Eu ainda sou a mesma, não parti. Embora tenha o meu coração sido já partido amiúde e tantas vezes o meu corpo despedaçado e ainda mais profundamente a minha alma trucidada, ainda que menos vezes, ainda sou eu quem quis que estivesses bem e fosses feliz, que tivesses, em suma, tudo o que querias, fossem pessoas, vinho, alegrias mil, fantasias eternas de primaveril, rotundas e bojudas derrières, infinitas músicas e arcas de noés.
Mas talvez tu saibas melhor do que eu, como sempre soubeste, consultando as tuas bruxas e livros, ou não, se eu sou de facto a mesma que te amou. Sei que não, mas não sei. Tudo aponta que sim. Mas não sei. Tu saberás melhor, como sempre soubeste. Deixo a ti a decisão. Como quando pesaste na balança e o meu coração não te valeu um quinhão. É, eu sempre fui a mesma, só a destruição que me atingiu mudou. Eu volto volta e meia ao que era antes no momento, aquele mesmo momento, em que não me deixei cair imediatamente ao balázio da bazuca no meu peito, apenas segui arrastando-me.
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