Conheço o começo que cometo: luz, maresia e poesia.
Retrato o que reparo no relato: rosto, cabelo e fantasia.
Qualquer dia acabo o desenho que iniciei.
quarta-feira, dezembro 28, 2016
segunda-feira, dezembro 12, 2016
in construction
Estou completamente destruído e, com estes simultâneos e constantes vazio e peso alojados no peito, sinto que arrancaram tudo de mim brutalmente, como se uma retroescavadora me atacasse, unhando-me da boca aos joelhos. E viesse ainda um bulldozer com um cilindro demolidor e me chutasse para acabar no chão onde o rolo compressor me esmaga os restantes ossos e me funde com a podridão do alcatrão morno.
sábado, dezembro 03, 2016
O SPA da Mente
Na solitude da mente conseguia espraiar-me e pôr Chopin a tocar - os Nocturnos, claro - e acendia uma vela, sim, pode ser uma "The Greatest Candle in the World" de cassis ou de figo...
sexta-feira, dezembro 02, 2016
"Os poetas não morrem"
"Os poetas não morrem", oiço alguém dizer com veemência. Mas não o exclamou, não. A mim só me ocorreu que os poetas morrem aos poucos, a uma velocidade tão lenta que ninguém dá por ela. E quando dão, já é tarde demais.
quarta-feira, novembro 30, 2016
quinta-feira, novembro 10, 2016
As cinzas do corpo dela estão na ampulheta do Tempo
e toda a violência injustificada dos prevaricadores
que mentem, traem, manipulam e chantageiam,
apressam a erosão das areias que jazem na Terra.
A vida, já a máquina orquestrou e tudo aconteceu:
o passado e o futuro que vêm em ondas
embater contra o corpo febril que é assombrado
pelas ruas do seu cérebro labirinto.
Ela corre, tenta fugir desse minotauro de seiva
que escorre feroz pelas aderências
com a força da hiperadrenalina a perfurar,
mas vê as explosões a ocorrerem.
O fim está sempre muito próximo,
sempre a espreitar a qualquer canto
e tudo o que existe é simplesmente nada,
como no princípio e no fim.
e toda a violência injustificada dos prevaricadores
que mentem, traem, manipulam e chantageiam,
apressam a erosão das areias que jazem na Terra.
A vida, já a máquina orquestrou e tudo aconteceu:
o passado e o futuro que vêm em ondas
embater contra o corpo febril que é assombrado
pelas ruas do seu cérebro labirinto.
Ela corre, tenta fugir desse minotauro de seiva
que escorre feroz pelas aderências
com a força da hiperadrenalina a perfurar,
mas vê as explosões a ocorrerem.
O fim está sempre muito próximo,
sempre a espreitar a qualquer canto
e tudo o que existe é simplesmente nada,
como no princípio e no fim.
quarta-feira, novembro 09, 2016
Os verdadeiros poetas
O verdadeiro poeta nunca se consegue esconder nas suas palavras
Elas são as veias dos seus braços
Os cabelos da sua cabeça
Os dedos das suas mãos
E cada órgão que pulsa dentro do seu corpo.
O verdadeiro poeta está sempre em construção
Dentro do ventre, ainda na gestação,
Até o doloroso parto que nunca ocorre.
O verdadeiro poeta nunca és tu.
Elas são as veias dos seus braços
Os cabelos da sua cabeça
Os dedos das suas mãos
E cada órgão que pulsa dentro do seu corpo.
O verdadeiro poeta está sempre em construção
Dentro do ventre, ainda na gestação,
Até o doloroso parto que nunca ocorre.
O verdadeiro poeta nunca és tu.
quinta-feira, novembro 03, 2016
segunda-feira, outubro 31, 2016
sábado, outubro 15, 2016
Refugiados
Olho o mar, esse cemitério líquido e conturbado, e vejo os brilhos dos picos das marés, por um segundo é como se fossem a cinza prateada dos corpos que, flutuando no balançar, são o mercúrio tóxico do termómetro do Mundo.
É o Mediterrâneo, o berço fértil dos naufrágios da esperança. É a maré que leva os mortos e traz os feridos. É o azul e o negro e toda a funesta noite infinita que se desenrola depois da lua cheia.
É o Mediterrâneo, o berço fértil dos naufrágios da esperança. É a maré que leva os mortos e traz os feridos. É o azul e o negro e toda a funesta noite infinita que se desenrola depois da lua cheia.
sábado, outubro 01, 2016
Olhar as estrelas.
As estrelas acabam (quase) sempre por se extinguir e muitas caem que nem morteiros a espalhar fantasia pelos humanos/terráqueos que as olham.
Os olhos que são náufragos da mente e o teu regaço invisível acolhe-me mais uma vez sem saber...
Não peças mais desejos, contempla o infinito apenas.
Os olhos que são náufragos da mente e o teu regaço invisível acolhe-me mais uma vez sem saber...
Não peças mais desejos, contempla o infinito apenas.
Lengalenga do Patriotismo
Cidadãos compatriotas, tendo seus países como suas paixões, desfilam pelas ruas, dão as mãos, não se fazem de rogados, nem com mil perdões, sente-se a humidade nas pedras dos chãos como a que envolve a experiência com feijões e o algodão e da NASA começaram a enviar foguetões e desapareceram com o avião. Pufff!
Amo-te tal a força das preces de um escravo negro que grita pela liberdade enquanto está a ser açoitado.
Vasculhas-me a mente com os dedos grossos da memória, dedilhas cada momento como quem procura num armário de ficheiros secretos arquivados há milénios. Também recorres a luvas como quando se mexe em documentos antigos, mas as tuas luvas são feitas de um misto de hesitação, com receio do que podes encontrar.
Não te esqueças que estavas lá comigo, no princípios de tudo e depois quando vieram as areias movediças do tempo abalar-nos o chão que pensámos ter firmes debaixo dos pés.
E não te esqueças também que estavas comigo quando veio o redemoinho que nos evaporou no fim de tudo.
Assim é o nosso amor, espalhado aos quatro ventos, ganhando uma nova vida, ainda maior, correndo a Terra e cavalgando nas ondas do mar, pois nós os dois somos um só conjunto de partículas esvoaçantes e o nosso amor semeia-se em todas as flores e fecunda todos os campos que a vista consegue alcançar... Floresce de novo com mais vigor esse coração que é uno, tal qual a chuva e a terra que sobrevivem à tempestade.
Vasculhas-me a mente com os dedos grossos da memória, dedilhas cada momento como quem procura num armário de ficheiros secretos arquivados há milénios. Também recorres a luvas como quando se mexe em documentos antigos, mas as tuas luvas são feitas de um misto de hesitação, com receio do que podes encontrar.
Não te esqueças que estavas lá comigo, no princípios de tudo e depois quando vieram as areias movediças do tempo abalar-nos o chão que pensámos ter firmes debaixo dos pés.
E não te esqueças também que estavas comigo quando veio o redemoinho que nos evaporou no fim de tudo.
Assim é o nosso amor, espalhado aos quatro ventos, ganhando uma nova vida, ainda maior, correndo a Terra e cavalgando nas ondas do mar, pois nós os dois somos um só conjunto de partículas esvoaçantes e o nosso amor semeia-se em todas as flores e fecunda todos os campos que a vista consegue alcançar... Floresce de novo com mais vigor esse coração que é uno, tal qual a chuva e a terra que sobrevivem à tempestade.
Testes de Esclerótida Múltipla
Estás bêbado, em vez de passares na prova de balão passas na prova de esclerótida múltipla: vês a dobrar, aos ziguezagues, em forma de túnel e tudo a andar à roda. :D
Aniversário - Quase.
Uma data de princípio e uma de fim, como nas embalagens.
Se se soubesse já alguma coisa sobre a vida quando estamos no ventre ainda,
provavelmente teríamo-nos enforcado com o cordão umbilical.
Fazer anos é simplesmente deixar o tempo passar
e por fazer anos no Verão, neste primeiro dia de Setembro,
quase ninguém se lembra dos meus anos,
quase ninguém se lembra que eu existo,
quase ninguém tem saudades minhas,
quase ninguém me visita,
nem quer saber de mim.
Se se soubesse já alguma coisa sobre a vida quando estamos no ventre ainda,
provavelmente teríamo-nos enforcado com o cordão umbilical.
Fazer anos é simplesmente deixar o tempo passar
e por fazer anos no Verão, neste primeiro dia de Setembro,
quase ninguém se lembra dos meus anos,
quase ninguém se lembra que eu existo,
quase ninguém tem saudades minhas,
quase ninguém me visita,
nem quer saber de mim.
terça-feira, setembro 13, 2016
domingo, agosto 21, 2016
quinta-feira, junho 16, 2016
Pessoas (amigos) que se suicidam - in memoriam, a realidade forçosamente.
(fora um meu tio e o irmão de uma melhor amiga)
Aos meus seis anos - Marco (colega de carteira na primária, com seis também, do meu prédio)
Aos meus 30 anos - Rui (com pouco mais de 50 anos, enforcamento com cinto)
Aos meus 34 anos - Ângela (atirando-se do prédio; com poucos mais anos que eu, cremada hoje no dia do aniversário dela)
Aos meus seis anos - Marco (colega de carteira na primária, com seis também, do meu prédio)
Aos meus 30 anos - Rui (com pouco mais de 50 anos, enforcamento com cinto)
Aos meus 34 anos - Ângela (atirando-se do prédio; com poucos mais anos que eu, cremada hoje no dia do aniversário dela)
sábado, junho 04, 2016
sábado, maio 21, 2016
Velório da Conversação
A morte da conversação chegou de repente, fomos todos ao seu velório.
Com as tecnologias que subitamente minaram as nossas vidas
toda a capacidade conversacional foi-se perdendo.
Hoje em dia a comunicação tornou-se pobre, embrutecida, primitiva
voltando-se ao uso de sinais, símbolos, signos,
sem qualquer complexidade nem aprofundamento lexical.
Ao mesmo tempo com o impacto da linguagem no comportamento
assistimos também a uma queda nos valores generalizadamente.
O desejo do ser humano por facilitismo
fez da tecnologia o seu instrumento de preguiça
e desta o ciclo perpétuo da estupidez
que assassinou a retórica, a oratória e eloquência
que séculos levámos a evoluir.
Com as tecnologias que subitamente minaram as nossas vidas
toda a capacidade conversacional foi-se perdendo.
Hoje em dia a comunicação tornou-se pobre, embrutecida, primitiva
voltando-se ao uso de sinais, símbolos, signos,
sem qualquer complexidade nem aprofundamento lexical.
Ao mesmo tempo com o impacto da linguagem no comportamento
assistimos também a uma queda nos valores generalizadamente.
O desejo do ser humano por facilitismo
fez da tecnologia o seu instrumento de preguiça
e desta o ciclo perpétuo da estupidez
que assassinou a retórica, a oratória e eloquência
que séculos levámos a evoluir.
sexta-feira, abril 29, 2016
domingo, abril 17, 2016
Peculiaridades de um povo e da sua língua
É impressionante e deveras irritante termos chavões e "frases feitas" para tudo.
Se calha termos azar e a seguir um outro, dizemos que "um azar nunca vem só". Mas se a seguir ao azar tivermos sorte já dizemos: "Depois da tempestade vem a bonança." Então neste caso, se um azar nunca vem só então para onde foi o azar que o devia acompanhar a seguir?
(a propósito de uma vida inteira a detestar "frases feitas")
Se calha termos azar e a seguir um outro, dizemos que "um azar nunca vem só". Mas se a seguir ao azar tivermos sorte já dizemos: "Depois da tempestade vem a bonança." Então neste caso, se um azar nunca vem só então para onde foi o azar que o devia acompanhar a seguir?
(a propósito de uma vida inteira a detestar "frases feitas")
quarta-feira, abril 06, 2016
Mundo Apodrecido
Viste como o mundo se tornou empobrecido e apodrecido?
Os seres humanos limitam-se a serem seres vivos; usam químicos tóxicos para se alimentarem e se curarem; destroem o próprio fruto das florestas e da terra e do ar para tentar mobilar as casas, aumentar o conforto, a "qualidade de vida", dizem eles.
O ar que lhes entra nos pulmões é ácido...
A água que penetra a terra, vinda da chuva, é amarga...
Fora todo o sangue derramado nos sítios onde estão as crianças, supostas esperanças.
E tudo deitado abaixo...
E tudo nada...
E tudo aniquilado...
... como se realmente tivesse explodido uma bomba atómica na alma de todos nós.
Os seres humanos limitam-se a serem seres vivos; usam químicos tóxicos para se alimentarem e se curarem; destroem o próprio fruto das florestas e da terra e do ar para tentar mobilar as casas, aumentar o conforto, a "qualidade de vida", dizem eles.
O ar que lhes entra nos pulmões é ácido...
A água que penetra a terra, vinda da chuva, é amarga...
Fora todo o sangue derramado nos sítios onde estão as crianças, supostas esperanças.
E tudo deitado abaixo...
E tudo nada...
E tudo aniquilado...
... como se realmente tivesse explodido uma bomba atómica na alma de todos nós.
quinta-feira, março 24, 2016
sexta-feira, março 11, 2016
segunda-feira, março 07, 2016
(Todos os dias, há dez anos, a ligarmo-nos...)
Um dia liguei-te para te contar uma história... e os pássaros da memória, que saíram pelos orifícios do telefone, foram encontrar um ninho nos teus ouvidos.
sexta-feira, março 04, 2016
terça-feira, fevereiro 16, 2016
A Memória - Esse quadro de uma vida.
A memória - a minha memória - é uma caixa de pintura.
Primeiro, começou com as memórias de aguarelas, de que hoje ainda sobrevivem algumas bastante esmaecidas.
Depois, vieram as memórias de guache com cores mais garridas, mais expressivas, numa pressa de viver a vida.
De seguida, tal como cresce a maturidade, também a tinta da memória ganha consistência e criam-se as memórias a óleo, que são muito mais peganhentas e algumas só se removem mesmo com ajuda de solventes.
No final da minha caixa de pintura encontram-se as memórias de carvão, quando tudo fenece e se transforma no pó que sempre foi, tingido ou não, acaba sempre por ficar sem cor.
Primeiro, começou com as memórias de aguarelas, de que hoje ainda sobrevivem algumas bastante esmaecidas.
Depois, vieram as memórias de guache com cores mais garridas, mais expressivas, numa pressa de viver a vida.
De seguida, tal como cresce a maturidade, também a tinta da memória ganha consistência e criam-se as memórias a óleo, que são muito mais peganhentas e algumas só se removem mesmo com ajuda de solventes.
No final da minha caixa de pintura encontram-se as memórias de carvão, quando tudo fenece e se transforma no pó que sempre foi, tingido ou não, acaba sempre por ficar sem cor.
segunda-feira, janeiro 25, 2016
domingo, janeiro 17, 2016
As flores negras...
Estão flores negras no cemitério da solidão e há uma romaria de corpos fantasmagóricos a deambular para deixá-las aos pés da entidade morta.
No caminho para o Vale do Paraíso vimos um vagão azul a servir de restaurante. Olhámos pela janela do carro e o vale estava iluminado pelo sol laranja que dourava o verde do chão.
Chegando ao destino conheci de novo o fel da mentira do ser humano que tudo aniquila e a surpresa de um acontecimento fatal.
Por que remanescem as ilusões e os sentimentos se tudo está vazio e destruído por dentro?
No caminho para o Vale do Paraíso vimos um vagão azul a servir de restaurante. Olhámos pela janela do carro e o vale estava iluminado pelo sol laranja que dourava o verde do chão.
Chegando ao destino conheci de novo o fel da mentira do ser humano que tudo aniquila e a surpresa de um acontecimento fatal.
Por que remanescem as ilusões e os sentimentos se tudo está vazio e destruído por dentro?
quarta-feira, janeiro 06, 2016
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