Acho que só agora consigo dizer que sou uma mulher e não uma miúda. Envelheci a olhos vistos nestes últimos dois anos. Tanto que o meu corpo cedeu à gravidade.
A minha mente, embora mais enferrujada, continua a ter ápices de atrofiantes turbulências em solilóquios infinitos. Queria muito saber o dia em que vou morrer neste ano. Não saber é o que mais me custa.
À parte disso, o que eu mais queria nestes últimos anos de reclusão era ter ido à praia, entrar no mar, flutuar, sentir-me sem o peso da existência. Também queria ter ido à chocolataria da D. Bettina e Niccolò Corallo, pegar no copinho de chocolate quente e no brownie e ir-me sentar debaixo do nosso sobreiro centenário e ficar ali como sempre a imaginar que Pessoa também ali esteve à espera de Ophélia. Escrevivendo talvez.
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