segunda-feira, novembro 18, 2024

O coração já não é o tambor do mundo

 O coração já não é o tambor do mundo
Ele transformou-se no maestro rebelde 
Que não tenta marcar o passo da orquestra
Nem fazer todos os corpos dançar
Pois a vida está imersa em lodo
De rios assassinados à nascente
Para erigirem torres e horrores
O monstro do corpo de cimento
Cinzento a tapar o azul do céu

 O coração já não é o tambor do mundo
Ele parou de pulsar e deixou-se sufocar
Pelo ar soterrado a fundo sem voar
E os pulmões e os cordões e os camiões 
De repente começaram a esticar 
Só para se colapsarem em si mesmos
E ninguém viu a morte chegar
Pois ela era tão branca quanto a cal
Que um dia caiou as terras de sal

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