sexta-feira, julho 01, 2022

Já faz anos que não falo com quase ninguém

 Para quê falar com pessoas-livros
pessoas-documentários, pessoas-fofocas?
Para isso leria em vez os livros,
veria os documentários,
e leria revistas cor-de-rosa e afins.

As únicas coisas que me interessavam
poderiam ser as pessoas em si,
elas que supostamente contêm universos,
mas infelizmente só são nebulosas
com tantas máscaras grossas e toscas
mentiras vãs e ocas
para as quais não há mais paciência.

Saudades das pessoas que têm mundos
criados por elas mesmas dentro
tão ricos e profundos
tão interessantes com os seus delírios
e devaneios que pensam por si
não copiam os outros ipsis verbis
não têm medo de ser assim
assumem que estão perdidas a navegar
em busca de um dos sete mares

Sem comentários: