Nada do que digo, escrevo ou sequer penso é real. Ser poeta é apenas o artifício de apanhar do ar tudo o que quer e pode chegar.
A multiplicidade e complexidade de sempre continuam a servir-me para a manutenção da minha aspiração contínua de há anos, de ser nada, o absoluto nada.
Sou a pessoa mais em conformidade com o nada e portando-o como emblema, que conheço, sendo tão incrivelmente feliz com esse facto.
Mesmo após duras provas e provaçőes, intensos atentados ao meu nada, ele é tudo o que ainda sou. Maravilhosamente nada. Foi mesmo assustador confrontar-me com as coisas dos outros, as suas carências, necessidades, egos, grupos, enfim, tudo o que o ser humano tão previsivelmente é e faz em sociedade. O barulho repetitivo, a euforia desgarrada, tudo para fingir que não existe a morte, para fingir uma vida.
Acabam todos exaustos.
Eu com o meu nada consegui a tal ausência de tudo, poder flutuar apenas que nem um fantasminha brincalhão, ainda mais agora dominando o "observar e não absorver".
A vida foi um desafio diário impossível até eu chegar a completar o puzzle e atingido o estado de destruição de um Samadhi.
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