Rio do Tempo
Mas quem ri no fim é ele
Poesia filosófica; Poesia Visual; e outros objectos poéticos de Poeta mera observadora
Eu sou água e ele é terra
Eu sou filigrana e ele viga de aço
Eu sou da Maria, ele do ...
Eu sou calmaria e bonomia
Ele é nublado e desconfiado
Se me mexem sou tempestade
Ele é gato despeitado mas debochado
De resto desempoeirado
Enquanto eu fico anos na poeira
Quando eu sou fogo ele é vento
Quando ele é vendaval eu alento
Eu sou de Setembro e de Abril
Ele é de Fevereiro e no ano inteiro
Ele é santidade e folias mil
Ele é dinheiro e eu brasil
Eu sou céu e ele mar
Eu gosto é de criar
Mas se dependesse de mim
Eu ia é hibernar
Quando lá é calor
Aqui faz tanto frio
No entanto nós os dois
Temos uma tal de amizade
Que ultrapassa os antónimos
Mesmo sendo nós um para o outro
Apenas um par de anónimos
Estranha
Assustadora
Etérea
Assombrosa
Deixa-me suspensa
Com a luz do vidro azul
A envolver-me
E quase que flutuo sem ti
Deram cabo de mim porque entraram no meu coração e negligenciaram-no, pisando-o e esmifrando-o sem dó nem piedade. Eu desisti depois de muita saudade. Nunca mais soube o que era liberdade. Experimentei uma solidão que nunca tinha experimentado: a de quem ama tendo pensado que também seria amado.
Acho impressionante como consegui piorar a minha vida ao cruzar-me com certas pessoas e não me ter retirado atempadamente, mesmo sabendo que no final eu é que ia ficar na mais completa das porcarias.
Lembro do poema sobre felicidade que o Keanu Reeves escreveu, num tom rimático, bem adequado à ironia da coisa e como termina a dizer precisamente que pode ser sempre pior.
- ultimamente, provavelmente por estar a envelhecer a olhos vistos e já ter alguma expansão de tempo de vida suficiente para ter várias memórias, tenho me apercebido cada vez mais do quão triste pode ser passar uma vida inteira sozinha sem ter vivalma com que se possa de facto contar muito, por exemplo nos momentos de tarefas rotineiras do dia-a-dia, como ajudarem a carregar um saco ou uma mala, ou em momentos mais tenebrosos, sejam de violência ou assédio, pós-assalto, quase morte, etc.
Aprender a pedir ajuda, depois de anos de traumas, e também não sentir acolhimento, escuta, empatia, ou apoio empírico, também é bastante desilusório e doloroso; espero que ninguém passe por isso. A verdade é que sempre precisei de ajuda como qualquer outro ser humano, ou mais ainda dadas as dificuldades, mas tive de ser forte desde criança, à força, como muitas, especialmente meninas, por esse mundo fora. Como é de esperar, ser forte todos os dias cansa.
Agora que revisitei estes pequenos clips de vídeo, dei por mim a ver como no fundo sempre foi um bocado isto que se passou: as noites (acontecimentos) mais escuras e sofridas sempre comigo a acenar a mim mesma, porque todas as coisas horríveis que passei, não só passei sozinha sem ninguém que me defendesse, mesmo eu tendo passado a minha vida a sofrer as retaliações de ter defendido toda a gente que amava, como sempre me apercebi que ninguém pode compreender o que eu tenho passado senão eu mesma, que lutei todos os dias para que a sombra de que me forjaram e me fizeram querer morrer desde os meus doze anos, eu acenasse-lhe de volta, como quem diz (um pouco estúpida e teimosamente): ainda estou aqui.
E tu, se fores em muito como eu, mesmo que tenhas o mundo contra ti, eu estou contigo, sempre, nessa noite escura e mesmo que ela já vá longa, eu aceno-te e vergo-me a tudo o que és. E que tu tenhas música que te venha do nada à cabeça ajudar a continuares a salvares-te um bocadinho de cada vez ❤️👏🏽
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E porque é que o teu nome não descolou ainda da minha boca e continua agarrado à minha língua
Perdi a conta de quantas vezes te deixei ir, quantas vezes pensei que tinha de te largar, que já não queria mais sofrer desta coisa que não é já apenas doença - a não ser que seja mais uma incurável - e que também já não é obsessão, ou se calhar é mesmo ainda tudo isso, embora tenha tentado tanto remediar.
Por que raio não sais de mim? Especialmente se eu saí tão rápido de ti, ou nem cheguei a estar dentro. Já tentei revoltar-me, já morri, já dei uma de kamikaze, tanto que sofri e também já tentei aceitar, abraçar, ...
nada resultou até agora
nem o tempo
nem a memória que vai indo
nem nada
talvez não haja maneira de te tirar completamente de mim, simplesmente porque fizeste de alguma forma parte da minha vida e muito intensamente
(estranhamente não perdi completa esperança de que um dia acontecerá ou mesmo o mais improvável que somos nós)
Talvez tenha sido só isso, mesmo que tenha sido e seja para mim tanto e tudo: um com castelos de areia e outro com nuvens e eu a água que os molhou. Fiz desabar e chorar e desaguar e alagar e dissolver e fiquei só eu a naufragar, sempre um destroço de quem um dia foi avistado como navio pirata.
Queria que se alguma vez pensassem em mim fosse com um sorriso nos lábios e um quentinho no coração, mas provavelmente só me detestam e evitam a todo o custo a minha recordação.
Há muitos, demasiados, onde se matam crianças, mulheres e homens todos os dias, alvejando-os, espancando-os, escravizando-os, violando-os, atirando-os de pontes, cortando-lhes as mãos, esfaqueando-os, pontapeando-os no chão.
Eu quase matei e salvei pessoas com uma palavra, ou muitas. Talvez a minha arma tenha sido diferente, mas não me faz muito menos assassina.
Hoje, depois de cumprir a minha sina, tornei-me de novo naquela menina que não tinha sido pela própria proveniência corrompida e que não fazia mal a ninguém.
Não visito países dos homens. Apenas permaneço onde há a ternura das crianças.
Amámo-nos porque tentamos amarmo-nos a nós próprios.
Odiámo-nos porque nos odiamos a nós mesmos.