sexta-feira, junho 06, 2025

Abstinência afectiva

 Depois de perder um grande amor
Fica um buraco fundo no peito 
E não há nada que o preencha
Senão uma enorme dor
E isso não é nada de direito 
Que se resolva com chá sencha 

Passa-se muito tempo relembrando
De tudo o que foi de bom e de mau
São memórias que vão chegando 
Aleatoriamente como um vau
Emergindo na seca do mar 
Fazendo-se notar

Há um remédio no entanto 
Que se aplica como tratamento 
Duradouro e a seu tempo
Se vai encontrando unguento 
Em fazer um novo tanto
De amigos, coisas e um alento

Mas a verdade ninguém esconde
Pelo menos não por muito 
Seja rei, rainha, lorde ou conde
Sofre da mesma maneira 
A humildade do penar
Mesmo não tendo esse intuito


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