve ser bem pensado, testado, aprovado e comprovado, e não apenas sentido, para que seja dos melhores que pode ser.
(acabei de ler agora a 1 de Julho de 2024 e pensei: xi, que científico lolollolll q palhaçada, não há "tal" nenhum, senão eventualmente o que se esforçar por ser sempre 🤦🏾🤷🏾)
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