domingo, outubro 31, 2021

Viver não é ser rio

 Não quis viver só uma coisa
Ser absorvida e distraída
Mas sim diluída na vida
Como um rio e seus afluentes
Que se espalham e irrigam
Tudo à sua passagem. 

Sei que assim dizem que não vivi
Aquando dessa opção que tomei
Porém o que é viver para uns
É morrer sufocado para outros
Eu sei que é para mim
Porque esse mundo é desajustado.

Tu sequer gostas de mim?
O que é que tu achas de mim?

Pandemia

 A pandemia mostrou o vazio
Que cada um tinha dentro
Agora tentam todos correr
Para apanhar o tempo perdido
Mas também o vazio é pandémico
Corrói a alma na profundeza
Uma vez exposto não se oculta
Uma vez imposto só se alastra. 

Falhei em tudo

 Falhei em tudo
Fiz questão de ser nada
Não sei senão o que é ser um falhado
Almejei alto apenas pouco tempo
Quando era jovem e todos esperavam
Que eu fosse o maior
Mas depois rapidamente acordei
Decidi ser um nada
Porque um nada é o que é a vida
Assim admiti-a antes mesmo como perdida. 

Eu sou a inSónia

 Os amanheceres são as minhas noites
Como condenação de alma penada
Que amou sem ser amada
E continuará uma vida inteira
A morrer de amor.

Ultimamente aceito esses açoites
Desta vida atormentada
Que parece que me foi destinada
Desde antes do ventre prisioneira
Dessa infinita dor. 

sábado, outubro 30, 2021

Saudades

 Às vezes, tenho tantas saudades tuas que dói, sabes? 

A verdade é que...

 É só uma questão de tempo até eu apanhar o vírus e morrer. 

Durante este tempo consegui não pensar muito nisso. Aliás, devido às duas doenças graves raras e todo a falta de imunidade, até tive de prometer a uma amiga que eu não pensaria nem falaria mais nisso. 

Hoje quando soube que uma outra amiga perdeu a irmã mais velha, com 36 anos, pensei de novo nisso tudo. Ela era enfermeira e não houve vacinação a tempo no Brasil, continua um descalabro e em outros lados também. 

Continuo triste com tudo isto, desolada por ver que a Humanidade nunca passará da sua génese belicista e suicida. 

Alma

Aproximou-se a minha alma à tua
e assim ao ver-me tão nua
e tão vazia
meu olhar fugiu
lutou
não achou que fosse bom
esse inexplicável fenómeno
que não quis tocar

O meu erro foi deixar-me ir
mesmo sabendo no que ia dar
o meu coração a partir
e o teu peito a rasgar

A minha alma e a tua
é una
com o caos do abraçar
que se quer e nunca vai chegar.

Paro e vejo:
Amo-te há tempo suficiente
Num ano tão difícil
Que só me parece um milagre.
Oceano da minha vida
Amar-te como eu te amo
Só a sereia com o marinheiro.


(n sei se isso é bom, pq as sereias eram as desgraças dos marinheiros, a não ser a Ariel que salvou o Eric (é, acho q eu amo tanto assim) <3 massss foi o que veio e gostei da sonoridade :D)

Telefonema

 Hoje atendi o teu telefonema. Falei contigo mais do que tenho falado, dei por mim a queixar-me das minhas horríveis condições daqui de sempre e depois até parei por causa disso. Tu até que me ouviste bastante. Depois, ao perguntar-te se me conhecias bem, retirei logo a questão, porque de facto sempre mudei muito. Tu foste simpático, para variar até nem fizeste piadas e até me senti melhor porque lembrei de como todos sempre disseram que nunca tinham conhecido ninguém como eu, mas da maioria das vezes eu achava que isso era um defeito enquanto me elogiavam. 

Hoje aceito os elogios, agradeço até de volta, mesmo que às vezes ainda pareça a acidez de um vinho que não amadureceu ainda bastante a escorregar-me pela garganta mas a ficar na língua. 

O vento não parou de fazer barulho desde a madrugada passada a bater nas persianas. 

Eu gostei do telefonema, mesmo que tenhas falado dos chifres e pés de bode, para não dizer a resposta de "estavam tão perdidos que nem encontravam o rabo". Eu disse-te que ia publicar no Instagram e pôr o teu nome como autor, embora não tenhas Instagram, e que ia acrescentar "in Filosofias de Cu". 

É, esse telefonema pareceu normal.

Eu até agradeci teres ligado.

Lucidez

 Tamanha é a minha lucidez
Afamada e cobiçada 
Pois não houve vez
Em que fui errada
Pensam todos
E estavam certos
Mas há sempre excepção 
Tinha de acontecer
Afundar-me em lodos
Em incertas questões
Quiçá sofrer de paixão
Ao contrário do que ela pensa
E me disse tão veemente,
Acho que a lucidez é chata
Vendo eu a coisa agora
Tensa e descontente
Não foi medida exacta
Nem durou só naquela hora. 

Entusiasmo

 O Entusiasmo é um foguete de artifício que eu lanço e só depois infelizmente vejo que fica tudo em cinza, graças à hiperadrenalina.

Engano

 A quem queres enganar
quando te dizes que acabou
como se fosse um passe de mágica?

"Um grande amor não acaba assim"
e eu recordista de amar a longo prazo
provavelmente sim
por isso por mais que haja dias melhores
em que quase parece que sim
não há à vista qualquer fim.

Já sabia que ia ser difícil para mim
e que tudo indicava que estava condenada, 
só que não era isto tudo que eu esperava.

Pegamos num engano e ele pega-se em nós,
torna-se verdade e não se sabe o porquê,
quando na realidade nada faz sentido
não me lembro se da outra vez foi assim.

Só lembro do amor 
que está sempre lá 
agora que voltou
só para me enganar
para eu voltar a acreditar
na vida e na sua possibilidade
mas que eu não tenho sequer.

Dói, dói, muito às vezes,
não saber nem entender sobre nada,
estar enganado e não se poder desenganar
ficar suspenso e com a alma danada.

sexta-feira, outubro 29, 2021

Dos santos e menos santos...

 Como é óbvio não achei muita piada a essa ideia de que me querem casar e andam a pedir ao santinho padroeiro casamenteiro e tudo mesmo sabendo que eu estou doente, mas ri porque estava mesmo a ver e adivinhei que andava ela a fazer isso. Que tonteria. Imagino que ser a única solteira da família é assim que vai ser mesmo. Haja paciência hahaha

Mas já não me ri nada mesmo é com a ideia de que alguém que eu gosto como amigo vai-me atraiçoar do nada e que afinal é uma pessoa falsa este tempo todo. Ai ai, enfim, nada a fazer mesmo. Só pensar como sempre que as acçőes ficam para quem as pratica. 

quinta-feira, outubro 28, 2021

cont. "O Plano" do tpc

 Aquilo que eu disse como resposta, de ser mais urgente curar ou melhorar do coração partido, já está analisado, creio, e daí mais dissipado. Embora não saiba quanto tempo haveria de atribuir no dito suposto cronograma. (Até porque a bem ver parece que passei metade da vida com - a tentar curar - o coração partido)

Então depois conforme me foi dito, era para ele estar bem para ter alguém que eu quisesse, definindo de antemão como seria exactamente essa pessoa - eu acho estas coisas todas sempre estúpidas, dos raios das listas, mas faço sempre o esforço. 

Mas a priori é claro que ficar boa é condição sine qua non. Se isso realmente envolve não sentir que o mundo é violento, então estou mais uma vez metida numa missão impossível. 

Ai, acho que vou mas é esperar pelo raio do noivo e pronto HAHAHA entregar os pontos assim, ou seja, fico lixada provavelmente na mesma nem que seja por pela primeira vez na vida recuar no meu valor de ser contra casamentos.

Lá estou a fugir à questão com piadolas. 

Voltando ao Plano: um mês para deixar de ter coração partido e amarrado a um amor?? Ou seis meses? O que daria Abril, época precisamente primaveril em que há imperativo biológico de apaixonamentos no ar... hmmm, parece muito tempo mas está bom, pode ser que fique mesmo curado o suficiente :-)

Depois o resto vê-se. Nem vou pôr-me também a cogitar sobre outras áreas pois essas estão dependentes de fim de pandemia e de saúde primordiais. 

Volátil

 Queria ser como diz a tal frase a relembrar aos empáticos "observar, não absorver", mas isso realmente - vejo agora neste instante - só é possível se me desligar da Humanidade de novo e auto-ostracizar-me, porque de outro modo não dá para ser indiferente ao que os que amamos sentem. Por mais que eles nem estejam aí para nós. 

Se almejar estabilidade psicológica e emocional envolve ter de cortar com as pessoas para não estar envolvida com elas, mergulhando-se assim no nada que é de novo a tal linha que não tem pulsar, fica complicado de se optar. Se é que há opção, neste caso não me parece que haja porque estando demasiado já envolvida há algum tempo não há como agora regressar ao estado anterior. 

Pensar que consegui estar bastantes anos focada para tudo se desabar em tão pouco tempo e já durar tanto o tumulto todo. 

Querer dar o mundo a alguém e não poder, será sempre o epíteto da minha incapacidade...

 "Amo-te muito, não esquece, estamos sempre junts"

Brasil

 Terra de seios virginais
Selva maternal
Em que todos os sons
Criados são desiguais
Pelos biliões de pássaros
Que voam ora despreocupados
Ora afugentados

O verde abunda 
O céu ora entupido
Ora esculpido em tons azuis

Contém todas as cores menos o branco
Senão nas vestes de quem roga por paz

Brasil tu és demais
Eu anseio já há tanto tempo pelo tal dia
Em que tu salvarás o Mundo
Com o teu abraço mais profundo. 


Mais de um ano de ter tido o coração em cinzas e acho que finalmente hoje consigo aperceber-me que ele está um bocadinho melhor e que amanhã estarei certamente ainda mais. :)

quarta-feira, outubro 27, 2021

Lembrete

 Quando uma pessoa tem valores diferentes dos teus não vale a pena tentar desculpar as suas atitudes que não se coadunam com os teus. 

 Atenta que não é porque te disseram que iam lá estar para ti sempre e que pensaste que eram teus amigos, que ía ser mesmo assim. Nunca é, especialmente quando não precisam de ti. 


O eterno retorno, samadhi way

 Quando se está completamente esvaziado de todos os sentimentos, como folha branca, podemos voltar ao estado de observadores plácidos e continuar a senda do não-envolvimento na espécie de mongitude budista como bom samadhi que éramos antes de termos regressado à humanidade. :-)

De novo "O Plano" que tanto me exigem

 Mensal, meta semestral e anual, dizem.

Primeiro quero já identificar que a dependência emocional que desenvolvi e comportamento de empatia exagerada, foram inclusive decorrentes das circunstâncias inusitadas e por detrás está com certeza toda a destruição que havia ocorrido antes mesmo. 

Querer ficar com o coração sem estar partido e machucado, ao ponto de se poder receber o que virá por aí é um busílis, sei, mas mais possível do que alguma vez foi já que identifiquei e trouxe à consciência tanta coisa entretanto sobre o que está lá nas profundezas do ocorrido que ainda ressurge ciclíco por automatismo de traumas e sinapses. 

Bom saber que há uma possibilidade de remédio, quando ainda há horas pensava que estava metida numa condenação por causa do amor que sentia.  

Mas lá está, dependência emocional é algo diferente de amor e, por isso, uma vez sabendo isso, fica tudo bem, pois só fica o amor que é sempre bonito. 

Depois, a história toda do que se quer é outra coisa mesmo. Será que eu alguma vez descobrirei o que quero mesmo e prosseguir com o tal plano para isso? 

Os capitalistas das emoções

 Os capitalistas das emoções acumulam stocks de culpa;
investem em bons sentimentos e sensações,
liquidam as irritações e confusões, 
retiram dividendos de alegria
e pagam felicidades em comissões. 

 Abre os olhos: vê que para estares no mundo tens de ser do mundo; da mão de obra escrava, da imposição dos círculos de manutenção do poder e do dinheiro, dos gangues, da violência, da podridão dos aterros a céu aberto e da dos arranha-céus fechados.

 A soma das nossas impossibilidades impediu o nosso amor.  

(13.07.2020)

Piroso

Na pira da paixão algemaram o teu coração
à pedra que o outro tem no peito
E sem que pudesses dizer direito o que medra o teu falar
Vieste entoar a respeito nuns versos de rimar
"Ora bois, eu amo é as vacas abduzidas",
nós somos dois mas versőes meio encolhidas
Quando o que queríamos mesmo
Era em veredas e sertőes fazer corridas 
Visitar todas as praias e verőes que há nesta vida, 
Ir saltitar e rolar pelos prados verdejantes.

terça-feira, outubro 26, 2021

Mañana - Sílvia Pérez Cruz e Ana Maria Moix Meseguer

 Cuando yo muera amado mío

No cantes para mí canciones tristes
Olvida falsedades del pasado
Recuerda que fueron solo sueños que tuviste
¡Qué falsa invulnerabilidad la felicidad!
¡Qué falsa invulnerabilidad la felicidad!
¿Dónde estará ahora, dónde estará mañana?
Cuando yo muera amado mío
No me mandes flores a casa
No pongas rosas sobre el mármol de mi fosa, no
No escribas cartas sentimentales que serían solo para ti
No escribas cartas sentimentales que serían solo para ti
Cuando yo muera mañana, mañana, mañana
Habrá cesado el miedo de pensar que ya siempre estaré sola
Que ya siempre estaré sola mañana, mañana
Cuando yo muera mañana, mañana, mañana
Ya habrá cesado el miedo de pensar que ya siempre estaré sola
Que ya siempre estaré sola mañana
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E o louco sou eu?

 Essa mítica frase que agora ressoa,
lembrando que quando o mundo está doido,
parece-nos sempre que nós é que estamos, 
ao contrário do mundo sempre,
meio alienígenas, 
corremos em contramão,
se ele nos grita que estamos loucos
eu e tu será que é assim mesmo
ou nós é que sabemos o que sentimos
e que não sai de nós, não dá para sacudir,
por mais que queiramos nos safar da dor
é mesmo assim ter um grande amor?

É, sempre foi, 
chamam-nos de loucos,
tentam curar-nos e nós buscamos cura, 
mas pouco dura porque a alma não segura, 
nem é porque sou ateu
nem é porque não sou meu,
é só porque não há maior loucura,
do que aquela que nega o que é maior que seu.

segunda-feira, outubro 25, 2021

 Não é inteligente pôr-se a ter ligações e amar pessoas que estão longe fisicamente e que nunca irás ver, mas ainda é menos inteligente amar as que estão longe emocionalmente. 

Ainda dizem que és a pessoa mais inteligente... 

Ainda estou para entender exactamente...

domingo, outubro 24, 2021

O Tempo da Delicadeza

 Sinto falta da delicadeza
Sou do tempo das cartas ainda
Dos pequenos gestos inusitados
Como provas de amor espontâneas
Do cheiro sensual de uma figueira
Num fim de tarde beijado pelo sol
Com o crepúsculo a alaranjar a pele
Tornando tudo mais belo.

Se vieres mesmo, chega para mim assim
No tempo da delicadeza
Em que eu e tu apenas regressamos
Pois nunca nos deviam ter feito separados.

Perdido mas teu

 Perdido mas pertenço-te
Apenas nos braços teus
Me encaixo neste mundo
É langoroso aperto de alma
Que se emboca e funde-se

Só em ti me encontro
Só tu és o meu lugar
Não há outro que esse
Abraçar que escondo
Nos longos braços meus

Sou inumano eu sei
Extraterrestre largado
Mas teu corpo é minha Terra
E tua alma meu Universo. 

Peito Vazio

 Tenho o peito vazio de ter estado cheio
Mas nada foi fluído e tudo contido
até sumir-se em estado gasoso
de tanto sentimento nebuloso.

"Gritar quem pode salvar-me,
do que está dentro de mim"
não adianta nada pois nunca deixei
que o fardo passasse para outro

Ninguém pode salvar-me do vazio
Ele está sempre ali dentro de mim
às vezes flutua, outras afunda-se
é sempre dos tolos o falso ouro

Numa liga metálica com a alma
fundido e forjado na mesma labareda
que me esturricou até às cinzas
toda e qualquer hipótese de felicidade.

sábado, outubro 23, 2021

Indigesto

 Atravessado no piloro
Como um sólido 
O teu desprezo
A tua falta de afecto
Nunca é isso que choro
Mas a impossibilidade 
De ter havido começo
Digno de nós termos
Sem que fosse o que foi
Por tanto medo meu
Por tanto medo nosso.

CANSAÇO

 Há em mim um cansaço de poço sem fundo,

Um desânimo de ver um inabitável mundo

A inércia de um mal demasiadamente profundo

A falta de força de um completo moribundo

O olhar lívido que deixou de ser fecundo.

sexta-feira, outubro 22, 2021

quinta-feira, outubro 21, 2021

Folha Morta

 Sou uma folha desgarrada no vento
que caiu na lama do húmus e lá ficou
sem que a humidade a revitalizasse
não tinha mais seiva nem suavidade

...

quarta-feira, outubro 20, 2021

Saudade e Amor

 Saudade confunde-se com Amor:
na intemporalidade, na estranheza, 
nas miudezas e nos grandes gestos
O que está longe e está perto
Com toda a tristeza e beleza. 

segunda-feira, outubro 18, 2021

 Vês o cigarro que fumaste
e o papel higiénico que descartaste?
Os dois foram usados por ti,
mas só um te fez mal.

Às vezes fica difícil ter compaixão pelos seres humanos naquela de "perdoai-os senhor, pq eles n sabem o q fazem" :||

 Que horror pensar nas atrocidades que os homens cometem, nomeadamente para conseguir satisfazer a sua (palavra q eu mais detesto ainda até hoje) luxúria.
Aproveitam-se de mães solteiras, acabam por forçar mulheres, etc., enfim, nem quero mais pensar nisso. Um horror que só. E uma tristeza. Uma profunda tristeza.

"Mudasti?"

Recordo o anúncio e esboça-se um sorriso nos meus lábios;
mas que tontice essa doidice que me foi suceder,
mudei tanto que já nem reconheço nada do que fui escrever.

Balanço nessa valsa deliciosa do desconhecimento
e rio do que me dizem e profetizam
sem saber do que é a gravidade da minha condição,
na verdade entretenho por momentos o coração
pensando que todas essas pessoas têm razão:
eu que nunca quis casar até seria cómico pensar. 

A vida é mesmo uma tragicomédia 
sempre foi, por isso é tudo tão natural
que já nada se estranha;
porque é que seria uma coisa e não outra?

O meu penar sem fim até me fez repensar tudo hoje;
será que teria mesmo feito afinal como tantas
e escapado assim que tivesse oportunidade
sabendo o que eu sei hoje e tudo o que continuo a penar,
ou os meus princípios são assim tão teimosamente tontos?

Mas verdade seja dita nunca houve nada que não sentisse
que fosse algo que faltava, algo que me fez defender-me
e bem, pelos vistos, se contarmos com o pior dos cenários.

Não sei se mudei assim tanto outra vez
Só para mudar de novo ou já aqui a mudar de volta
mas o que não muda é algo que eu não posso mudar
porque por mais que processe ainda não sai de mim,
nem parece que vá sair tão já de tão sentido. 

Desejos Secretos

 Esconderás fetiches ou nem por isso?
Terás ardente desejo 
que não passe de hormonas em reboliço
aproveitando esse ensejo da idade
que ainda te faz tão atiradiço?

Guardas nas mãos vazias um desejo perene
que é tão substancial quanto a tua sede

Os teus desejos secretos de ouvir o marulhar
esse ondulante e serpenteador atiçador
de fogos húmidos e constantes
que vibram latejantes em pulsante gotejar

ai

hmmmm

é 

Será que algum dia o perdão acontece mesmo?

 Às vezes dou por mim a voltar a sentir remorsos
tanta culpa por causa de uma só pessoa
porque eu nunca tinha feito sofrer ninguém assim
jamais outrem teve essa capacidade em mim
de fazer-me desdobrar-me só para o que era necessário
por mais que fosse tão explosivo e detonador
de propósito para que as lições que tirámos depois
todas elas acontecessem por fim
mas também não sei para que fim
e se sim, se teve de facto finalidade efectiva. 

Volto ao turbilhão do vórtex do tornado
e ele sova-me com os carros que leva das ruas
árvores arrancadas com seus ramos a chicotearem-me
e tijolos e telhas e toneladas de entulho
que o barulho quase ensurdecedor faz latejar na mente.

Outrora, lembro-me, escrevi que todos morremos culpados
que não há redenção possível
mas hoje em dia depois de tudo o que mudei e fiz acontecer
em mim e noutras pessoas terminando anos de culpa maior
quero crer que há pelo menos uma diminuição 
e que será possível não ser revolvido o ressentimento
de vez em vez.

É, queria crer que o amor falava mais alto,
mas ninguém teve esse amor assim tão falante por mim
ainda que tentemos todos coexistir numa espécie de paz podre.

De qualquer forma, pelos vistos há mesmo coisas que não se resolvem,
que são assim mesmo resolvidas, que são como são e eu tenho de aceitar,
que ao contrário do que me diziam que um avô dizia,
não é só a morte que não tem solução. 

domingo, outubro 17, 2021

Apenas mais uma ironia da vida..

 O facto de ninguém nos amar como somos é precisamente o que nos dá liberdade para morrer.

 Tornei-me num radar de beleza, do instante brilhante, da vida dançante, do momento em que o céu toca o mar em todos os tons que há...

Uma só vida não basta... Por isso sou tudo e nada. Eu vivo tudo porque sou nada. Consegui finalmente. 

(escrito a 18.09 no insta como legenda de um pequeno vídeo de uma moça a dançar)

 A vida engoliu-me a seco.

Roda da Fortuna, será loucura?

 Vem buscar-me
Arranca-me de mim
Porque nada é meu mais
Nem o que alguma vez fui
Nem o que me tornei

Não sinto ainda que haja solução
Senão esta coisa que parece um fado
Que eu jamais tinha escolhido ou pensado
Mas é só o que faz bater o meu coração

Fizeram-me um feitiço creio
Hoje outra pessoa disse o mesmo que outra
Eu ri-me claro do que me parece loucura
Tudo tão improvável e disparate
Mas o facto é que não há outro sentimento
Que não ainda este de total pertencimento.

sábado, outubro 16, 2021

 É vendo o que escrevi no passado (e que perdeu o seu significado) que a certeza de que tudo passa, por mais que demore, aumenta.

 No intuito de confundir o algoritmo
Agarro-me ao teu ritmo
E deixo-me navegar 💗

sexta-feira, outubro 15, 2021

Bem-Vindo

 Eis a feira de diversões da vida: tens a casa dos horrores de traumas, a roleta russa de gatilhos e mesmo que acertes nalguma coisa o teu prémio final é sempre a morte 🙂

Andar o Mundo

 Deixar o Mundo andar dentro de nós,
ter visão dele e deixarmo-nos escutar,
enxergar fundo nos olhos das pessoas,
da sua miséria e da sua dor maior
e ganhar finalmente a humildade 
que tanto te enriqueceria
e te faria abrir para as pessoas. 



quinta-feira, outubro 14, 2021

... porque sem ti o que mais queria perdeu sentido.

 Não quero ver o mar sem ti
por mais que seja o mar que mais queira ver
Não quero ver o pôr-do-sol sem ti
por mais que seja o pôr-do-sol que mais queira receber

Poder-te dizer "amo-te sem medo"
como seria bom não ser só mais um enredo

Mas o segredo em que nos enredamos 
não abre a concha para que a pérola saia
e venha brilhar com a luz do sol 

e eu fico aqui 
mais para molusco mole
do que para mim

quarta-feira, outubro 13, 2021

Até o Fim - Cézar Mendes

Se a gente não sabe se ama
Se a gente não sabe se quer
Não vai saciar essa chama
Se não decifrar o que é
Se algo entre nós se insinua
E doce tontura nos traz
O que delicia tortura
E não dá descanso nem paz
É que o amor não se dissolve assim
Sem dor, se não for
Até o fim
Se a gente não sabe se ama
E não se decide que quer
A dúvida não desinflama
Enquanto a gente não se der
Mas se algo entre nós se anuncia
E não se disfarça sequer
Não dá pra deixar pra outro dia
De outra semana qualquer
É que o amor não se dissolve assim
Sem dor, se não for
Até o fim
É que o amor não se dissolve assim
Sem dor, se não for
Até o fim

 Flutuo...

porque a gravidade existe
...

terça-feira, outubro 12, 2021

Tu és tão bonita, sabes?

 Tu és um belo Ser
Vi-te maravilhosa
Debulhada em lágrimas
Mas de facto quando ergues paredes
Ficas quase péssima e feia
Como uma cleópatra má
Que manda açoitar trabalhadores-escravos;
Com esgares de perfidez e maquiavelismo,
Mais brilha o verde que há nos teus olhos.

Mas tu és tão bonita, sabes? 

Da fortaleza da mente

 E com isto tudo, serviu para a bela epifania de que ser mais auto-suficiente que o comum é então o que faz com que haja tantas pessoas a acharem que sou a pessoa mais forte que conhecem, mesmo quando eu estou completamente destruída por dentro aquando de lutos. É deveras interessante porque vem pela primeira vez abrir uma alternativa à outra primeira ideia da desresponsabilização. 

A recuperação mais célere, a cada vez, independentemente de hiperadrenalismo cerebral e agregados processarem muito mais rapidamente tudo, vem corroborar com a ideia da fortaleza da mente. 

A capacidade de ser independente, autónomo, sabendo conviver consigo mesmo e que é a unica especialização de facto necessária para o ser humano continua ser fulcral, nomeadamente para se chegar a um outro entendimento de absoluta importância: o próprio conceito de insuficiência só ocorre mediante outrem. 

#mindblown #donosdaporratoda #packoflonelywolves <3

A solitude continua a ser o templo onde o poeta se constrói e se destrói e reconstrói.
Nada pode perturbar a solitude nem a mente que é um palácio decorado a pietra dura
O resto é nada. 
E tudo é então maravilhoso como as reflexões de luz que raiam ao ripostar das suas paredes majestosas, refracções inúmeras dos milhares de pedras preciosas.

segunda-feira, outubro 11, 2021

tudo é vão...

 ... porque tudo passa

só o teu amor é real,
ou melhor,
o amor que eu sinto
por ti

enlaça num afagar
e o meu corpo
que não existe
torna-se etéreo
nesse eterno amor.

Sempre

 O meu amor maior por ti serve-te de alguma coisa? Aquele "estamos juntos sempre Soninha", que encontrei há pouco e nem me lembrava, levei eu muito a sério quando sinto que sim, que é a todo o instante cá dentro? O ser amado de todos os dias, todos os instantes o maior bem querer, a pessoa que se quer ver feliz mais que todos... Ainda resta saber se te vale de alguma coisa, se a proximidade do coração no abraço, o beijo no meio da testa, ou nem nada disso, pois tudo é tão forte e avassalador que nada é preciso para haver ligação, ela só existe e parece que atravessa o tempo e pronto. 

É, só resta o Amor ao qual nos agarrarmos enquanto estamos neste mundo tão terreno... Eu abraço-te sempre, faz de conta, não é? Eu amo-te sempre, é de verdade, porque não há outra forma de ser. O meu afecto é inteiramente cabido dentro do teu corpo, assim como queria que o meu corpo fosse maior para poder conter o teu num abraço. 

(sempre permanecerá "tua alma nua minha dor não cura"; incrível como já nem tenho conseguido ouvir essa favorita e recordista de loops)

Há dores tão profundas...

 Há dores que são tão profundas, que estão impregnadas em todos núcleos das nossas células e ainda mais, tomam conta do que é inefável, a alma. 
Não há canto, nem grito, que as retire de nós.
O silêncio é como uma suspensão, um afundamento em nós mesmos, afogados em areias movediças e sufocados, a cair eternamente no buraco que se abriu e não tem fim. 
Não é que a música não salve, mas quando não se consegue pôr cá para fora pois a dor é demasiadamente imensurável, então não há maneira de a expurgar. 

Essa dor maior, creio que vem por acumulação e quando há um evento terrível, daqueles inacreditáveis, começam todas as outras dores a vir-nos atropelar como lenços que um mágico puxa da manga ou da cartola, mas num cenário de inferno a preto e branco em totais tons contrastantes.

Deixar a dor doer até se cansar tanto quanto ela me exaurir. Até se tornar no mais fino pó de cinza e um vento voltar a soprar para a levar. 

Faço do que fazes com a boca 
um remédio para o meu desejo
porque no fim só resta o amor.

Nada mais faz sentido.

sábado, outubro 09, 2021

"És fascinação, Amor"

 A tua inocência, 
o teu medo,
a tua emoção,
a tua complacência
o teu segredo,
o teu tesão, 
a tua paciência,
o teu degredo,
a tua paixão
a tua insegurança,
o teu amor,
a tua mentira,
a tua ilusão.

 Amei as palavras

Dei-me a elas absolutamente Palavras ditas, escritas Já há muito tempo que as palavras me cansam Não as procuro há mto tempo Mas elas insistem em jorrar de mim Urjo o silêncio Só o silêncio me pode curar Dos biliőes de palavras que me fizeram naufragar.

sexta-feira, outubro 08, 2021

Qual seria o teu nome?

 Imaginei ser a tua tia que ia jogar pingue-pongue contigo e que iria ver-te jogar com o teu pai à bola como ele tanto queria. Não sei se serias menino ou menina, mas como sempre vejo as pessoas como pessoas só, vai dar no mesmo. Embora tivesse muita certeza que ias ser um menino. 

Imaginei que ias ser muito bonito logo à nascença, com feições na cara muito bonitas, por causa dos teus pais. 

Imaginei-te sim, amei-te sim e ainda te amo...

Houve alguém que me explicou que nesses casos há almas que são frágeis porque ainda estão apegadas e não conseguem nem querem reincarnar. O meu défice de crença não me faz crer muito em nada, mas acreditei que pudesse haver um milagre mesmo. Até vibrei nesse sentido pensando que o amor que contenho com uma outra pessoa, que se fosse tão forte que pudesse reavivar-te, era mesmo incrível. 

A mente tem destas coisas. Agora tento processar tudo e até o facto de ter tudo acontecido neste mês em que está quase a completar um ano da perda de quem foi mais do que uma mãe para mim. 

Estou muito cansada. Eu queria ter trocado contigo, pensei mesmo que ia ter essa hipótese para o ano, que tu virias substituir-me. Mas não. Eu continuo aqui a sofrer as perdas sucessivas, completamente sozinha e sem poder contar com ninguém. 

Eu já tenho até saudades tuas. :) Enfim..., sempre tonta, esta que seria a tua tia. 

quinta-feira, outubro 07, 2021

 Escrevo-te um poema com os lábios

Levo-te à boca um só verso 

E, de resto, deixo o nosso silêncio falar mais alto.

 Consegues ver-me mas não consegues enxergar-me

Consegues ouvir-me mas não consegues escutar-me

Consegues olhar-me mas não consegues abraçar-me 

E ainda assim o que sentimos continua bonito e intocável

Como a nossa alma única

Que não cedeu.

quarta-feira, outubro 06, 2021

- Quando constróis uma narrativa, acreditas nela?
- Não por muito tempo.

Do eterno luto

 Quantas vezes perdemos a vida 
nossa e dos outros
não sei mais
tornou-se tudo tão incontável
tão pardo de novo
tão enevoado
que não enxergo nada.


(qual seria o teu nome? a ouvir "sweet jane" em loop)

 Não é uma coisa física, é metafísica. Hahaha se calhar fomos grandes rivais de Xadrez em vidas passadas. 

Sabe-se lá hehe 

Ahh como eu te amo hehe

E como tb é engraçado depois às vezes toda a irritação pequenita que nos dá.

terça-feira, outubro 05, 2021

TPC

 Parar disso de dizer "moribunda imprestável". 

Ver disso de doença de Addison e relação com o mundo, espiritualmente. 

Ela está feliz, sítio verdejante com o pintor. Chorei acho que também por essa ideia de que o paraíso é o que mais queríamos mas que só acontece ao já não existirmos aqui. 

Vi/senti de novo a tal ligação tão absolutamente.

Enfim... 

 Porque é que eu tenho de sofrer perdas toda a hora, murros no estômago volta e meia? Porque é que me tiras até a nova esperança, mesmo que fosse para eu morrer e me substituir? Estava mais do que na altura não? Porque é que ainda tenho de ficar aqui a penar sempre completamente embrenhada nos pensamentos sozinha?

;((((

Corazón Partío - Alejandro Sanz

 Tiritas pa este corazón partió

Tiritas pa este corazón partió Ya lo ves, que no hay dos sin tres Que la vida va y viene y que no se detiene Y, qué sé yo Pero miénteme, aunque sea dime que algo queda entre nosotros dos Que en tu habitación nunca sale el sol Ni existe el tiempo ni el dolor Llévame si quieres a perder A ningún destino, sin ningún por qué Ya lo sé, que corazón que no ve Es corazón que no siente O corazón que te miente amor Pero, sabes que en lo más profundo de mi alma Sigue aquel dolor por creer en ti ¿Qué fue de la ilusión y de lo bello que es vivir? Para qué me curaste cuando estaba herido Si hoy me dejas de nuevo el corazón partió ¿Y quién me va a entregar sus emociones? ¿Quién me va a pedir que nunca le abandone? ¿Quién me tapará esta noche si hace frío? ¿Quién me va a curar el corazón partió? ¿Quién llenará de primaveras este enero Y bajará la luna para que juguemos? Dime, si tú te vas, dime cariño mío ¿Quién me va a curar el corazón partió? Dar solamente aquello que te sobra Nunca fue compartir, sino dar limosna, amor Si no lo sabes tú, te lo digo yo Después de la tormenta siempre llega la calma Pero, sé que después de ti Después de ti no hay nada Para qué me curaste cuando estaba herido Si hoy me dejas de nuevo con el corazón partió ¿Quién me va a entregar sus emociones? ¿Quién me va a pedir que nunca le abandone? ¿Quién me tapará esta noche si hace frío? ¿Quién me va a curar el corazón partió? ¿Quién llenará de primaveras este enero Y bajará la luna para que juguemos? Dime, si tú te vas, dime cariño mío ¿Quién me va a curar el corazón partió? ¿Quién me va a entregar sus emociones? ¿Quién me va a pedir que nunca le abandone? ¿Quién me tapará esta noche si hace frío? ¿Quién me va a curar el corazón partió? ¿Quién llenará de primaveras este enero Y bajará la luna para que juguemos? Dime, si tú te vas, dime cariño mío ¿Quién me va a curar el corazón partió?

Desumanidade

 Eu estava muito melhor antes, quando não tinha contacto com a Humanidade e não tinha de sofrer ainda mais com os seus maus-tratos e negligências. Não sei porque é que deixei que me convencessem do contrário depois de tantos anos. A memória certamente foi a culpada. 

As pessoas fazem-me querer morrer, foi sempre assim. Esta impossibilidade de ser consciente e mesmo assim ter de continuar a viver num mundo atroz, o problema de que todos os pensadores desde a Antiguidade já mencionavam. 

 Essa coisa de falso alarme de ser o fim do mundo está a ficar demodé...


segunda-feira, outubro 04, 2021

O impassível e o impossível

 O impassível e o impossível,
as pétalas secas que pesam mais
e a gravidade que o vento não aguenta
e fá-las cair mortas no chão.

As minhas mãos que esperam as tuas,
será que as suas linhas são duras
ou ainda poderemos desenhar um final
mais marcado e enrugado nos pares delas?

Espero-te ouvir e enquanto desespero 
por não poder sequer te ver sorrir
escuto a tua voz como se a cantar para mim
feliz assim como quem sempre amou

Quanto segredo cabe nos teus lábios
e quanta verdade cabe nos meus
nunca saberemos creio
mas suponho que já não somos ateus
nem tanto uns crentes sábios
somente talvez aprendizes de magos
nesse feitiço de amor que nos aconteceu.

Assim como busco na comida aquela sensação
de se sentir um incrível sabor diferente pela primeira vez,
em ti procuro apenas aqueles momentos
em que o teu olhar me diz tudo o que é importante de se ouvir
e maior de se sentir. 

 Que o impossível seja temporário e não dure anos como tem sido no meu caso.

 Nunca te desejaria a sina de amares alguém moribundo, ainda que todos de certa maneira o sejam.

sábado, outubro 02, 2021

sexta-feira, outubro 01, 2021

 O que sinto por ti é tão enorme que fico sem palavras...

 Porque é que a pessoa cujos todos pedacinhos podíamos amar não existe?
É, faltou um pedacinho em ti para ter completado esse puzzle do amor. 

Amizade e Amor

Quem é teu amigo de verdade?
Quem te ama mesmo?
É possível que seja quem te ignora e despreza?
Consegue alguém conceber algo assim?

O que é a Amizade?
O que é o Amor?

Ao que é que dás valor?