sábado, julho 16, 2022

Da Exposição

Durante 7 anos de namoro e mais uns 7 de continuarmos melhores amigos, nunca ninguém conseguiu tirar fotos nossas. Eu tirei algumas, mas poucas, nunca directa/, sempre o nosso reflexo nalguma superfície, ou três em que são pedaços de nós assim; dois escritores que não gostavam de aparecer deu nisso e tb eu brincava e respondia às pessoas que não queria porque como era meio índia as fotos iriam capturar a minha alma e tb que se alguém tirasse uma foto nossa conjunta havia de se quebrar tudo entre nós. A não-exposição à chibaria e ao 'grande irmão', mais a nossa convicção de querer rasgar o B.I. e ir para uma ilha, fez-nos os últimos dos eremitas. Nos últimos tempos, contra tb essa cultura de não-exposição, tão própria europeia, por ter-me submergido aqui numa realidade cultural completa/ oposta, fiz então esse esforço de me "expor", pelo menos no que concerne a aparecer com a minha imagem, embora com a modulação própria do audiovisual. Foi um caminho - ainda mais com as minhas limitações de saúde - bastante insano, pois ao mesmo tempo que tentei desmistificar esse fenómeno, ora numa de "no one cares, why should I, what's the big deal?", também tive saudades da pessoa de 'backoffice' que sempre houve em mim desde origem. Claro que, como sempre aprendi em Comunicação, quanto maior a exposição mais azo a opinião (que geralmente "ninguém pediu", mas nessa outra cultura do 'show-off' todos no fundo pediram e vivem disso, que é pior. Continuei a usufruir da minha liberdade de mera observadora, inclusive às vezes, aquando da recepção das ditas opiniões por mensagem directa, divertindo-me ao relembrar a velha frase que ouvi aos 15 anos e sempre foi mesmo isso "mas ninguém te conhece". Pois é, ainda assim, outros poucos dos que julgavam conhecer-me espantaram-se muito, dizendo inclusive que nem me reconheceram. Verdade seja dita que mudei completa/, de novo, nos últimos tempos, e sempre mudava todos os dias, sempre fiz assim desde pequena, mas assim tão absolutamente nunca.

Deu-se mm na altura mais certa, depois de ter começado o processo de desconstrução do ego em 2017 e, após os últimos 2 anos de profunda depressão e esvaziamento com a despersonalização, devido a todos os mais de 20 lutos sucessivos de pessoas que me tocaram na minha vida, dei por mim naturalmente a reconstruir o tal do ego para a sua forma mais pacífica constituída por Silêncio e Paz, mas desta vez após anos de mongitude, com a verdadeira noção de que não me era algo que tb me tinha sido imposto pelos condicionalismos vários que sofremos. O caminho da Paz é tortuoso, mas uma vez alcançado, sem ser por causa de algo externo, é um bocado como a frase "nothing's gonna change my world" da música favorita dos Beatles (All Across the Universe) de um amado professor que tive na faculdade, que dizia que eu era a pessoa mais forte e mais lúcida (isto, tal como todos os elogios que me fazem, nunca levei muito a peito, talvez outrora infelizmente mas hoje em dia conscientemente); portanto, por mais que o fim do mundo ocorra e eu me condoa com ele todos os dias, o meu sentimento de paz, mesmo ainda não gostando de deixar coisas não-resolvidas, está bem impregnado para com tudo para que servi e para com a minha iminente partida. ☆♡ 

13/07/2022 insta post

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