terça-feira, setembro 30, 2025
segunda-feira, setembro 29, 2025
E eu só peço desculpas
Um lento esquecimento
domingo, setembro 28, 2025
sábado, setembro 27, 2025
Lutas vãs
Os argumentos contra os factos
sexta-feira, setembro 26, 2025
Tu/Eu
A tua complexidade e doçura assemelham-se ao licor de bolota que só depois de te inundar a boca de mel te lembra do travo forte e profundo com um toque seco de castanha.
Tu pertences a uma categoria rara de flores e frutos silvestres. Talvez sejas a última da espécie em extinção. Talvez já ninguém mais tenha um selvagem, doce e livre coração.
Os pássaros soam mais alto quando tu estás por perto e o vento acompanha a tua fúria, porque tu és senhora tempestade e serenidade. Tu és quem encheu a lua de ternura e brandura, quem deu ao mar a sua majestade. Tu és a pura felicidade de ser e perceber.
Só tu alcanças a explosão do fascínio do maravilhamento sem euforia, somente absoluta contemplação.
O céu é o teu melhor amigo e o amor da tua vida fui eu.
quinta-feira, setembro 25, 2025
À flor da pele
Hoje lacrimejei no supermercado quando uma senhora muçulmana com máscara e com um casal de filhos pequenos teve o seu cartão de débito recusado, mas a senhora que estava a seguir pagou os poucos artigos para que as crianças pudessem comer. Eu também me cheguei à frente, claro, com a intenção de pagar. Depois, simplesmente agradeci à outra senhora por tê-lo feito. Só depois é que eu me lembrei que não tinha o meu cartão e quem tinha o dinheiro e estava na fila era o meu pai, porque eu tinha ido à casa-de-banho e vi esta cena acontecer na saída da caixa. A menina criança fez-me lembrar de mim quando eu era pequenina, muito parecida com ela. O menino depois perguntava se podia levar a comida, eu disse que sim e peguei um pacote de leite e dei-lhe.
E, claro, depois quando a senhora que pagou ia embora também pensei em como no meu tempo não havia gente bondosa assim. Obviamente havia lembrado, antes mesmo, de Gaza. E como o mundo consegue ser horrível. Deu para ver quanto estou à flor da pele. Senti que se não parasse as lágrimas enquanto me corriam mais, era bem capaz de ter ali mesmo um desaguar imparável.
Quem nunca passou fome, não sabe o que é essa dor maior que não só perfura o estômago, mas a alma e o coração.
quarta-feira, setembro 17, 2025
Estás exausto? "Descansa", dizem.
Não consegues descansar? Um dia, o corpo há-de parar. E a mente? Essa há-de fritar até esturricar, ou liquefazer-se. Explosão, combustão, falta de combustível, curto-circuito, acumulação, congelamento, depressão, esgotamento, inacção.
"Tu mereces tudo do melhor, quem te ame e todo sucesso do mundo, desejo que sejas muito feliz", mas - atenção - não contes comigo para nada, especialmente quando precisares.
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Eu tive um professor que me dizia, certo dia, que as pessoas, a sociedade, o mundo, são uma fossa séptica a céu aberto. Apesar de ele me achar uma pessoa extremamente lúcida, eu devia ter-lhe dito que eu não guardo ressentimentos das pessoas, apesar de acumular traumas perpetrados em mim por elas e que continuo sempre a amar até os meus piores inimigos. Muitos acham que eu sou totó assim, mas entretanto gosto mais de mim.
domingo, setembro 14, 2025
Hermetismo
sexta-feira, setembro 12, 2025
Setembro
Desconheço
Sem ti
quinta-feira, setembro 11, 2025
Fazer Poesia
quarta-feira, setembro 10, 2025
O espaço entre as coisas
terça-feira, setembro 09, 2025
Coisas de que desisto a partir de hoje
A vida toda eu quis ter um amigo que fosse como um irmão mais velho para mim, que me protegesse e acarinhasse de uma forma saudável. Infelizmente, depois de décadas, tenho de me render à evidência de que nenhum rapaz consegue ser amigo assim de uma rapariga sem ficar com outras ideias e complicar tudo. Admitir que já não tenho essa necessidade que acabou por me pôr em alhadas, hoje é muito bom e liberta-me de todas essas complicações.
Também desisto finalmente de me preocupar com a saúde dos outros, especialmente feliz por isso já que nem os próprios foram alguma vez capaz de o fazer cabalmente. Inclusive desisto inteiramente de tentar entender pessoas bêbedas.
Tendo desistido de relações amorosas há mais de 12 anos, hoje eu decido conscientemente desistir também de toda a ideia do amor de que sempre fui tão apologista.
Chegou finalmente o dia de encarar a realidade e deixar de ser a poeta romântica iludida.
O amor não existe, afinal. Nenhum, em forma alguma. Porque não é possível enquanto substantivo independente.
segunda-feira, setembro 08, 2025
domingo, setembro 07, 2025
Nunca houve um amor como o nosso
Esclarecimentos de um coração partido
Desisti de escrever isto, porque era muita coisa para revisitar e esmiuçar. Mas começou por ter pensado que se eu tive vontade de morrer quando aos 17 anos fui traída pelo primeiro grande amor, ele deve ter sido quem eu mais amei. Só que depois pus-me a avaliar que a capacidade, intensidade ou a forma de sentirmos amor vai variando com a idade e com os acontecimentos. Daí que também isso faz com que seja mais difícil quantificar seja o que for. Até porque a maneira como fiquei tão agarrada/dependente há poucos anos a alguém também me fez pensar que tinha sido a pessoa que eu tinha sentido um sentimento tão forte que seria, independentemente do carácter esfomeado e hiperactivo dadas as circunstâncias agravadas do tempo pandémico, um amor maior do que tudo.
Bem, a verdade é que tudo serviu para eu me melhorar e aprender o que não é saudável e o que é, o que é amor possível e não é.
Eu sempre fui destinada a estar sozinha e ser abandonada. (tal como disse a Margot Robbie num trailer de um filme que já quero ver)
Eclipse
E dezenas de luas cheias e eclipses não te eclipsam do meu coração e agora que tudo piora à minha volta e um dos meus piores traumas é mais uma vez activado e volta a vontade de morrer, é só em ti que eu penso. O meu maior arrependimento. A seguir a ter continuado viva desde criança violentada. Quando te disse que nada em mim é bom, parece que exagerei mesmo como disseste, posso estar de facto podre por dentro mas foi sim verdadeiro e bom naquele pedaço todo por ti e pelo resto o meu sentimento. Dos melhores (e piores para mim ao nível de desgaste físico) que já tive. Nunca nada apagará isso, pois é facto ocorrido. Só esse amor é real.
Das coisas mais difíceis
Das coisas mais difíceis para mim é ter de me afastar de propósito de quem gosto só por causa do bem deles e os poupar a terem de sofrer. Desta vez, éramos três amigos, pensei eu, mas pelos vistos não. Pior que eu queria muito que continuassem a ser meus amigos. Parece que é uma sina idiota. Porque é que eu não posso ter um amigo que não passe a querer ser mais do que isso? De preferência que só um que goste de mim e eu dele e não os dois?
Tudo isto suscitou a que examinasse casos no passado e de facto já tinha acontecido pelo menos umas três vezes antes na minha vida: dois amigos/primos/tipo irmãos passarem em pouco tempo a gostarem de mim mais do que era suposto. Sempre complicado. Fico sempre surpresa e chateada, depois confusa e triste, por também ter de os deixar. Inclusive porque eu fico sozinha sem nenhum dos amigos. Ainda se espantam porque é que eu estou completamente celibatária há mais de doze anos. Pudera! Quando me aparece alguém é só gente complicada, incrivelmente pior do que eu no que era necessário para se ter uma relação, embora eu não tenha também grandes condições para nada.
Mas confesso que não estava à espera, de novo. Especialmente de ser instigada tanto quanto fui ao ponto de me avaliarem como mulher a porem-se a comparar coisas. Ainda por cima tendo acabado de fazer anos e de já há décadas ter noção de que estou muito doente e que o meu corpo é como é.
Outra mulher ficaria extremamente ofendida por ser avaliada como um objecto. Eu fiquei mexida com isso, mas como sempre entendi o que estavam a querer dizer que era para eles mesmos. Porque nunca é tanto sobre nós mas mais sobre eles, pelo menos da maior parte das vezes.
Cada um de nós dá a desculpa que dá, cada um de nós tem a noção do que podemos fazer ou não, cada um de nós defende-se como dá. Pusemos hipóteses, sim, isso é que foi o pior. X. "desbloqueou" Y. como este disse, mas a mim também um bocadinho no sentido de voltar a formular hipóteses.
Somos artistas, fascinamo-nos de repente, deve ser isso e não deve passar disso. Talvez no fundo eu e Y. estejamos ainda demasiado traumatizados para sequer pensar em hipóteses e X. com a sua jovialidade e omnipotência de quem tudo pode, não podendo, fugiu também à questão. Ou não. O amor, ou os seus simulacros, hoje em dia é tão moderno e fugaz. Mas também ele era ciumento, pelos vistos e com outra, ainda por cima. O nosso fofo amorzinho fugaz de amigos honestos palhaços, com eles sempre ébrios, foi um bocadinho marcado, sim. Eu vi todas as fases e nuances só nesses poucos breves encontros ao acaso.
Eu não me permiti derramar um par de lágrimas pela tristeza que já estava misturada e acumulada com as restantes destes últimos dias. Por isso, não permiti que puxasse essa linha dos acontecimentos, mesmo com pesar. Talvez no meu âmago eu saiba e esteja a fazer o melhor, mas conscientemente eu não sei de nada e não consigo decidir nem saber. Talvez seja uma cobardia profunda, embrenhada tão fundo que me congela e sabota com essa espécie de apego evitativo.
Ou talvez não seja nada disso e, simplesmente, como disse X. não encontrei ninguém que estivesse à altura mesmo. É o mais provável, sim, infelizmente.
Adeus, amados.
(raio de eclipse, hein? mas, pronto, tá feito 😟💔always)
quinta-feira, setembro 04, 2025
Diamantes e Ferrugem como Baez e Dylan
O que ficou prometido sem nos falarmos sequer...', mas falámos e demasiado sobre lol
Eu esperei
Horas
Dias
Anos
Todos me deixaram pendurada
Mas eu não fiquei enforcada
Mais valia
quarta-feira, setembro 03, 2025
Ainda neste pós-aniversário
Talvez seja verdade que nada vale a pena e eu quis à força do afecto fazer conta que sim, que o Amor era a força maior que movia montanhas, vi demasiados filmes românticos e fiquei iludida.
Não há amor possível. As pessoas só pensam em luxúria e prazeres imediatos e fugazes.
A vida é uma constante desilusão. Podemos acreditar, tentar, criar, mas o facto é que a realidade pura e dura é feito de estereótipos e preconceitos.
Eu só me dei à hipótese das coisas porque quis ser como toda a gente e ter uma vida dita normal. Nunca consegui, não sei ser falsa, não sei viver com os erros que cometi, sou hiperconsciente e desisti de tudo porque não há nada para mim.
Nunca houve.