Friday, September 09, 2022

Quereres

 Não fui a tempo de fazer tudo o que queria ter feito. Sei que eram milhares de coisas para as quais a saúde e a falta de condiçőes me falhou desde criança. No entanto, com alguma teimosia, pus-me a fazer mais do que podia sofrendo com as vis consequências disso. Dizem muitas vezes que mais vale viver a arder intensamente do que viver sem saber o que é viver. 

Mesmo assim adaptei-me de tal modo ao pouco que consegui com a minha mente e coração activos. Foi o que deu. Darwin havia de aplaudir certamente hehe

Claro que tive pena de não viver em Florença uns tempos para aprender a técnica de chiaroscuro à renascentista; de não ter podido embalar nas palmas das mãos uma peónia; de não visitar os lençóis maranhenses, a cueva de los cristales, o salar de uyuni, a blue lagoon, Madagáscar e tantos outros sítios lindos da maravilha natural deste planeta com praias e cachoeiras, etc. Tantas coisas que tirariam o fôlego, me lavariam a alma e outras tantas que me preencheriam o espírito como Kyoto e Okinawa, como Ladakh e Varanasi.

Tudo o que os meus sentidos queriam ter consumido, desde os movimentos dos tsurus nos seus rituais de acasalamento até aos perfumes feitos pelos mais antigos artesãos, as massas delle nonne, as sobas, a feitura dos tachos de ferro das castas em extinção, a seda mulberry, os sabores puros de Jiro, brincar com belugas, surfar nas ondas ao pôr-do-sol.

...

Ter ouvido a tua voz sem modulação. Ter escutado o teu coração.

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