segunda-feira, julho 14, 2025

Não posso dizer o mesmo de vocês

 Eu sempre te defendi 
Não posso dizer o mesmo de ti 
Eu sempre estive lá para ti
Não posso dizer o mesmo de ti
Eu nunca te deixei para morrer
Não posso dizer o mesmo de ti
Eu sempre te alimentei
Não posso dizer o mesmo de ti
Eu nunca te ignorei
Não posso dizer o mesmo de ti 
Eu sempre te amei
Não posso dizer o mesmo de ti 

domingo, julho 13, 2025

Esse amor que esqueço

 Esse amor rarefeito 
É nuvem passageira 
Nem se vê direito 
Numa vida inteira 

Nem é como o outro 
Que foi densa neblina 
O meu amor é d'ouro
De tolos ele se ilumina 

Mas não há eternidade 
Nesse amor que foi festa 
Tão bonita como o luar
Agora só a saudade resta


Amputação

 Foste arrancado de mim
Amputou-se uma grande parte de quem sou
E hoje em dia vejo crianças desfiguradas
Com as suas partes amputadas
A tentar sobreviver num cantinho em Gaza
Mas com vontade de morrer na sua casa
Depois de tudo o que se passou 
Já nada de nada sobrou
E este buraco gigante no meu peito
Agudizando e me encolhendo de dor
Sabe que um dia fui mais só amor
Mas que rapidamente se tornou 
Na pior coisa que já senti
E de que não tive controlo 


sábado, julho 12, 2025

Ilusão, o silêncio das estrelas

 Às vezes sinto-vos à beira do precipício 
São raras vezes mas vem-me a sensação 
Do vosso aperto no coração e estômago 
É de ti, dela e dele que me acontece
Como se o céu escurecesse e chovesse
Como se a agonia fosse coisa líquida 
Que nos banha mas não nos lava
Meus outroras mais-que-tudo nesta terra
Eu não sei mais o que vos falasse
Por isso apenas tenho silêncio nas mãos 
E nada dou porque esgotei tudo o que dei
Afinal vocês tinham razão e tudo passa
Ao contrário do que eu acreditava 
Naquele infinito intenso palpável 'monolito'
Também graças a vocês aprendi que não 
Que era e sempre foi minha a ilusão 

A verdade mais simples de todas

 Basta dizeres a verdade mais simples de todas: eu amo-te e não quero que te vás.

Simão

 Deixei-te cair
Deixei-te morrer
Não consegui mais segurar-te
Não consegui mais dar a mão 
Quis largar-te
Perdão 
Não aguentei que acabasse
Sempre soube que ia acabar
Não tolerei o tormento de não saber
Quando é que ia acontecer 
Mesmo que tu me cantasses
Que o nosso amor não ia morrer
Eu quis acreditar de cada vez
Mas no fundo não consegui
Eu nunca tenho direito ao amor
A doença me agarrou pelo pescoço 
Me sufocou
Eu só quis respirar 
Só queria tudo terminar 


Ada

 Vivia abilolada
Estava apaixonada
Tão envergonhada 
Foi humilhada
Gozada e desdenhada
Pensou-se acabada
Condenada 
Amaldiçoada 
Eternamente atormentada
A culpada
Até que um dia do nada
Viu-se libertada
Deixou de estar enganada
Viu que foi mal passada
Um rascunho e rasgada
Pior que foi queimada 
Censurada e cancelada
Bloqueada e esnobada
E agora que está acordada 
Ada já não é dominada
Do dono que a tornou resgatada
Quando foi por ele buscada 
No canil onde estava abandonada 

sexta-feira, julho 11, 2025

Já não tenho saudades de ninguém

 Esgotei as saudades 
Porque tive-as diariamente 
Sem parar
Sempre a jorrar
Como cascatas todas juntas
E às vezes alagavam tudo
O peito doía tanto
Que a água saía pelos olhos 
Agora já não as tenho 
E ainda bem 
A dor e as decepções 
Sempre aniquilam tudo
Pela acumulação do sufoco 
Nunca foge à regra
Até já tinha perdido esperança 
Mas finalmente acabou a dança 
Entre a dor e as decepções 
Apagaram-se as ilusões 
Voltei a ser pura feliz criança 

 vivo distante 

mergulho no Outono dos dias

já não olho as suas sombras 

apenas as minhas maresias 

e vem a tal da melancolia 

que vive de escombros

de tudo o que foi alegria 


(no insta a 10-07-2023 c música arabesque de debussy por tomás wallenstein) 


quinta-feira, julho 10, 2025

 Onde puderes, planta árvores
Mesmo que na volta do caminho 
Encontres um pardalito morto
E fiques instantaneamente frio
Enregelado pelo assombro
Dos fantasmas regressados

A honra importa 
Mas mais ainda a educação 
A bonomia do ser
Que veio para a imperfeição 
E melhorou-se para viver
Não numa falácia feliz
Mas com audácia desde petiz

Porque amar é plantar 
Mais ainda do que semear
Mais ainda do que colher
Eu e tu somos tanto
Homem ou Mulher 
Tanto faz
Somos do Clube do Espanto


(dps de ter ido visitar a Sandra, o Faria, o Nuno e a Elisa ao novo metro)

 O Amor permanece 
Algures
Apenas mudou de lugar 
O Tempo 
Implacável contador
Vira as páginas 
E um dia grita:
'Free at last, free at last!'
Mas nunca sei na hora 
Só confirmando atrás 
Fazendo contas
À enfraquecida memória 
Noutro finalmente 
Encontro-te nenhures 

terça-feira, julho 08, 2025

Arranha-céus, mata crianças, destrói tudo

 Incomoda-me tanto paraíso destruído 
Por arranha-céus a fazerem de abrigo 
Será que ninguém vê o perigo 
Em que meteu o seu irmão? 

Torres desmoronam-se
Vão afundando
Derretem 
Implodindo
Em ruínas metem
Tudo o que está ao ladinho

Selvas de betão concreto 
Erigidas com imponência 
Por quem se sente impotente 
Não são imunes a terramotos 
Saem impunes dos esgotos 

Não pagam coima de nada
Matam o céu e a estrada
Os pássaros e os quadrúpedes 
Os meninos que brincavam
Livremente estão bicúspides
Com falta de ar e saltos
Agora caem duros no asfalto 

no meu insta c fotos e música Villa-Lobos tocada por Djedah

 - Li Sócrates, Platão e Aristóteles quando tinha treze anos, assim se sucedeu porque me refugiei de extremas violências fascistas de que desde sempre havia sido alvo em todo o lado (tendo eu nascido em 1981, ainda levei com resquícios de skinheads, etc.) - que me faziam querer nunca ter existido - numa biblioteca municipal. Acho que a minha necessidade de entender porque é que as pessoas eram como eram fez-me procurar nessas áreas, começando na filosofia e psicologia, passando por antropologia, enverando depois pelos mistérios policiais como os da Agatha Christie e derradeiramente por alguns dos grandes romances históricos, como os dos russos mais existencialistas  e os sul-americanos mais realistas. Poucos, mas muito bons. 

Hoje em dia, com fascizóides a lerem no parlamento nomes estrangeiros de crianças com a minha cor - que felizmente vejo serem muitas, ao contrário de mim que era a única assim nas minhas turmas sempre -, para instrumentalizarem mais uma vez o ódio deles, tenho andado novamente a pensar em como não há qualquer solução para sociedades que perpetuam ambientes violentos e egotistas. Espero que todos os miúdos que viram o seu nome tornado em arma contra eles, assim como já sentiam sobre a sua cor, possam nem sentir essas vozes odiosas porque são abafadas pelo amor das suas comunidades. Eu, no meu caso, tive esses filósofos e os livros, a arte e a cultura, a busca por uma nesga de beleza, sobrevivendo ouvindo música alto para abafar o imparável mal que me assolava a cada minuto, apenas para conseguir ter o mínimo de força para não me deixar matar por todos que sempre me odiaram só por causa de eu não ser igualzinha a eles. A luta continuará sempre. As nossas armas é que já são outras 🤞🏽🤞🏽✊🏽❤️





 Se não te permitiste
Sentir tudinho 
Como é que podes dizer 
Que o que estás a fazer 
É viver? 

 Porque o destino és tu que vais fazendo pelo meio do caminho, enquanto já o fado, em vez, é fatídico de tão fatalista: nem o caminho escolhes para aonde vais chegar. 

Como "matar (e renascer)' toda a gente

 Onde encontrares um deserto 
Sê uma enchente
Provoca um dilúvio 
Talvez o teu redemoinho de vento
Resulte num agitar tão grande 
Das águas com a terra craquelada
Que as tuas águas se tornem lama
Caudalosas e cabulosas 
Arrastando todo o mundo 

Mas no final 
Quando conseguires vir tu à tona
Finalmente voltando a respirar 
Acerca-te das rosas e outras flores
Que ajudaste a fazer brotar

Quem fez o mundo fodeus II

 Deus segredo
Deus pedra e nada
Deus de deserto 
Deus de madrugada 
Deus de água 
Deus de árvore 
Deus de terra sagrada 
Deus do amor
Da tempestade da dor
Deus da liberdade
Deus da Arte 
Deus em toda a parte 
Deus é amar-te
E o amor é fodido

segunda-feira, julho 07, 2025

Vida

 Lamento, mas já dei para esse peditório que é a vida. Dei de tudo, até ficar sem nada. Acho que ela é uma filha da puta sugadora de forma desmedida. Nunca lhe achei grande piada, nem pela "ironia da vida". Nunca lhe vi salutar alegria, nem felicidade que fosse merecida num mundo onde todos são eventualmente podres, até ao facto de matarem criancinhas.
 As festas em que se embarca, porque só assim sentem que isso é viver, enquanto isso só lhes serve para esconderem o que não querem ver. Só se preocupam em ter e não no ser, no fazer e não no bem-querer. 
Nunca quis vir para a vida, mas como vim lá tive ser um bocadinho paciente, esperar até morrer, meio vagabundo meio louco ao olhos dos doentios normais. 
"Achas que alguém queria esse trabalho todo?", "Acho. As pessoas estão lobotomizadas. Senão não se davam a isso. Já imaginaste se todas as pessoas que não queriam simplesmente então não se dessem a isso? Pois, é simples. Pior cego é o que não quer ver. Mente." Detesto pessoas falsas, hipócritas e mentirosas. A vida está repleta delas. Nunca conheci alguém coerente. 

sábado, julho 05, 2025

Dono do Infinito

 Escreve tu 
Este poema
Triliões de galáxias 
Universos intermináveis 
Nada de matéria 
Nós instantes finitos 
Eu sempre estive ali
Na terceira dimensão 
Do Tempo
O espaço é infinito 
Como eu e tu
Que não existimos 

 É tudo uma questão de luz e de luminosidade. 

Sossego, paz e inutilidade.

sexta-feira, julho 04, 2025

Status ego

 Eu já não sou a mulher-pássaro, nem a Storm dos X-Men, nem sou a Insónia.

 Eu já não sou. Senão a que flutua. 

Esse conflito

 Esse constante conflito 
Em que vivo
De detestar o poder
Que tens sobre mim
E no entanto 
Só pertencer a ti
E sentir que sou tua
Como um dobby ao amo
Ou como os alienígenas 
Eternos gratos ao sr. batata

mais uma tentativa de bio pro insta (esta nem pus)

 A woman under ancestry influence:  Portuguesa de nostalgia (alentejana de sossego), Espanhola de intensidade, Indiana (goesa) de pacifista, Tanzaniana de amável, Chinesa (macaense) de ex-workaholic. 

É só uma necessidade essencial

 Eu não consigo nem dizer mentalmente que eu não preciso de ti. E esse é um dos primeiros passos para acabar com a dependência emocional. Ou seja, continuo naquela cena. Eu não minto, eu sei o que sinto. Eu não preciso de ti para algumas coisas, mas tudo é varrido de antemão porque eu preciso de ti para ser, para existir verdadeiramente enquanto eu, para respirar fundo, para viver nos teus braços, no teu céu.

quinta-feira, julho 03, 2025

 A ausência não é falta
É paz
É bálsamo benigno 
Cicatriz dos signos
Que um dia chocaram
E hoje sabemos
O homem melhor 
É aquele que se conforma
Com o seu destino