terça-feira, outubro 14, 2025

o barco vai

 ... houve momentos em que te amei com uma doce ternura suspensa, como a que soa na primeira sinfonia de brahms.

nenhuma das tuas maldições pode eliminar isso, mas sei que o tempo sim. 

quando me lias, ouvias a minha voz? 

será que os pássaros ainda podem falar por ti? 

só a dor e a mágoa nos fazem aprender, de uma vez por todas, a pôr limites e deixar quem nos faz mal. saiu-me bastante caro impor-te essa lição. rasguei completamente o meu coração. mas eu só existi ali, naqueles momentos, para a servidão. 

mudei tanto, entretanto, pois umas trinta vidas processei. não sinto nada do que sentia pelos que senti toda uma vida. já nada, de novo, tem lugar. nem a morte a aguardar. 

"o tempo vem, o tempo vai", um classicismo mesmo com o experimentalismo. 

uma solitude absoluta de mais de doze anos e ainda não sei de nada nem me interessa saber. este vazio foi almejado. o fim da intelectualidade. sem o início de mais nada. 

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