Não existe ninguém no mundo que seja como eu uma gata borralheira ao contrârio, que acorda às doze badaladas.
Hoje ao ver uma cena ficcional na tv de uma mulher que recebe uma notícia e vai se jogar no mar para se deixar levar, mas é salva pelo marido que chega a tempo enquanto ela está a afogar-se, chorei. E voltou tudo de novo: o mesmo "é doce morrer no mar".
Têm sido anos de guerra comigo mesma, sim, eu sei, as doenças autoimunes, elas predispőem para o suicídio, mas eu sinto que não quero viver nas condiçőes em que vivo desde os meus 12 anos ou antes até. Por isso, não sei se é o ovo ou a galinha, neste caso.
É tudo tão terrivelmente confuso e até contraditório no que diz respeito a querer morrer mas a lutar tanto para continuar viva e achar um bocado afrontoso os amigos que não aguentaram e se suicidaram, enfim. Nem nisso tenho claridade suficiente.
A minha racionalidade extrema e a minha sensibilidade imperativa digladiam-se toda a hora, embora a minha racionalidade tenda a ganhar, talvez só mesmo para me poupar a mais sofrimentos.
Tudo em mim está derrotado: este corpo cada vez mais amassado, pele e osso agora como nunca amarrotados, a mente obliterada e apenas obcecada em compreender o que está por detrás de tudo o que se passou, porque é que eu fui agir assim sem pensar na dor que me ia causar a mim perdê-los. Não pode ser que a tal da autosabotagem de outrora me tenha levado a tal defesa, pode? Provavelmente sim, tudo para que ninguém sofra por minha causa, pela minha morte lenta e agonizante.
Enfim, não há remédio mesmo porque não consigo sequer querer ter o direito de recuperar seja o que for e mesmo depois de já me ter consciencializado e mantendo poucas pessoas em contacto, permitindo assim, continuo a achar mau eles aproximarem-se ou apegarem-se, habituarem-se, porque depois dói mais. Mantenho este difícil dilema dentro de mim.
Morrer é só não ser visto, já dizia Pessoa, e na modernidade das visualizaçőes isso toma ainda mais veracidade, de modo que também notei e já fiz por isso. Gradualmente, pensei que me esqueceriam completamente. Ainda não aconteceu, no entanto, com todos, mas como esperado mais com quem sabe da minha condição, e eu continuo viva ainda quase. Só espero não chegar a um ponto em que comece a ter convulsőes como li ser um dos sintomas das crises piores e fatais. Não queria sofrer ainda mais do que já sofro e sofri, como é óbvio, com tanta porcaria na minha vida inteira de dor e calvário, além de sempre desapoiada.
Continuo tão cansada, a exaustão e este arrastamento, fazem também desejar às vezes que acabe logo todo o tormento.
Sem comentários:
Enviar um comentário