segunda-feira, junho 30, 2025

O mistério da vida

 De tudo o que não sabemos 
Mais aquilo que não perguntamos
Há o mistério da fé que é cego
E há o que não nos lembramos
Nem sequer queremos ver

Cada escrito é aceso
Por um rastilho da mente 
Percorrendo o braço até a mão 
Para que seja a caneta a expiação 

A teia desenhada na sua palma
Nada agarra senão o vazio
De quem sempre é abandonada 
Largada num qualquer trilho

Se o teu caminho tem flores
Tu ficarás com os melhores odores
Mas se ele tem é mais horrores
És capaz de ser empesteado de fel

A vida não tem comando
Em quase nada do que querias
Fazes o dia-a-dia caminhando
Só esperando por melhores dias

sábado, junho 28, 2025

Quis saber-te

 Quis saber de ti nos teus detalhes 
Quis saber-te o jeito do caracol do cabelo 
A forma como surgia uma covinha na face
E não era só quando sorrias, sabes? 
Costumava achar-te bonito no olhar
Independentemente de sombreado
Gostava muito de vê-lo emocionado
Brilhava mais e acompanhava-o um sorrir
Meio tímido, meio contrariado 
Mas nada batia o teu coração a abrir
O teu rosto à meia-luz iluminado
Tu sabias que eu não resisto a chiaroscuro 
Quanto mais essa nostalgia que o pôr-do-sol faz
O meu coração não aguentava, era demais 
Era quando te achava mais bonito ainda
Naquela calidez que a luz laranja traz
Eu romantizei-te demasiado a figura 
Queria elevar-te às alturas
Para nunca duvidares que eras o rapaz 
Que eu tinha escolhido para sempre 
Eu sei que afinal sempre odiaste-me
Mas deixa-me em paz, já tanto me magoaste
Depois de tudo acabar ao menos 
Finalmente posso ficar aqui a amar-te 
Ou ao homem que era só meu para esperar
Conhecer-te foi também muito bonito 
Quando eu era só tua e tu eras a lua

(não se esquece um grande amor assim?)

sexta-feira, junho 27, 2025

Precisas de tantas coisas assim(?)

 Precisas de tantas coisas assim?
Tens o coração doente 
A mente ausente 
Não sabes mais quem és
Só sabes dar com os pés 
Andas numa correria 
E não, não é de alegria 
Evitas parar 
Para não teres de lidar
Com o facto de que sempre
Tens uma exaustão premente
De ter acumulado porcaria 
Durante toda a tua vida
Sem olhar para trás 
Porque senão não eras capaz 
De continuar em negação 
A fugir da tentação 
Então sacodes os ombros 
E prossegues sobre os escombros 
Se tu nunca mudaste
Como querias que algo se alterasse?

(a 12jul., caro Ivi fez surpresa de declamar estrondosamente este na sua sexta no farol de poesia <3)

 Talvez eu tenha inventado de te amar perdidamente só para me perder numa fantasia imortal enquanto morria. Tudo o que padeci por ti ninguém o diria. 

Hoje eu senti a mesma coisa que naquele tempo de aflição, só que não sou eu a mesma agora. O tempo não mudou o tanto de amor que eu senti, mas grande parte virou a maior decepção e não eras tu que eu queria no meu coração. Mas sim alguém que me amou mais do que tudo como eu o amei. Só que tu nem sequer me amaste. 

Não parti de mim

  Eu ainda sou a mesma, não parti. Embora tenha o meu coração sido já partido amiúde e tantas vezes o meu corpo despedaçado e ainda mais profundamente a minha alma trucidada, ainda que menos vezes, ainda sou eu quem quis que estivesses bem e fosses feliz, que tivesses, em suma, tudo o que querias, fossem pessoas, vinho, alegrias mil, fantasias eternas de primaveril, rotundas e bojudas derrières, infinitas músicas e arcas de noés. 

Mas talvez tu saibas melhor do que eu, como sempre soubeste, consultando as tuas bruxas e livros, ou não, se eu sou de facto a mesma que te amou. Sei que não, mas não sei. Tudo aponta que sim. Mas não sei. Tu saberás melhor, como sempre soubeste. Deixo a ti a decisão. Como quando pesaste na balança e o meu coração não te valeu um quinhão. É, eu sempre fui a mesma, só a destruição que me atingiu mudou. Eu volto volta e meia ao que era antes no momento, aquele mesmo momento, em que não me deixei cair imediatamente ao balázio da bazuca no meu peito, apenas segui arrastando-me. 

Eu fui o outro

 Eu fui, até há pouco tempo, o outro. Fui primeiro os meus pais, depois a minha avó, depois o meu irmão, depois a minha irmã. Eu fui um bom bocado aquelas crianças que salvei na trilha, todas a que fui tomando conta ao longo da vida, depois aquelas mocinhas meninas coleguinhas, que tinham seus primeiros namoradinhos e eu socorria-as. Raparigas de meio corpo inteiro, meninas-mulhetes, meninos-amigos, primos, tios, tias, pessoas às colheres! 

Eu fui depois eles, meninos-homens, confusos, sem nunca deixar de ser todos os outros. É, fui acumulando ordens; "prazer, Sónia, às suas ordens". Primeiro manos, depois ciganos, primeiro platónicos, depois sónicos, primeiro amores, depois dores, primeiro serenos, depois eternos, todos com pelo menos um momento muito mau.

No final, desisti, quis só ser de mim, eu, sem ser outro que nunca fui eu. Fiquei sozinha porque sabia que nunca esteve ninguém para mim. 

quinta-feira, junho 26, 2025

Pirata com coração

 Se eu arrancar o coração 
E o puser numa garrafa 
Como pirata da solidão 
Atirá-la ao mar do nada
Será que chega a alguém 
Ou será que se afunda
No meio do oceano 
Sem nunca chegar a alguém 
Nem à fossa mais profunda
Nem sequer com escafandro?
 Tão raro e doente 
Quanto o mar leitoso
Esse fenômeno 
De que me chamaste 
O tal amor caudaloso 
De ser coração apenas
Transbordando
Em pura emoção 
Mesmo morrendo
De morte natural 
Com a tristeza chovendo
Um tempero de sal

quarta-feira, junho 25, 2025

 Eu nunca pensei que ia sobreviver 

Senão jamais este meu sistema 

Tinha só feito tudo para se defender 

E poupar todos da dor ainda maior

Hoje não falo mais sobre isto

Enterro tudo o que já foi

Sei as lições de cor

Contínuo na mesma luta

Para ir sobrevivendo 

E quiçá um dia melhorar

Parar um dia de sangrar

E ter a paz da felicidade 

De nada ser, sendo


Renascido

 Os grãos de areia entre nós 
O calor
Dois corpos abraçados bailando
Ao sabor da dor da música 
A multidão desaparecia
Os grãos de areia entre nós 
Eu pensava noutros
Sem saber que ele estava ali
Debaixo do mesmo céu
E chovia

Ponte incompleta

Eu fiz mais do que alguma vez alguém seria capaz por eles, tudo o que devia e podia ter feito, eles é que não cumpriram a parte deles do combinado. Eles cresceram e foram às suas vidas sem olhar para trás. 
Eu não errei. O meu bisavô arriscou e foi fazer um farol lá do outro lado do mundo. Eu não abandonei a minha construção. A ponte ficou incompleta porque o outro lado abandonou o projecto. Nem sequer havia projecto para eles. 
E uma ponte só se constrói se tiver os dois lados para a sustentar. Há uma geração nova de construtores agora. Com muitos e melhores materiais, mas os séculos passam e os erros deturpados são esquecidos e apagados. Daí que voltem a ser cometidos. Afinal os seres humanos são sempre mais ou menos iguais, como os nossos pais. 

Mente ao meu coração - Paulinho da Viola

 Mente ao meu coração

Que cansado de sofrer, só deseja adormecerNa palma da tua mãoConta ao meu coração
História das criançasPara que ele reviva as velhas esperançasMente ao meu coraçãoQue cansado de sofrer, só deseja adormecerNa palma da tua mãoConta ao meu coração
História das criançasPara que ele reviva as velhas esperançasMente ao meu coraçãoMentiras cor-de-rosaQue as mentiras de amor não deixam cicatrizesE tu és a mentira mais gostosaDe todas as mentiras que tu dizes
Mente ao meu coraçãoQue cansado de sofrer, só deseja adormecerNa palma da tua mãoConta ao meu coração
História das criançasPara que ele reviva as velhas esperançasMente ao meu coraçãoMentiras cor-de-rosaQue as mentiras de amor não deixam cicatrizesE tu és a mentira mais gostosaDe todas as mentiras que tu dizesDe todas as mentiras que tu dizesDe todas as mentiras que tu dizes

terça-feira, junho 24, 2025

dois grãos de um drão de Gilberto Gil

 "os meninos são todos sãos 

os pecados são todos meus

deus sabe a minha confissão 

não há o que perdoar" - há sim

"por isso mesmo 

é que há-de haver mais compaixão"

Colapso

 Sangria desmedida 
A vida por um fio
Fome e sede
Que matam
Não estanca a hemorragia 
Não há apoio em rede
Em dominós que colapsam 

mais uma tentativa d bio no insta lol

 Portuguesa de gema mas n mto d clara pq tem albumina e sou um pouco intolerante 😝

segunda-feira, junho 23, 2025

Eles não sabem que o sonho não comanda a vida

 Ele não sabe que eu o amo
E todos os dias o chamo
E ela não sabe que eu a amo
E todos os dias a chamo
E ele também não sabe
Embora eu já o tenha dito

Eles não sabem 
Que todos os dias 
Penso neles
Com tanto amor e saudade 
Procuro amiúde 
Para sentir mais pertinho 
E saber que estão bem

"the kind of love that sneaks up on you, I love you gumshoe"

sexta-feira, junho 20, 2025

 Dor da ausência 

A falta do afecto

A escassez do carinho

Humanos isolados 

Amor em falência 

Um egoísmo indirecto

Não sair do ninho

Relacionamentos acabados

 De cada vez

Que caio doente

De tanto sangrar 

Nunca é contigo 

Que posso contar 

Senão com um canto

De uma llorona distante

Que me ajuda a chorar 

Por dentro este magoar


(bleeding away. foto de pedaço de janela c dois pombos no candeeiro, no insta, Nostalgias de Silvia Perez Cruz e Juan Falú)

quinta-feira, junho 19, 2025

 Homens que acabam com mulheres tontinhas 
Mulheres que acabam com homens tontinhos
Essa é a definição primordial de casal?

Um homem de verdade

 Um homem de verdade tem compaixão 
Não sai por aí a destruir todo o coração 
Que vê como presa com o seu apetite voraz
Nem muito menos cobiça a do seu irmão 
Não se joga às brigas como um capataz 
Não é mesquinho e jocoso com os demais 

Um homem de verdade não tem segredos 
Não carrega com ele estúpidos medos
Que não enfrenta convenientemente 
Só para continuar a fingir que não mente 
E reinar num mundo como pobre vítima 
Atraindo um próximo que cai nessa rítmica 

Um homem de verdade não finge chorar 
Ele abre o peito, o coração e a mente
Deixa-se navegar e aprender com a alma 
E enfrenta bravamente o que ela mostrar
Sem dar desculpas nem obstáculos 
Ele não é de inventar ocos espectáculos
Onde só há explosões de fogos superficiais

Um homem de verdade é porque ele é homem e como é, como eu, que sendo
mulher, cometi um erro de rapaz e nunca mais fui a mesma pessoa. Esses comportamentos odiosos que só aumentam a culpa e perpetuam o ciclo do erro, porque é tão mais fácil ser um rapaz inconsequente do que um homem que é gente. 
 

quarta-feira, junho 18, 2025

20 anos

 Fica estranho
Essa coisa dos 20 anos 
Que eu disse antes
A ti também 
E depois aquele episódio 
Cubano insólito 
Mas agora ver-te de novo
Com ela ultimamente 
Quando te disse daquela vez
Que virias casado e feliz 
Foi a ela que eu vi mesmo 
Mas na altura não te disse 
Porque nem pensei 
De ser estranho vir ela
E não a mais recente 
As vossas miúdas parecem
Ser mesmo fofas como querem
Isso é bom, fico contente 
Já está mais do que na hora 
De eu meter isso na cabeça 

 Coração fora do peito
O que me foste arranjar 
Está no sorriso deles
Está na voz deles
Está no doce olhar
E eu não consigo mais 
Viver assim 
Longe de quem 
Me condenaste a amar
Todos os dias choro
Por dentro do meu ser
Nenhum deles me ama
Não para valer
E só aspiram outra vida
Sem mim a fazer parte
O que me uniu a eles
Não foi só arte
E eles um dia hão-de casar
E isso tudo irá acabar 

 "Deus queira que eu me livre deste vício deles que tanto me faz mal", pelo menos antes de morrer. 🙏🏽

terça-feira, junho 17, 2025

 Anoitece 
Tudo dorme 
Menos a distopia 
E toda a entropia 
Que existiu
E nunca some 
De dentro de nós 

domingo, junho 15, 2025

sexta-feira, junho 13, 2025

Um ser amado (de-todo-dia)

 A vida trouxe-me
Família do coração 
E até de sangue 
Todos ligados a ti
Quis "o destino" ser assim
E eu celebro todos os dias
O facto de existires ainda
Mesmo que longe de mim

A soma de tudo

 Foi tudo uma série de males-entendidos, de ser levada em erro por outros e cometer um enormíssimo erro.

Sucessão de pesadelos

 Às vezes é difícil acreditar que aconteceu tudo o que tem acontecido: parece uma sucessão de pesadelos interminável que me parece ter piorado desde que me abandonaste. 

Toda a gente morreu, toda a gente continua a morrer aos magotes, em catadupa. Por todo o lado a violência impera. O mal está ainda mais flagrante, visível e sonoro. Já ninguém se preocupa. Vivem todos entre a cobardia e o ódio. Ficaram todos mesmo zombies. Todos lobotomizados. Uns anestesiados, outros a emitir grunhidos, todos estupidificados, todos robotizados, dia após dia nas suas rodinhas de hamster. Uns são imunes, outros cruéis, riem às gargalhadas: outros esbravejam, mas entraram na mesma cowboyada. 

Tu és feliz, sentes-te realizado, sabes que és amado e, no entanto, diz que não tens paz interior porque vives a querer adaptar a todos só para te amarem. Quase que tive dó de vocês os dois, ditadores vazios. 

Tudo poderia ser tão melhor verdadeiramente para todos e nem sequer é preciso nada de muito difícil assim. 

Mas ninguém quer ser melhor, senão melhor do que o outro naquilo que o outro tem. É por isso que todos os seres humanos nunca serão verdadeiramente felizes e em paz, e viverão neste infindo ciclo de pesadelos intermináveis. 

quinta-feira, junho 12, 2025

 Os meus olhos eram dele
As suas mãos eram minhas 
Os olhos dele eram meus
As minhas mãos eram suas 

Simplesmente eu era dele
Simplesmente ele era meu
E nós os dois éramos do mundo 

 O que foi que a gente fez?


(raio de amor por vocês, q foi tanto 😫)

 Confundiu-me a ternura
Um gesto teu
Agora entendo finalmente 
Como os nossos subconscientes
Se entrelaçaram tanto
E pensámos que era perseguição 
Tu repetias tudo 
Afinal eu também 
Só graças à distância 
Posso ver mais além 

Será que só te sobrou amargura 
Que não davas por mim vintém?
Será que não houve ternura
Uma doçura mais aquém?

Sei que não fui para ti nada
Do que foste tanto para mim
Mas espero que não foi tudo
Apenas dor e mágoa 
E grito mudo
E não apenas para me absolver

É tão difícil acreditar 
Que houve um amor puro
Que teve de se matar

segunda-feira, junho 09, 2025

Neste mundo

 Talvez o amor seja mesmo uma causa perdida 
Visto como coisa de pessoa ensandecida 
Tida como sensível, armada em artista
Sem os parafusos todos, sem jogar com o baralho completo 
Com o carácter demasiado correcto 
Sonhando sempre com o impossível 
Com valores superiores despertos
A liberdade, a paz, a ética, a bonomia
Não ser ganancioso e egoísta como todos
Pondo o puro amor acima dos jogos 
É, talvez o amor seja só para nós 
Os poetas, às vezes vistos como tolos 

O que é que tanto nos une?

 Sabes dizer? O que é que tanto nos liga a todo o instante, sempre, cá dentro e fora? Foi essa pandemia desgraçada, ou esse bonito desgraçado sentimento que não sai de todos nós, pelos vistos? 

Eu já desisti há muito tempo de tentar entender tanta confluência, tanta coincidência, tanta dita sincronização, tanta aflição...

Fui eu que fiz? Sou eu quem ainda faço, seja o que for, alguma coisa? Por me deixar ir naturalmente, já sem ser muito exigente, já sem ser demente, já sem controlar seja o que for?

O amor que criámos salvou um bom bocado o mundo, mas nós falhámos em entender que só ele pode nos fazer realmente sobreviver. Então morremos, cada um para o seu lado, encolhido, quase encarquilhado de não ter mais o amor - essa água - a regá-lo. 

O amor só salva quem ama verdadeiramente. Apercebi-me hoje. 
O resto fica por aí mergulhado na sua própria podridão.

domingo, junho 08, 2025

De tempos em tempos, vem de novo - embora já velha, eu e a ideia - aquela ideia de deixar de existir, normalmente patrocinada pelos mesmos algozes, mas às vezes, da maior parte, é mais por não ter remédio, não haver cura para a insuficiência suprarrenal, para a insuficiência de plaquetas, para a minha consequente insuficiência, enquanto pessoa que não se consegue salvar inclusive do stress pós-traumático complexo de uma vida vivida com pessoas que me fazem mal todos os dias ao básico das condições humanas. 

E o mundo, esse, nem é preciso dizer, como ele ajuda para a festa funesta. De modo que cá estamos outra vez. 

O que é que queres que te diga?

 Queres que te diga que te amo e que esse amor destoçou-me, rasgando-me o peito deixando-o em ferida aberta, sangrando, em todos estes anos? 

Que não houve até agora um só dia que não me viesses à cabeça, ou trocasse o nome de outro pelo teu nome na minha cabeça sem querer? 

Que vivo numa corda bamba de ora tentar enveredar por detestar-te por tudo o que me fizeste, ora amar-te com o desespero de quem te perdeu e nunca te vai ver? 

Que passo os dias a oscilar entre processos de calma e raiva? Tentando arejar, seguir em frente, porque "passado pertence a museu", porque "tudo muda", porque"tudo é ilusão", porque "eu nem sequer te conheço", porque "eu estou doente", porque "eu não tenho nada para oferecer", porque "eu ainda acredito", porque "há um amor que te vai merecer"...

Que muitas vezes ainda luto contra esta vontade de te ver, sabendo que provavelmente não és tu. Mas és, sempre foste, só tu. O meu amor de perdição, a minha danação. Esse amor que só existiu por segundos e na minha cabeça, sem nunca ter encontrado alguém que era a pessoa certa para mim. Nunca existiu ninguém, afinal, nem mesmo quando eu tinha 17 anos e o primeiro grande amor me fez querer morrer. 

"Qual é o teu tipo?", perguntou um rapaz numa série a uma rapariga. Ela respondeu um dia depois quando o viu fazer um acto heróico: "o meu tipo é como tu foste, um incrível herói" e beijou-o. 

Não há heróis na realidade, só há falsos heróis. 


sexta-feira, junho 06, 2025

Suspensos

 Ficaremos suspensos 
Como naquela imagem 
Em que flutuamos
Apoiados em nós 

E endoideço
Tudo outra vez
Só por segundos
Do teu riso

A tua voz foi salvação 
E condenação 

Iliteracia emocional

 Ninguém mais escuta

Usam emojis

Não mais se expressam

Vivem na inércia 

Dominados pela letargia

Escravos do facilitismo

A ansiedade e melancolia 

Só têm pressa

Está tudo numa avaria

Emergem uns filhos da puta

E uns filhos da outra

Dificilmente têm lugar 

Abstinência afectiva

 Depois de perder um grande amor
Fica um buraco fundo no peito 
E não há nada que o preencha
Senão uma enorme dor
E isso não é nada de direito 
Que se resolva com chá sencha 

Passa-se muito tempo relembrando
De tudo o que foi de bom e de mau
São memórias que vão chegando 
Aleatoriamente como um vau
Emergindo na seca do mar 
Fazendo-se notar

Há um remédio no entanto 
Que se aplica como tratamento 
Duradouro e a seu tempo
Se vai encontrando unguento 
Em fazer um novo tanto
De amigos, coisas e um alento

Mas a verdade ninguém esconde
Pelo menos não por muito 
Seja rei, rainha, lorde ou conde
Sofre da mesma maneira 
A humildade do penar
Mesmo não tendo esse intuito


quinta-feira, junho 05, 2025

 Alimento de amor
O peito teu
Talvez tenha causado
Uma espécie de enfarte 
A esse coração meu
Quando ouvi tua voz
Ecoar
Trespassando-me
Como eu ao te olhar
Tu
Meu
Eu 
Somente 
Sempre 
Teu 

De que tipo é o teu amor?

 Um amor ausente
Um amor negligente 
Um amor descontente
Um amor indigente
Um amor estupefaciente
Um amor insuficiente 
Um amor absorvente
Um amor subserviente 
Um amor ininteligente
Um amor renitente 
Um amor doente
Um amor inexistente 

(eu não sei, "em qual língua você passa o dente"?)
 Procuras respostas 
E eu podia pôr-te mil questões 
Só que não 
O silêncio é dourado
E a voz canto embalado
Saindo do teu peito
Aumentando a minha temperatura 

Procuro o teu olhar
Já não o teu sorriso 
Porque sei que é trocista e troçador
Meu amor, que terrorista 
Fui eu, ou depois anterior tu
Quem pior, não sei
De nós 

"Sai dessa"
"Me erra"
Qual é a nossa pior fera
Nesse "grilo brabo"
Que nos desespera?

quarta-feira, junho 04, 2025

Amor, a única certeza

 Se há alguma certeza neste mundo 
Que eu tenha 
É a de vos amar
Aos três 
A ela que não há mais bela
E a eles, esses dois irmãos 
Que me deram cabo do coração 

terça-feira, junho 03, 2025

Obrigada

 Meu amor, 

Acho que nunca cheguei a agradecer-te por me teres dado o amor que eu sempre quis: esse amor eterno que ecoa infinito desde sempre e para sempre.

Espero que quando "passar os portões do céu" a tua voz doce com esse teu sotaque seja a primeira coisa que eu escute. Talvez, quem sabe, dizendo: meu bem. 

Oiço agora os cânticos de uma voz ao longe, um canto que parece pastoral irlandês, lembro de ti, quando fizeste um canto similar mas mais grave e gutural. 

Dizem que este mês vai ser atribulado. Para ti é sempre. Para mim também um bocadinho, mas o anterior é muito pior.

Desejo que continues bem. Eu cá vou-te esperando e sonhando com um dia, quando tudo se acabar, eu te possa encontrar nesse céu.

segunda-feira, junho 02, 2025

Doidice - Djavan

 É natural
Um vendaval que passa aqui
Mais doidice ali
Ou uma seca que arrasou
Pior é não te ver agora
Aflora vícios
Claras manhãs
Ou tanto mais
Que eu possa ter
Nada quer dizer
Se o teu beijo não é meu
Cio chegando
Calor explodindo
Temores rondando o ar
E eu pensando em ti
Me apaixonei?
Talvez, pode ser
Enlouqueci?
Não sei, nunca vi
Preciso sair
Depois que descobri
Que há você
Nunca mais existi
É natural
Um vendaval que passa aqui
Mais doidice ali
Ou uma seca que arrasou
Pior é não te ver agora
Aflora vícios
Claras manhãs
Ou tanto mais
Que eu possa ter
Nada quer dizer
Se o teu beijo não é meu
Cio chegando
Calor explodindo
Temores rondando o ar
E eu pensando em ti
Me apaixonei?
Talvez, pode ser
Enlouqueci?
Não sei, nunca vi
Preciso sair
Depois que descobri
Que há você
Nunca mais existi
Me apaixonei?
Talvez, pode ser
Enlouqueci?
Não sei, nunca vi
Preciso sair
Depois que descobri
Que há você
Nunca mais existi
Cuanto más
Me olvidas
Te amo mas
Estrella, siento amor
No sé, no sé, no sé
No sé, no sé
Cuanto más
Me olvidas
Te amo mas
Estrella, siento amor
No sé, no sé, no sé
No sé, no sé