quinta-feira, agosto 25, 2022

A luz azul

 - Tenho saudades de tirar fotografias. Há uns dias foi o dia mundial da fotografia. Esta é uma das minhas favoritas das que tirei na cidade onde nasci, mas cortada um pouco aqui.

 Pedaços da eternidade que não escapa por entre os dedos, cabe na mão e capto num segundo de conexão entre o olho e o dedo. 

O meu coração azul está apenas alumiado por essa escassa luz de candeeiro nocturno que tens no olhar doente e profundo. 

O discernimento não fala a língua da razão quando se trata de sentimento. 

Um dia, quando for o derradeiro, a luz azul mostrará de novo a tempestade e a serenidade do que foi estar apaixonado e amar outrora alguém. Tudo desmorona. Quem está irremediavelmente quebrado não importa.

Por enquanto, passeiam as memórias com as suas esporas a espicaçar a alma destruída e ausente. Todos estão contentes. Eu continuo inexistente e à espera, a cada segundo, que a vertigem final não se esqueça de me fazer cair nalgo macio e, quiçá, acolhedor como essa meia-luz de tango e dor. 


Sem comentários: