segunda-feira, novembro 24, 2025

Monção*

 A monção não desabrocha as flores
Senão talvez no deserto 
Assim como quando são sequiosos 
Todos os nossos amores
Não se importam com nosso alagamento 
Pois são terreno fértil à espera dele
Para nos acolher pertencendo
Há poucas pessoas assim 
Que têm arcabouço para tanto
Mesmo quando já tinham amor de todos
Sabem que o amor verdadeiro é raro
E nunca é demais, pelo contrário 
Pareceu-me que F. era assim
Será que fomos mesmo cobardes
Ou apenas nobres cavalheiros 
Que põem o bem dos outros à frente? 
Prefiro acreditar que sim
Que é para não me fazer mais descontente 
Era uma vez um conto de rua
Um mural, dois amigos-irmãos, uma lua
Antes de chegar a enxurrada
Despedimo-nos com a ilusão do reencontro 
Que nunca mais chegou a acontecer 
Porque as águas quando vêm de novo
Nunca são exactamente as mesmas 
E não sabemos para onde vão correr 

*prefiro a palavra em inglês, monsoon, pq em pt faz lembrar moção 🤷🏽

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