Lembras-te quando era o fim do mundo e o nosso amor simplesmente aconteceu, tão fecundo e tão ardoroso quanto o fogo de Prometeu?
Eu nunca tive tanto medo do que sentia por um homem. Desse amor louco que me ultrapassou inesperadamente.
Não há nada no Mundo que se assemelhe; nem a força devastadora de furacões, nem a destruição arrasadora de vulcões, nem o som avassalador de trovões.
Ambos notáveis insomníacos, músicos ocasionais de flauta no quarto e percussão, com bolas malabaristas, humoristas, ávidos leitores de poesias, sonhadores rebeldes velocistas, traídos, abandonados, taciturnos, isolados, temperamentais, com a ferida materna...
As gargalhadas do Mundo fazem o meu estômago revolver-se de tanto nojo, nem posso dizer que não passam de uma canção vã, pois ferem o mais íntimo da pureza do meu e do teu ser. Tudo agora é vão e pura melancolia.
De novo, dois seres demasiado puros para este mundo.
Para entender as profundezas da dor é preciso ir às fossas abissais da alma.
Com sorte, regressas vivo, mesmo que sintas que grande parte de ti já morreu.
Sabes porque é que nunca te dei valor? Porque tu estragaste o teu próprio valor, sendo cruel, fazendo extremamente mal aos outros, fazendo-os sofrer por ganância, por ignorância, por ideologias fascistas sendo racista e narcisista.
Nada em ti tem valor. Tudo em ti é psicopatia e horror.
Nesta minha vida, foram muitas as despedidas. Só nos anos da pandemia do coronavírus foram dezenas e no ano passado mais de meia dúzia. Todos mortos maioritariamente de algo inesperado por todos. Eu fui-me isolando cada vez mais, aliás, tem sido assim desde que fiquei mais doente há uns 25 anos. Mas houve períodos em que me auto-ostracizei mais, como desde 2012 até hoje. Já se passaram 13 anos, entretanto. Estive num estado de suspensão, desde os meus 31 anos, portanto. Faz sentido então que as pessoas ainda digam que pareço ter quase 30 anos, quando em vez agora já tenho 43. A minha vida congelou, a pouca que eu tinha, na verdade, quase como um robot, como todas as outras pessoas que vivem uma vida dita normal, mas sem grandes condições. Só que eu tinha de me esforçar sempre mais. Sangrando, quase morrendo sempre, arriscando todos os dias um bocado, esforçando-me por coisas que na verdade talvez não se equiparassem ao valor do meu esforço. É, houve muito disso nesta vida: um esforço desmedido para conseguir sobreviver o dia-a-dia e levar todo o mundo para o seu melhor.
Se eu tivesse feito o que queria, teria mesmo morrido antes de nascer, quando ela caiu da escada. Tenho pena de só ter ficado sequelada de tudo de mal que me foi feito nesta vida.
Ninguém sabe de nada. Ninguém conhece os monstros que eu tive de enfrentar desde que nasci. A violência, os abusos, os maus-tratos, os assédios, os "ismos" todos desde o fascismo, ao racismo, ao esclavagismo, ao machismo, ao chauvinismo, ao sismo que é ter nascido neste mundo sendo e aparentando como sou.
Tudo o que me foi tirado, tudo o que era meu e foi dado aos outros, tudo o que me foi roubado, tudo em mim que foi pisado e vilipendiado. Não há nada em mim que não tenha sido visto pelos outros como errado onde eu nasci. Não há ninguém que saiba como eu sei o que é ser errado aqui.
"Absinto-me de ti" e não vivo. Porque viver sem ti é uma traição a nós. Nunca houve tamanha explosão de sentidos. Não tão intenso vórtice de desvario e confusão. Foi só uma altura difícil; não, não foi só isso não.
És tu quem me corre nas veias e me fala ao ouvido, sempre zangado, sempre estoirado de tanta impaciência e a dizer "não me toques", "não chegues perto de mim", "afasta-te", "deixa-me". Eu não te olhei nos olhos. Não consegui. Não pude deixar o medo de lado e a mágoa, essa dor, essa vergonha, não dá para ignorar.
Tu foste a mulher que eu mais amei e não to disse.
(se sentes a minha falta, diz, porra! ou senão, pára de pensar em mim)
Se pudesses escolher alguém para ti deste mundo inteirinho, quem escolherias?
Eu escolhia-te a ti e havia de me sentir todos os dias como a pessoa mais sortuda do mundo por te ter encontrado.
Ele é tudo o que está à espera dentro de mim no meu peito, a força do milagre, a força do amor. E é muito bonito, essa essência do amor, essa semente guardada em nós no nosso coração.
Parece a calidez de uma tarde de Verão, que nos envolve em comunhão com o Sol e deixa todas as partículas a voar em suspensão. Raios de luz desenhados a atravessar o céu até nós, como que a abençoar-nos de Paz.
Esse manto que nos abriga das intempéries, cobertor-abraço, quando ele veio ter comigo e eu desabei qual catástrofe natural, e ele acolheu o meu deslizamento de terras, a mistura de água enlameada, a minha luta, o meu cansaço.
Quando o amor é mágico e existe além de qualquer barreira, podes ver-me sem o teu ego e apenas com compreensão. Aí entendes que não há qualquer impedimento onde há a força do amor presente.
Sim, tens razão, que se eu estou sozinha o mal deve ser meu, que eu sou intolerante e que não conheces ninguém que seja como eu que deixo logo de falar às pessoas. Sabes, o problema sou eu mesmo, não só por não ter glândula suprarrenal a produzir as hormonas necessárias para lidar com stresses, mas porque eu não gosto das coisas más que as pessoas fazem a si mesmas e aos outros. Sou intolerante com as desconsiderações, as indiferenças, as injustiças, as psicopatias, as frivolidades e alienações, os vícios, os dogmas, as violências e tudo mais que me afecta grandemente.
Dos três grandes amores que tive, todos eles me salvaram deles mesmos, porque eu provavelmente jamais os deixaria. E, por isso, eu agradeço-lhes, pois ao partirem o meu coração apenas mostraram-me o quanto eu lhes fiz terem consciência especialmente de mim.
É importante ver as escolhas que as pessoas fazem: se escolheram porque quiseram, ou se fizeram porque não tinham escolha.
Nós, mulheres, que tivemos de nos defender e fomos construindo um muro em volta, intransponível, para que nunca mais ninguém nos fizesse sofrer... A sociedade tirou o nosso livre viver.
... pus-me a ouvir o álbum Montanha de Roberto Carlos, como o meu pai sempre foi fã dele tem muitos álbuns, mas infelizmente nenhum tem a música "Você" que era a que eu queria ouvir.
Entretanto, pus-me praticamente a rasgar o coração quando ouvi "Por Amor", À Distância" e Você já me esqueceu".
Não sei porquê esta coisa de ouvir vinil ao Domingo ser tão significativa, mas é provável que tenha que ver com a infância. Eu já não ouvia há muito tempo. Ainda bem que pus-me a ouvir.
Continuo a não conseguir tirá-los de mim, todos os dias esta sina, mas que ao menos tenha boa banda sonora.
A cara dele sorridente, ele sempre tão imponente, como é que eu alguma vez vou conseguir tirar as recordações e todas essas imagens da minha cabeça? Meu amor. Meus amados lá tão longe 😭"essas recordações me matam" 💔
O meu ser mais amado foi um homem que sobreviveu a tudo, pura alegria e pura escuridão, ninguém nunca soube o que ele escondia e ele nunca viveu em contramão. Ele fazia o que podia, sempre tão assertivo e determinado, o meu ser mais amado era sempre um bom empregado e também era ele que tudo conduzia. Tinha um perfeccionismo nele enraizado, apesar de emanar insegurança, fazia parte e ninguém muito o entendia só vendo a sua raiva de criança. Esse inconformismo era das nossas poucas coisas em comum. A minha bússola moral era para mim um máximo capital para o bem maior e a dele era mormente para ele mesmo. Raramente se arriscava nesses departamentos. O meu ser mais amado foi por mim um pouco imaginado nas maiores virtudes d'alma que um coração pode ter. O que eu lhe via por dentro era o ser mais belo que podia acontecer. Por muito tempo eu vi claramente essa alva, altiva e imponente figura ter a maior retidão e bonomia possíveis e isso fez-me acreditar que ele era quem me cabia. Se há alguém neste mundo que é completamente perfeito para mim, é esse meu ser mais amado imaginado, forte, corajoso e melhor ser humano, que eu nunca vi.
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