Não me lembro como era falar contigo horas ao telefone
nem sequer de todos os nomes carinhosos ou engraçados
que fomos chamando um ao outro nestes anos todos;
Não me lembro de como era o mapa de sinais nas tuas costas
e qual a espessura sempre grossa do teu cabelo ondulado
nem sequer da tua barba que me deixava o rosto em brasa;
Não me lembro como ficavas ainda mais belo com o pôr-do-sol
a banhar-te o corpo sempre dourado de Apolo do Mediterrâneo
e de como toda a população feminina ficava desnorteada ao ver-te;
Nem sequer me lembro da fome em que nos deixávamos
só para nos devorarmos cosmicamente quando nos revíamos
e não lembro mesmo como era chegar perto do teu cheiro inebriante;
Os teus lábios polposos dessa tua boca que encerrava o mundo
e o teu olhar que continha o oceano inteiro em que eu me afogava
não me lembro deveras como eram os seus desenho perfeitos;
As tuas mãos que vi antes mesmo de te ver e a tua voz
que ficava ainda mais quente se bebesses uísque
realmente já não me lembro como eram calorosas;
E os teus braços que me açambarcavam e eram donos de mim
tal como as longas pernas de um ciclista que rodou o planeta
e nunca se cansou, não me lembro mais como se estiravam;
O teu ser físico e cerebral todo ele altivo e deificado
nessa personalidade a que ninguém resistia seguir
não me lembro de como era magnetizante para todos;
O amor que sentias e repartiste por nós sempre tímido
e toda a alegria imensa que geravas fazendo rir toda a gente
já não me lembro de como era tudo tão bonito;
Imagina se lembrasse?
sábado, janeiro 16, 2021
Não me lembro
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