domingo, junho 08, 2025

O que é que queres que te diga?

 Queres que te diga que te amo e que esse amor destoçou-me, rasgando-me o peito deixando-o em ferida aberta, sangrando, em todos estes anos? 

Que não houve até agora um só dia que não me viesses à cabeça, ou trocasse o nome de outro pelo teu nome na minha cabeça sem querer? 

Que vivo numa corda bamba de ora tentar enveredar por detestar-te por tudo o que me fizeste, ora amar-te com o desespero de quem te perdeu e nunca te vai ver? 

Que passo os dias a oscilar entre processos de calma e raiva? Tentando arejar, seguir em frente, porque "passado pertence a museu", porque "tudo muda", porque"tudo é ilusão", porque "eu nem sequer te conheço", porque "eu estou doente", porque "eu não tenho nada para oferecer", porque "eu ainda acredito", porque "há um amor que te vai merecer"...

Que muitas vezes ainda luto contra esta vontade de te ver, sabendo que provavelmente não és tu. Mas és, sempre foste, só tu. O meu amor de perdição, a minha danação. Esse amor que só existiu por segundos e na minha cabeça, sem nunca ter encontrado alguém que era a pessoa certa para mim. Nunca existiu ninguém, afinal, nem mesmo quando eu tinha 17 anos e o primeiro grande amor me fez querer morrer. 

"Qual é o teu tipo?", perguntou um rapaz numa série a uma rapariga. Ela respondeu um dia depois quando o viu fazer um acto heróico: "o meu tipo é como tu foste, um incrível herói" e beijou-o. 

Não há heróis na realidade, só há falsos heróis. 


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