quarta-feira, dezembro 28, 2022

 Porque é que a redenção não existe
E mesmo tendo eu te perdoado 
O facto de ela ainda existir
Foi o suficiente para me aperceber
De tudo o que se tinha passado

A verdade é que nunca encontrei 
Alguém que fosse decente
E para uma pessoa como eu
Isso faz toda a diferença

Porque é que o amor é triste
E acaba-se sempre magoado
Quando antes era só sorrir
Hoje já consigo entender
Todo esse meu passado

A verdade é que me ludibriei
Pensando que alguém era meu
Tive tão forte essa crença
E de ser só sua também 

segunda-feira, dezembro 26, 2022

Anaconda

 Desde quando sabes o que é amar
E fazer amor com alguém
Sendo tão completamente louco
De um desejo de consumir o outro
Engoli-lo todo
Como uma espécie de anaconda
Até digeri-lo
Tornando-o fundido contigo?

 Compreender o ritmo do mundo

Escutando a sua engrenagem

Vendo o compasso das ondas

A brisa ondulando as vargens

e tudo sincronizado com o balanço do casulo da rede

 a embalar-me a vista enquanto as nuvens vão passando apressadas

"E o pensamento lá em você

Eu sem você não vivo"

domingo, dezembro 25, 2022

 Lembras-te daquela nossa canção, em que somos irmãos? 

Talvez o tempo

 Talvez haja idades para tudo: tempos em que o nosso cérebro se arrodeia de mistérios e intensidades, ora de singelezas e practicidades. 

Talvez se esqueça mesmo de quase tudo da infância, depois se lembre e oblitere tudo dos trinta aos sessenta. 

Quem sabe e se lembra de tudo o que viveu de importância? 

sábado, dezembro 24, 2022

 Queria dizer-te que te amo.

 Amei-te mais do que tudo
E tenho receio de que dure
Por muito mais tempo
E se for este um carinho
Que é mesmo infinito
Um bem-querer maior
Do que um bem-querer
Que preenche todo o ser
Imagino o que será futuro
Ver-te casar e ter filhos
Como já te vi enamorado
Com aquele ar cego
De embevecido apaixonado
A levar a outra em viagem
E eu a ouvir-te dizer-me
Sem saberes o que me dizias.

Como dói não saber nada
Sobre o que é mesmo
E sobre o que não é
Quando só parece haver 
Como certeza algo forte
Que ultrapassou a morte.

quarta-feira, dezembro 21, 2022

 Talvez tenhas sido a única pessoa que me fez querer viver realmente e na impossibilidade disso acho que chegou a hora de me ir preparando para ter coragem de deixar tudo, pois eu não tenho nada.

Existência obliterada
Rasgada e abandonada
Escorrendo e sangrando
Para o ralo deslizando
É o sangue e a verdade
Amor que fará dez anos
Que deixaste de acreditar
Nele e nos seus danos
Pois não há mais ludibriar


(Para o ano faz dez anos que deixei de acreditar em amor romântico) 

 E se voltássemos atrás?

Ah, mas nós não fazemos "ses"

Era o ano de 2013
e eu quase que abri uma excepção
mas não

Hoje só há uma
a única opção do coração

 Os teus olhos são o único espelho onde vejo a minha beleza.

 Se eu morrer ficas aliviado?

Intocável

 Como o som do silêncio
Como os ruídos do oceano
Como o barulho do vento
Como a casta hindu
Como o que sentiste tu
Como tudo no pensamento

Eu sou 
Tempestade
Intocável

Não somos o que fomos?

 Somos neblina e ausência
Onde somos brilhantina e paciência

Somos matutina e negligência
Onde fomos vespertina e ciência

Somos ritalina e sapiência
Onde fomos concertina e demência

Somos sina e maledicência
Onde fomos estricnina e inteligência

Somos melatonina e inexistência
Onde fomos mina e sobrevivência

 Egos cegos
Solidários com quem
Estão a legos
Mas perto não vêem

terça-feira, dezembro 20, 2022

Kintsugi de mim

Se tudo em mim é teu
Quebrado
Corpo
Coração
Pele e osso
Então
Tu que tens mãos 
D'oiro
Faz agora 
Um kintsugi de mim


(existe outro poema meu mais antigo com mesmo título)

domingo, dezembro 18, 2022

 A crueldade das tuas palavras
Está costurada com essa tua agulha grossa
Perfurando-me as veias e os meus tendőes
Tão rente aos ossos
Que as oiço roçar e arranhá-los
Elas ressoam e reverberam
Em todas as minhas células
E as feridas ganharam infecçőes
Que passo o dia inteiro a tentar lutar
Mas tu e as tuas condenaçőes
Os teus julgamentos e agressőes
Vieram para ficar
Porque as palavras gravaste-as
Na minha pele a ferro e fogo
E na pedra preciosa que foi o meu coração
 Antes de eu partir
Dá-me o teu abraço
E o teu beijo
Para que eu aterre
E depois voe. 

sábado, dezembro 17, 2022

A medida do amor

 Já não sei que medida tem o amor
Se foste ou não o amor da minha vida
Ou se apenas te confiei a mim mesma
Porque estava cansada e exaurida

E depois de tanta morte e dor
Ter um carinho e zelo imensuráveis
Por alguém que nunca gostou de mim
E eu também sem motivos 
Para gostar de alguém tanto assim

Já não sei se o tamanho do gostar
A sua intensidade e desgosto
Se vêem como medida comparável
Para eu dizer que foste tu 
Que eu mais amei até agora

E pior é o tal amor imensurável
Que parece uma condenação
Uma ilusão exagerada do coração
Que na verdade nunca é materializável
Nem nunca se pensou ter 
Por um conjunto de pessoas
Tão grande e tão surreal 

Talvez seja apenas como ela disse
Quando proferiu: nunca conheci
Alguém capaz de amar tantos 
Ao mesmo tempo assim 

Pois se ela soubesse agora
O que diria ela de mim?

P.S.: e o amor que eu sinto por ele que não existe é maior do que tudo, mesmo que ela diga que não é amor

"tal qual o corpo da cidade"

 Já não escuto a tua voz há tanto tempo
E no entanto no pensamento ouço-a
Sempre a começar numa interjeição
Contrariado e como se não valesse a pena
Sequer dizer-me o que quer que seja

Eu fui quem não sou nem era antes
E habitou-me em todos os instantes
Uma angústia no peito que não era meu
Com um coração a bater que era o teu

Eu sou o homem da cidade
Que "manhã cedo acorda e canta"
 Que "manhã cedo ensaia a dança"
"E por amar a liberdade
Com a cidade se levanta"

Somos dois homens nessa cidade
Vociferando uma falsa liberdade
Somos dois amantes entrelaçados
Numa Luzboa que só o mar tem 

quinta-feira, dezembro 15, 2022

 Operamos com a nostalgia
Mexemos na teia de memórias
Como se fosse intrincada 
Mas muito frágil
Contamos estórias
E relembramos o esquecimento
Pois a recordação leva o vento
E neste clima extremo
Em que hoje vivemos
O céu está sempre nublado
Com chuva e cinzento
Um amor que dilacera de tão imenso
Parece um terramoto
Uma das quaisquer catástrofes
Depois da tua fingida morte
Eu que nunca tive sorte
Nesta vida inteira desgraçada
Vivo magoada
Porque não houve amor
Que me durasse
 Fiz a crueldade maior
E rasgando-me a mim
Sufoquei o próprio ar
Afoguei o próprio mar
Morremos 
E não sabemos voltar
Nunca soube eu 
Senão te amar

terça-feira, dezembro 13, 2022

 Está bem, eu admito, 
gosto de andar amarrotada, 
sempre foi moda em Itália, 
e eu tenho princípios muito vincados, 
que não dá para passar a ferro

segunda-feira, dezembro 12, 2022

 Ricochete

Boomerang 

Iôiô


Tu disseste que não sou

La vendetta

 Desejas mal a quem te quis bem
Uma raiva e um ódio
Que proliferam venenosos
Porque o pior foi a desilusão
E agora andas em contramão
Com essa mina de desgostos
Desgraçando em tropismos
Nas paredes, no tecto, em encostos
E por mais que soasse o perdão
Esperas a derradeira ausência
A morte em mim de tudo
Pois acreditas como ela 
Desde os anos 70
"La vendetta è un piatto 
che si serve freddo"
E io non credo più 
Che piano piano
Noi andiamo lontano.

*da vez que me envolvi com alguém nascido nos anos 70, líder de gangue da Máfia, e que desgraçou a minha vida desde então. Ficçőes ;)

domingo, dezembro 11, 2022

 E se fores sempre tu?
Tu que não existes. 
Tu que existes mais do que tudo.
Quando é tudo tão estranhíssimo.
Quanto essa última frase.

A Música

 
A música dilui-lhe o desespero
No balanço das ondas das colcheias e semi-colcheias
Emprenhado pelos ouvidos
Ele (d)escreve os seus dias
Com cançőes
 pois sabe que tudo vira memória e recordaçőes
Mas ele finta a morte
Com percussivas pausas
De estar muito vivo
Distraindo-se das desilusőes
E quando ele está solto
Em pleno scat a livres pulmőes 
É quando dá maior gozo
De ele estar alegre e feliz 
A mú-si-ca
Diz que sai e bem 
Bem bem bem 
A mú-si-ca

sexta-feira, dezembro 09, 2022

Gordura

Um amor que é uma gordura estanque
Saturada, enjoada, exangue e gigante
Mas é a do princípio da vida
Do ventre maternal
Porém, esta gordura não é formusura
Ela pesa, mói, mata
É a mesma gordura dos auto-intitulados
Dos que pensam que foram nomeados
Pelo seu deus pessoal e pelo hedonismo
E que são tão ressabiados no altruísmo
A verdade é o único desengordurante 

"Dá-me a verdade se és capaz"
Um mentiroso compulsivo não é
E sem que eu dissesse nada
Apenas perguntando para me dizer
Eu vi a gordura desmontada
E tudo a arder

quarta-feira, dezembro 07, 2022

(Nota mais séria) do vazio

 O Vazio é sustentável, porque é a sustentação em si mesmo, quando se trabalha a mente para descobrir o que realmente existe sem ser produto da mente. 

Daí que o afecto seja conscientemente uma opção então e não como todas as outras pessoas que não se aperceberam do cerne e da essência existencial como sendo só o vazio mesmo e sempre todo e qualquer afecto delas é para lhes suprir carências, mesmo que não o saibam, o inconsciente opera-lhes toda a hora nesse nível. 

O vazio para mim e o seu nada, são as únicas coisas que me interessam, pois são a única verdade. 

 Aonde vão as coisas que não dizemos?

Talvez para o mesmo sítio das coisas que desistimos de fazer antes mesmo.

 Tentei ser normal
Mas as pessoas resolveram ser tão anormais
Que não durei um dia

domingo, dezembro 04, 2022

 Na pele tens escritos indecifráveis
Que eu cego de paixão tacteio
Para ver se esse braille leio
A tempo de te folheá-los amáveis

Mas assim que ela se ouriça
Em arrepiados poros de desejo
Eles escapam-se na vontade lisa
Transformando-se em líquido beijo

E as marés que sobem em dilúvio
Quebram e lavam o desconhecido
Tudo é lava e alívio
Nesses nossos corpos fundidos
 Esvaio-me em saudade
De uma vida perdida
Com as ondas da alegria
Que não pude ter então

Conformada desiludida 
Nessa contemplação cansativa
De tudo ser vão
E daí a imobilidade
Paralisando-me com leviandade
Ó aurora que não posso
Ó pôr-do-sol que me esqueço

Foi sempre esse o papel
Ser só coadjuvante
Antes da pessoa da tua vida
Mesmo que me desdigas
Foi só para isso a minha servidão

 Lembro do sabor

Que tinha

Quando te vejo

 sorrir

Sopravas vida

Até o sangue fluir

E não havia

Maior calor

Nem maior telepatia


sábado, dezembro 03, 2022

Não somos o que fomos?

 Somos neblina e ausência
Onde fomos brilhantina e paciência

Somos matutina e negligência
Onde fomos vespertina e ciência

Somos ritalina e sapiência
Onde fomos concertina e demência

Somos sina e maledicência
Onde fomos estricnina e inteligência

Somos melatonina e inexistência
Onde fomos mina e sobrevivência

Macho

Tu vês-me como garrote
Quando eu te sinto algoz
E dás o teu pinote
De macho cobridor atroz

"Porque o lugar de mulher é..."
Não, miserável cobarde,
Ficaremos sempre em pé
E agora faremos alarde

 Abre-me as janelas do coração
com as tuas mãos
e deixa que a luz nos invada
e nos dê o definitivo perdão
já que eu não conto mais
para ti em nada
pois já te entreguei a alvorada

Quando olharmos as nuvens
estaremos sempre mais perto
e quando olharmos o mar
sairemos do infindo deserto

Tu és excepção à minha regra
Minha condenação e entrega
Meu raio de sol no meio da treva
Minha morte que não me leva

Tu és o meu eterno retorno
Cíclico em vidas de abandono
Tantas em que foste meu dono
E eu só agora curei o meu sono

Tu és o meu mar e meu deserto
Meu som e silêncio desperto
Minha névoa e meu intelecto
Meu caminho nunca recto

Tu és a luz no horizonte
A escuridão do que conte 
Não há nada que desmonte
A adoração que não encontre

"Aceno" a Mário Cesariny (aquando dos 16 anos sem o poeta)

 Estás em mim 
como sangue e ar
e em todas as células
não fingi como libélulas
a morte para te afastar,
pois esse amor
é onde começa a estrada
longa de ti cousa amada
longínquo "halo da fita azul"
onde o "mar é floresta" a Sul
e a vista em tremor 
olha o "navio de espelhos
que não navega, cavalga"
e nós, leigos, 
aguardamos um nosso "país
de bondade e bruma"
onde temos a nossa raíz
dos dias   eternos   de espuma

Poesia

Dizem que a Poesia não serve para nada,
mas a mim tem-me servido para tudo,
por isso deduzo que quem diz isso
é uma gente muito coitada. 

quinta-feira, dezembro 01, 2022

Meu coração é do mar

 Meu coração é uma pedra gasta
pelo bater das ondas do mar
vira e mexe não lhe basta
deixar-me só a naufragar
por séculos olhando-o
sofrendo com as suas dores
torcendo pelos seus fervores
e amando-o
nesse vínculo de Penélope
com o seu eterno Ulisses.

terça-feira, novembro 29, 2022

Bonita

 Tu és um bocado bonita
Mas não és ela
Não lhe tens a formosura
As curvas e a altura
Só a morenice mediterrânica
E a magreza
De dançarina hispânica
Essa tua herança 
Que a viola faz vibrar
Nesse som que não engana

Ela é upgrade de ti em tudo
Como a encomendaste aos céus
Para ele 
E é por isso que ela 
É a mulher da vida dele
Neste mundo como ele existe


segunda-feira, novembro 28, 2022

 Só as tuas mãos
conseguiram tocar-me
o som do silêncio
que preencheu o vazio

Talvez

 Talvez me tenhas amado
e eu a ti também
de um jeito
tão desassossegado
por não podermos ir além

Talvez o teu respeito
por mim se acabou
no dia em que rejeito
esse tão teu suposto amor

Porque tu não és carinhoso
nem és decente comigo
talvez nunca tenhas sido
sequer meu melhor amigo

Talvez esse sofrimento
essa mágoa e tormento
que me deste diariamente
o tenhas feito de propósito
e nunca planeies retirá-los
desse depósito que criaste
com tijolos de dor e ódio
do teu coração no meu.

sábado, novembro 26, 2022

 Gosto tanto de quando és maiúsculo
Embora para me pores minúsculo
Que quase não importo com tanta dor

(Orgulhar-se de alguém por se conseguir expressar e ser honesto consigo e com os outros, independentemente de tudo, é também amar completamente)

quarta-feira, novembro 23, 2022

O Inamável

 Será que realmente chegaste a pensar e a crer que me amavas? Como é que isso seria alguma vez possível? Se ninguém me conhece e até a minha própria mãe não me amou? 

Eu sou a besta brutal e horrorífica que vomita fel do nojo dos Homens. 

Cada célula do meu corpo
Foi destruída por traumas
A violência de todos tiranos
Sobre tudo o que eu era
E de tanto lutar e defender-me
Com as poucas armas que tinha
Parece que o meu ser desatina
Porque não consegue se salvar

Agora mesmo explodi 
Como granada a quem espoletam
A mim mesma agredi
Quando oiço deles e me afectam

A minha vida foi sempre este inferno
De me desrespeitarem e insultarem
Quando tudo o que peço para mim
Ou mesmo até para servir a eles
Nunca lhes é algo que os danifique
Mas insistem em nunca me ouvir
A não ser quando lhes é do interesse

Não sei mais o que fazer já há muito
Tudo o que tento acaba por falhar
É só tormento e lamento a dobrar
Insisti em melhorar e ter de fingir
Quando eles continuam horríveis



terça-feira, novembro 22, 2022

 Pensei em como alguém diria "hoje o Amor morreu", quando soubesse que morri e que até podia ser isso que eu gostava que dissessem.

 Suas notas têm tango
Passo a passo firmes
Balançando

domingo, novembro 20, 2022

Porque somos nós

 Quando sou sussurro
Tu és grito
Quando sou tempestade
Tu és resoluto
Quando sou sossego
Tu és animação
Quando sou vibração
Tu és má onda
Quando sou silêncio
Tu és desilusão
Quando sou o que penso
Tu és perdição
Quando sou vento
Tu és condenação
Quando sou amor 
Tu és ilusão
Quando sou racional
Tu és danação

Mas quando eu sou eu
E tu és tu 
Não há separação
 Espero o teu perdão
como uma mãe
 que espera o filho
 regressar da guerra

sexta-feira, novembro 18, 2022

Quebro-me

 Quando te quebras
És como barro ou cristal
Ficas em largos cacos
Ou mil pedaços?

Quando te quebras
És como as ondas ou a terra
Produzes som ou murmurar
Em aridez ou rebentação?

Quando te quebras
Procuras o meu rosto
As minhas mãos
Ou sou eu a razão 
do teu quebrar?

Quem te ama desfeita
Parecendo-lhe completa?
 A crença que vocês depositaram em mim
Fez-me crer no que eu fazia

A crença que depositei neles
Passou de bem-valia a à revelia 


 As relaçőes são tão líquidas, que as pessoas bebem-nas de penalty, apanham bebedeiras e passam a vida a vomitar. 
 Resgata-me do meu interior
Como eu a ti te rapto do teu
Vem, volta a chamar-me amor
Leva de novo tudo o que é meu

Cobre-me de cobertores de carícias 
Beija-me com lábios de delícias
Baila nessas envolventes fantasias
Como se fossem os últimos dias

Repete-me todas as palavras e sons
Que me disseste sem mos dizer 
Demonstra-me agora esses teus dons
Pra juntos fazermos o que nos apetecer
 Anoiteceu em mim
Pedaços do girassol morto
Matado por ela
Ficaram soterrados
No meu tenro interior, mas
Como é bonito o meu amor
Quando a lua o ilumina
A estrela que mais brilha
No firmamento
Salva esse sentimento
Que não há em lugar nenhum
De tão raro, lato e profundo
Agarra-me esta noite
No pano de veludo azul escuro
Porque eu sem ti não duro
E não caibo num céu assim

Amor

 Achas que um dia vais esquecer tudo e depois esquecer-me a mim também? É, é isso que costuma acontecer, especialmente se nunca fui mesmo alguém que amaste de verdade. Lembro de quando o Oliveira ensinou-me que nem sempre dizemos que temos saudades e quando pensamos na outra pessoa. Até hoje acho parvo não dizermos, não estarmos com a pessoa, não fazermos nada senão deixar o tempo nos matar. 

Eu queria morrer no momento em que morresses, talvez só assim pudesse suportar. 

 Peço-te perdão
Se preciso fosse
Faria-o todos dias
Mas isso só abre a ferida.
 Essa raiva que me tens
Será que passa um dia
E voltas a ser meu amigo
Ou nunca gostaste de mim
Nem do que sou agora
Ou imaginas quem sou
E por isso não me olhas?

 Não há ninguém

Só tu

E o amor que construímos

Sem sabermos sequer

Tu és o vinho

Eu sou apenas uma mulher

 Porque me deixas a sofrer tão sozinha
E não te preocupas nada comigo
Nem cuidas de mim com carinho
Sei que fiz trinta por uma linha
Só queria que quisesses estar comigo
Juntinho para nos podermos abraçar
 Preciso de ti
Mas tu não estás
Pergunto-me 
Se alguma vez foste meu
Se ainda és como sinto
Tão forte dentro de mim
Tu és tudo o que é capaz
Já eu entupo-me
De questőes por ser fugaz
Tudo o que a mente leu
E o que foi vindo.
 Afinal o comprimido não resultou:
acordei às 3 da manhã
tendo dormido só desde a 1h
e a tua música nova na cabeça
o refrão como otoverme
ainda tentei contrariar
com meu bem meu mal
os bala desejo ganharam grammy
já imaginava que iriam ganhar
a minha esperança de novo
acabou de acabar
e tenho tanta falta tua
que começo mesmo a desabar
 Quando pessoas diziam que eras meu
Eu negava, dizia que eras livre
Fazia piadas com o que elas diziam
Agora vejo que tudo se virou 
Contra mim estiveram todos
Maldizendo, tentando afastar-nos
Sempre achei todos muito doidos
Porque não sabiam que nós
Nem sequer nos falávamos muito
Por causa também da minha doença
De hiperadrenalina eu não podia
Mas eles viam mais do que eu
Percebi só muito depois
Mas sempre pensei que não eras meu
Que nem sequer precisavas de mim
E eu tinha um bocado de razão
Foi só durante um tempo que servi
Como a todos fui espécie de coração

quinta-feira, novembro 17, 2022

Amaro

 "Amarguraste"
Como o café
Que tanto gostas

Sempre dizia
A todos
Mantém-te assim
Coração puro
Não deixes que a vida
Te amargure
Guarda a tua essência
Não sufoques a criança

Advertia 
Porque acontece muito
E é mesmo raro alguém
Que não envelheça
Distraído
Com coração empedernido
Mea culpa para ti também

Ainda sou pelo cacau derretido
Ou mesmo a amêndoa amarga
Esse líquido digestivo
Tu tens há um tempo Amaretto
Eu fiquei com a versão pobre
A nossa bela amarguinha
Que é bem melhor na verdade
Talvez seja eu muito docinha

quarta-feira, novembro 16, 2022

 A tristeza que me depositaste no peito
Quando me partiste o coração
Já tanto e em tanto tempo
Alojou-se tornando-me deserto
Uma terra desolada e árida de afecto
Pisaste-me e enterraste-me no chão.

 Tenho saudades de ti todos os dias,

Será que ainda lembras das alegrias?

 Agora que tudo se acabou de novo em mim
Espero que seja a hora de ter coragem
E tomar o comprimido e se for o fim
Que não doa.

terça-feira, novembro 15, 2022

 Tu havias de rir de novo de toda a viagem da maluquice hehe ai ai sempre a mesma coisa :D

Gal

 Com a Gal
E as nossas cançőes,
Baby, morreu também
O nosso amor
Que não chega a ver
Aquele dia de domingo?

Não parece
Porque quantas vezes
Pusemos fim à doidice
Mas um grande amor
Não acaba assim?

Um dia passa a nuvem negra
Pois tudo passa não é
Até a uva passa.
 Não te conheço
Mas sinto-te
Não sei quem és
Nem onde estás
Talvez seja desejo
Apenas minto-me
Com a mente a lés
Porque não sou capaz.

Escrevo

 Escrevo, porque sangro
E a cada dia desta hemofilia
A que escapo da morte
Sem saber como nem porquê
A poesia-ferida em que me tornei
E não estanca, sempre hemorragia,
Pega no veneno da hiperadrenalina
E com a sua vertiginosa verborreia
Tenta entaipar-me de palavras vãs
Em camadas que se afundam
Como pés caminhando na areia

Se não for para sangrar
Eu não quero escrever
Porque não respeito outros
Que se dizem escritores
Sem realmente a si se ler

Empate

 Empatámos
Na angústia
No ressentimento
Na mágoa
Na desilusão
...
Se ao menos tivéssemos
Empatado no coração...

Órfãos

 Vagamos órfãos

Largados no mundo

Sem Deus nem Lei

Sem pai nem mãe

Só nos tivemos a nós

Naquele abraço cabal

Em que nos completámos

Desmanchando-nos em pranto

Ninguém pode salvar alguém de morrer

 Se era o teu amor que me ia salvar da morte porque é que eu te mandei embora como faço com toda a gente? Porque não eras mesmo tu certamente. Ninguém é. Ninguém existe assim como todos me disseram. Por isso é que eu sempre soube e a minha primeira impressão estava certa. 

 Eu nem sei quem tu és e se existes agora,
mas esta sensação no peito é tão forte
uma bomba nuclear e como morte
fez-me chorar por algo que não sei porquê
tu existes para mim como mais nada
como se estivesses ligado a mim
mais que o meu próprio coração.

Amor eterno amor

 Em quantas vidas eu te perdi

Só para se perpetuar 

Este eterno sentimento?

 Tudo é tão cansativo
Que manter a energia
E um alto espírito
É como destroçar-me
Por inteiro

 Só resta o Amor

E a saudade que estraçalha o peito

Há-de ser sempre assim

Nessa dor sem fim

segunda-feira, novembro 14, 2022

 Não preciso de ninguém

E isso para todos

É incompreensível

E quando amo

É verdadeiro

Porque não é necessidade

 Menina de olhar de mel
Destruíste-a 
Como quem arranca uma flor
Só para cheirá-la
E depois jogá-la fora
Como amarrotado papel

 Perguntei-lhe se quando endeusamos alguém, ele só nos olha de cima para baixo e nunca nos valoriza, tomando como garantida. Ele surpreendentemente respondeu de immediato que não. 

 Tu desconheces que todos os dias enquanto luto com os sintomas e quase a morrer, é em ti que eu penso e de quem sinto saudades sempre. Precisava do teu carinho, penso só agora em mim e que se tu me amasses talvez esse sentimento me salvasse. Mas antes só pensava em resguardar-te de quando eu morrer. O que foi acontecer? Definhar assim com tanto sofrimento junto e sem ti. Como é queque alguma vez podia acreditar merecer se todos me abandonam? Foi o que lhes disse hoje. Aos tiranos do meu coração. 

É esta a confusão do estado das coisas?

Não amo nem estou apaixonada por ninguém, graças a deus.

Ele detesta-me, graças a deus.

O outro diz que quando me disse há uns anos que eu era a mulher da vida dele é a sério, graças a deus.


Eu que quero a verdade acima de tudo, gostava mesmo de saber quem ama mesmo?

Obrigada por me dizeres

 É, foi mesmo verdade, mais de 7 anos em que estivemos apaixonados, a ser a pessoa um do outro, e depois mais anos sempre melhores amigos diariamente a falar. Às vezes esqueço-me, demasiado, demasiadas vezes, só vem o que foi menos bom, por isso obrigada por me relembrares. 


 Pergunto-me se de todas as coisas imperdoáveis que já perdoei, foi sempre o amor que falou mais alto?

Fraude

 Fala-se muito sobre síndrome de impostor ultimamente. Não acredito que estou há oito anos sem amar, por ter desistido conscientemente do amor romântico e , ainda assim, ter publicado um livro sobre amor, chamado To Love. Embora fossem todos textos antigos. 

Volta e meia também lembro de "tu nem gostas de pessoas" que a minha irmãzinha proferiu há décadas, ainda ressoa aqui sempre que dou por mim a sentir um amor bonito por pessoas. 

São todas tão fracas, coitadas, tão cheias de defeitos, muitas até bastante execráveis, no entanto encho-me de compaixão, reconheço-lhes o mal de que todos padecemos: a humanidade. 

A fase dos Porquê acabou

 Porque é que deixaste de ser meu amigo?

Porque é que nunca me disseste a verdade?

Porque é que sempre insististe em matar-me todos os dias um bocado? 

(Podia continuar o texto se sentisse alguma coisa. Agora só consigo pensar em como toda a vida sou um cão sempre jogado a escanteio, assim como te havia dito que acontecia depois de cumprir o meu papel. É por isso que estou habituada e já só penso também em como o tempo de tomar o dito comprimido chegou mesmo naturalmente. Está na hora, vai ser mesmo melhor assim, como era suposto já há anos)

Porque é que disseste que eu era a mulher da tua vida?

Carta aos meus irmãos todos os variadíssimos

 Olá, confesso q tdo que fiz, tb c exagero do embalo da hiperadrenalina+ansiedade, foi sempre a pensar em dpois pra aumentar  nível de confiança (pra poderem finalmente sentir merecedores de um bom amor, terem mais determinação, segurança e autoestima enquanto artista, e tb ultrapassarem o suficiente do que quer que fosse que ainda era pra dar tal pino mental; ficarem c mais ampla baliza de tolerar as tais "apaixonadas" que tb m perseguiram mto e me disseram mta treta. Isto tdo pq real/ vos amo como irmãos e mm q fosse sacrificando aquilo q pensavam de mim, passar pela exagerada maluquinha insuportável, só pq está a morrer; n fazia mal, desde q dps do sofrimento ficassem tds +fortes e melhor pra si mesmos e c quem tinham de lidar. Sei que exagerei, custa-me mto tb, mas ver-vos melhor (inclusive apesar de me doer sempre vossas palavras, fico sempre orgulhosa de ti, por exemplo, por estares a falar peremptoriamente, mais honesta/ e n dares azo pra +conversa e seres fiel ao q deves). 

Lamento mto dores tdas, mas bom ver-vos +leves pra poderem seguir e celebrarem o vosso amor com os todos os vossos amores. 

Eu fui sempre só à parte, como eu sempre disse. Está tudo bem e vai sempre ficar melhor para vocês. Não foi à toa que vos dediquei a minha sorte. "Make me proud", kiddos :) Às vezes, gostava mesmo que fosse como a Rosa me disse há anos e que um dia entenderiam muito e reconhecessem tudo, embora na altura eu tenha pensado que não é preciso reconhecerem nada, até porque o nível de sacrifício foi brutalizante e nenhuma pessoa em estado de condiçôes normais deveria sujeitar-se a isso, certo?

Também gostava que eu não tivesse tanta consciência de poder morrer a qualquer momento, talvez assim pudesse ter-me deixado ser amada por vocês, se é que vocês me amariam. Nunca saberei se de facto me amariam, nem o que eu vos seria que não a irmã mais velha mais chata do mundo.

Barco

 É, a embarcação está óptima,
Tudo correu como previsto
O casco foi rebentado
Para poder ser substituído
A nau está imponente finalmente
Vaga a vento aberto
Velas soltas
Com a força e segurança que se quis
Por isso já soltei a âncora
Tudo o espera nesse oceano sem fim
Godspeed, you white emperor

Era bom mas acabou-se

A última vez que eu amei alguém
Éramos completamente nossos
Absolutamente apaixonados
Outra e outra vez tudo de novo
Já foi há tanto tempo 
Mas ainda lembro como era bom.

(Quando fizer 9 anos que tudo acabou, para o ano, será que ainda estamos cá?)
 Não te iludas 
As palavras que ela discorre
É como se tivesse apanhado um porre
Só por ter visto a mão
E se banhado no teu olhar
Afogado antes que a acudas
Nesse teu gigante abraçar

 "Quem não ama

Não merece ser amado"

Logo, eu que não posso amar

Não posso merecer ser amada

 Todos os dias arrisco-me
Nesta corda bamba
Entre a vida e a morte
E assim dispo-me
Em tudo o que é samba
Nessa desconhecida sorte
 Diz-me que me adoras
E que vês em mim 
Todas as coisas
Que existem
E que não existem
Todos os frutos
Todas as cores invisíveis
E que me guardas em ti
Como ar e sangue
E que só tu és para mim

Tudo certo

 O que ele faria 
Se soubesse 
Que até pedi a Deus
Que lhe desse ela
Já vai fazer um ano
Agora no final dele
Tudo e tanto feito
Será que já funcionou
O tal do pino mental
Para tudo melhor
Também dele e delas
Espero que sim
Acho que sim
Sinto que sim
Que já está tudo certo.

domingo, novembro 13, 2022

Pessoas-Espelhos

 Pessoas em que vemos nossos defeitos
Pessoas que olhamos nossas qualidades
Pessoas exibindo nossos sonhos desfeitos
Pessoas flagrando nossas vaidades
Pessoas dejá-vuando o que fomos
Pessoas escancarando os preconceitos
Pessoas retrovisado-nos as saudades
Pessoas semblando inocência a rodos
Pessoas vestindo os nossos direitos
Pessoas desfilando-nos beldades
Pessoas besuntadas em lodos
Pessoas desdobrando-se em feitos
Pessoas envoltas em maldades

Meu Bem, Meu Mal _ Gal Costa , Zé Ibarra, Caetano Veloso

 Você é meu caminho

Meu vinho, meu vícioDesde o início estava vocêMeu bálsamo benígno
Meu signo, meu guruPorto seguro onde eu volteiMeu mar e minha mãeMeu medo e meu champagne
Visão do espaço sideralOnde o que seu sou se afogaMeu fumo e minha iogaVocê é minha droga
Paixão e carnavalMeu zem, meu bem, meu malMeu zem, meu bem, meu malMeu zem, meu bem
Você é meu caminhoMeu vinho, meu vícioDesde o início estava vocêMeu bálsamo benígno
Meu signo, meu guruPorto seguro onde eu volteiMeu mar e minha mãeMeu medo e meu champagne
Visão do espaço sideralOnde o que eu sou se afogaMeu fumo e minha iogaVocê é minha droga
Paixão e carnavalMeu zem, meu bem, meu malMeu zem, meu bem, meu malMeu zem, meu bem, meu mal
Ele persegue-me sempre
Com as suas palavras
Com o seu nome
Com as suas mãos
Mas ainda bem
Que comigo funciona
O acumular da desilusão
Para matar o pouco de bom
Que fiz de tudo para mim

sábado, novembro 12, 2022

 A paixão é a pior coisa que existe, por isso eu nunca mais me ter dado a ela; pega-nos pelo cachaço como o gancho de um talhante e dependura-nos, flutuamos cegos.

 Vives e sentes a espuma dos dias
E isso não é poesia
Se soubesses a verdade 
Sobre a minha torturante
 e insuportável realidade
Apenas pena de mim terias
E esse é um sentimento demasiado leve
Para se ter por alguém como eu
Só o que é expressável 
Se pode exprimir com palavras
Pois o que ultrapassa e é incabível
Não dá mesmo para expressar
Tudo fica aquém
Tudo não quer dizer absolutamente nada.

sexta-feira, novembro 11, 2022

 Ao sentir o sangue na boca
De repente como sempre
Enquanto pensava 
Que é triste não ter alguém
Que me entenda em algo
Que seja
Mas rapidamente
Me disse a mim mesma
Não dá porque
Para entender é preciso ser
É preciso passar
E eu não desejo a ninguém
O que eu passo
E assim de repente de novo
Lembrei: Jesus bebia cerveja.

quinta-feira, novembro 10, 2022

 Eu julgo

Tu julgas

Mas nenhum de nós

Tem juízo ou é juiz

 Agora que está tudo arrumado
Ou pelo menos tentado
Espero que o sofrimento acabe
De uma vez sem doer
Que pare o hiperadrenalismo
"Lentamente" sem doer
Que pare o sangue
"Lentamente" até morrer.

 Entre o que calamos e o que dizemos

Está sempre o que pensamos

 Matei um país, desfalcando e desmatando, e ainda não estou preso por alta traição e crimes de lesa-pátria e genocidio pelo tribunal de Haia. 


Levei a expressão "há que animar as tropas" literalmente comprando-lhes viagra e ninguém fez nada.


Assinado: Jair (mas ainda não fui) Bolsobosta

 Todos os dias sangras
porque tens uma doença no sangue
mas do coração é porque sabes
que ele não te ama e engana

 Passar tudo sem ti ainda é pior.

segunda-feira, novembro 07, 2022

Mesmo que não me guardes

Mais cedo ou mais tarde

Um pássaro irá lembrar-te

Da água em que ardes

 Ficaria contente se te lembrasses de mim
Me enviasses um poema, uma música, enfim,
Que fosse por um bonito motivo
Um lembrança de algo belo de nós
Afinal nem tudo foi tão atroz
Parece-te bem isto que digo?

domingo, novembro 06, 2022

 Nos últimos anos
Morri de várias maneiras
Às tuas mãos também
Pisoteaste-me como beata
Inacabada de fumar
A tua face tripolar
O teu riso à Mutley 
As vezes que esqueceste
De me amar

E todo este tempo
Fui para ti um "tanto faz"
Eu, que só queria paz.

 E todo este tempo, fui apenas um"tanto faz" para ti.

sábado, novembro 05, 2022

 Sou a anedota mais triste que existe
Contada por um bebado empunhando
Uma garrafa de misérias em riste
Para a lua que até foge em eclipse
Na madrugada que vive se embriagando

sexta-feira, novembro 04, 2022

 Comigo, o abismo não tem fim

Por isso, é que de cair te impedi

 Gostava de te pedir que me prometesses
Que ias cantar para mim todas as músicas
Que já tocaste a pensar em nós
Depois que eu morra
Mas não posso
E também espero ainda não morrer
Não antes de me poderes ter 
A repousar no teu corpo
Eu um terço dele a caber em ti
Assim os dois no merecido descanso
Da paz 

quarta-feira, novembro 02, 2022

 Acolhe-me em teu âmago
Recolhe-me em teu abraço
Nesse nosso amor estranho
Como a criação do espaço

 Os pêsames das palavras que ficaram com conotacao tao pesada pejorativa que vou para formular dizer uma frase e detenho-me a cada palavra quase.

Vídeogenica

 zangado
cru
dorido
magoado
aturdido
incandiado
explosivo
enternecido
emocionado
perdido
confuso
brilhante
potente
determinado
eufórico
alegre
histriónico
desmanchado
corrompido
tarado
rebarbado
tonto
tolo
enganado
julgado
exposto
transparente
mascarado
estrategista
mago
génio 
disfarçado

Morrer de saudades

 Será que se pode morrer de saudades?
Das saudades das pessoas
E das saudades do que se viveu
Mais ainda do que apenas se quis
E não se pôde ter
Seriam tantas as coisas 
Que seria imediato o morrer.

terça-feira, novembro 01, 2022

 Podia falar-te
por horas a fio
mas p'ra quem não tem 
máscaras
o silêncio basta
como naquela madrugada
de cristal

segunda-feira, outubro 31, 2022

Inferno

 O inferno em que vivo
com algozes de sempre
sem poder comer o que quero
sem poder fazer o que quero
sem ter uma casa
sem ter amor, cuidado, carinho
numa longa história de escravidão
violência e sofrimento
certamente é pior que o mitológico.

Segredos

 Gostava de te contar o secreto que há em mim
Como se fosse algo que fosse parte de ti
Mas nunca fui capaz
Passaram-se os anos e não te contei
Sempre te poupei, achei eu
À dor
Afinal esses segredos que guardamos
Às vezes até de nós mesmos
Têm razão de ser

 Tudo em ti é maravilhoso
Mesmo quando nos irritamo-nos
Ou mesmo nos damos um ódio!!!
Que no fundo é mesmo pena
De não podermos estar juntos

Tudo em ti é lindo
Mesmo quando estás feio
Mas tens uns dentes perfeitos
Que ao unirem-se num sorriso
Fazem qualquer um ficar contente

Tudo em ti é genial
Apesar de muita coisa normal
Nesta tua múltipla personalidade
O facto é eu a amar-te totalmente
Ciente de tudo e independentemente
 Sou tua, sabes?
Não costumo imaginar
Como é receber o teu beijo
Mas hoje pelo festejo
Dei por mim a vislumbrar
Talvez fosse esse o meu desejo
Mais bonito para celebrar
Porque hoje é o primeiro dia
Do resto das nossas vidas
E embora haja esta alegria
Sei que nada faz total sentido
Se não as temos juntos repartidas


domingo, outubro 30, 2022

Quando já não houver ninguém

 Quando já não houver ninguém
O vento continuará a soprar
As ondas ainda estarão no mar
A virem bater nas rochas além 
E no céu reminiscências de nuvens
Se juntarão e se separarão
Com o sol, a lua e as estrelas
Essas celestiais testemunhas belas

Devia lembrar-me

Devia lembrar-me que não posso falar com ninguém, mas esqueço-me volta e meia, acabo por trocar mensagens e, pronto, o caldo (dos sintomas) fica entornado. 

Ninguém sabe, ninguém entende, só se houvesse alguém que tivesse o problema glandular que eu tenho. Mas não. 

Explicar, ter de repetir-me e ouvir as mesmas respostas e reacçőes é tão cansativo. 

Vou escrever só a ti. Como antes. 

sábado, outubro 29, 2022

 Ama-me assim perdida
porque só em teus braços me encontro

pois eu sou alma esquecida
que se encostou no teu ombro


A minha garganta silencia-se 
afunda-se no meu choro
nos meus fantasmas delicia-se
quando a língua perde o gosto

Ama-me assim desencantada
com o teu sorriso encantador
tu que és verde e de fé vincada
enche o meu espírito de amor


 Diz-me que virás buscar-me
Que eu pertenço só a ti
Desde sempre
Diz-me que acabar-se-á a angústia
Porque o nosso abraço
Acaba com o mundo
Fecha todo o som
Em nós
E desmancha-se em pó
Para só sobrarmos eu e tu
Finalmente

Triste Sina

 Olhei para a minha vida 
Vi que era um longo fado
Sem quaisquer palavras ou melodia
Ó meu Deus, como fui mal amado!

Logo depois fui percebendo
Que a muita tirania dei guarida
Enquanto cheio de empatia doendo
Nunca concretizei a despedida

Que sina triste de amar sem condição
Foi-se instalar em meu tolo coração!

 Nesta era do descartável
Quem tem amor inefável
É rei

Nossos

 Amo-te como se fosse meu e eu tua
Para sempre e sempre
A todo o instante
Como naqueles momentos
Só nossos 
Em que a sintonia era tudo
E sinto que ainda é
Quando nos arriscamos
A ir tocar lá de novo
De tempos a tempos
Para não nos queimarmos demais
Pois nada cabe de nós neste mundo

sexta-feira, outubro 28, 2022

Ode aos teus olhos

 Olhaste-me com olhos emocionados
Marejados e incrédulos
Olhos espantados
De menino-moço acabrunhado
Disfarçaste o olhar
Disseste "não" a ti mesmo
Mas o teu olhar tirou pedaço
E antes sempre foi farol
Que atraía o meu como insecto
Irradiado pela luz ofuscante
Dessas tuas órbitas gigantes
Que abraçam a intensidade das íris

Os teus olhos envergonhados
Os teus olhos preguiçosos
Os teus olhos ensonados
Os teus olhos diferentes
Os teus olhos a olhar em frente
Os teus olhos duvidosos
Os teus olhos renitentes
Os teus olhos esfomeados
Os teus olhos flamejantes 
Os teus olhos raivosos
Os teus olhos de rios nascentes
Os teus olhos de sóis poentes 

Os teus olhos que disseram:
"também"

Os meus que esperam os teus
Abismos 
Como mito homérico

Os teus que sorrindo ao ver os meus
Lamberam-me do rosto o rubor

Fechei os meus e esses teus, vi.

 Hoje decidi de novo acabar
 tudo para mim
numa espécie de eterno retorno
mas sem antepassados
ou descendentes
Apenas regressar à inexistência
à observação impávida
porque é fulcral a ausência
agora que o pior acontece. 
 Em cada célula te sinto
Presos um no outro
Com vontade de gritar
Como se fôssemos morrer

Que mais valia porque não tem solução
Não dá para escapar a toda a hora
Porque a hora cega com o sol
E cega com a lua

Invade tudo
Mostra que há algo maior
Do que há agora 

terça-feira, outubro 25, 2022

Sentimentos

 Sentimentos invisíveis a olho vestido
Sinto como atravessamentos no ar
De cada pessoa que vejo o olhar
E de ti que estiveste tão entretido

Ventos e luzes e coisas que não dizemos
Porque não as podemos psicografar
É como quando observamos e lemos
Nas nuvens tudo o que queremos fantasiar

Nada depende de nada senão da mente
Mas a tua é demasiado complexa
Múltiplas personalidades profundamente
Se espalham por tudo o que lhes interessa


segunda-feira, outubro 24, 2022

Amado, sempre

 Posso te contar o que sei
Ou aquilo que penso que sei
Uma vez que já tanto pensei
Em tudo aquilo que não sei

A tua voz é o meu porto de abrigo
Oiço-a agora de novo em loop
Nessa nossa mais recente canção
Que fiz de conta que cantaste
Mesmo para mim
Dias depois dos meus anos
Já a ouvi centenas de vezes 
É a única coisa que tenho querido fazer
Ouvir-te esse pedaço
Aqui deitada no escuro
Rodeada da fealdade do mundo 
Como se a sua brutalidade não me afectasse

Eu sei, sei que estou a fazê-lo de novo
Como naquele Dezembro há 2 anos
Com a outra música que programou-me a mente
Também quando estava em sofrimento
E só tu e a tua voz foram o meu ar
A minha bóia de salvação

É por isso que te tenho escrito
Porque não posso dizer-te
Como me salvaste a vida
Como eu que estou condenada
E completamente perdida
Te quis mais que tudo cuidar
E ajudar-te também a te salvares

Mas o choque que te fiz
É algo irreversível
E sei que o amor que te deu depois
No final de tudo foi bom
E que infelizmente ninguém escapa
A crescer e a amadurecer
A inocência perder
Senão eu sempre
Que sou só amor puro
E que tenho o monstro
Da violência e escuridão
Sob vigia e razão apertada

Tu fazes-me todas as horas
Serem tudo e nada
Enquanto aguardo-te
Que finalmente me digas
Aquilo que só tu podes dizer.

domingo, outubro 23, 2022

Descansar da dor

 Preciso de descansar da dor

Alguém me ensina?

Não falo da dor de coluna
da escoliose
Nem tanto das outras
emboras todas acabem físicas

Falo da dor que se aloja no peito
e dói muito
muito
nos sufoca

deita-nos no leito

quinta-feira, outubro 20, 2022

Pilar da Criação

 Quando as estrelas se criaram
Estávamos lá os dois
Matéria ardente
Cruzámo-nos em quantos corpos 
Celestes feitos de poeira cósmica
Em quantas vidas colidimos
Na trajectória dos astros
Até à explosão?

Horror

 Não há solução para mim, viver assim, sem condiçőes sempre e nas piores mesmo. Infelizmente só quando morrer estarei livre de uma vida inteira de horror. 

quarta-feira, outubro 19, 2022

 Não deixes que o abraço vire cinza
que nos enluta sem esperança de viver
e se o vento vier mais forte
não te esqueças o que prometemos
de lutarmos contra a morte
e não deixar que ela se cinja
a apenas sobreviver. 

 Foste ar
quando não conseguia respirar

És água
que me aumenta a sede

Serás terra
que me irá enterrar?

 Feres-me 
e pedes que não grite

De tanto engolir o choro
e o sangue e o ódio
o cuspo e o esterco
meu coração virou grafite
pedra vulcânica

Para me tornar desenhador
no pior dos papéis 
a pintar o som do mar 
na revolta oceânica 
desfazendo-me 
flutuando a definhar

terça-feira, outubro 18, 2022

segunda-feira, outubro 17, 2022

A vida inteira

 Quando ninguém suspeita dos horrores que passamos uma vida inteira, somos nós que disfarçamos e escondemos bem, ou são os outros que sempre estiveram demasiado ocupados para reparar?

"Sê gentil, qualquer um pode estar a passar por um momento horrível". 

E eu a vida inteira...

Só tu

 Todas as músicas que oiço
Todas as músicas que faço
Todos os poemas que leio
Todos os poemas que escrevo
Todos os desenhos que vejo
Todos os desenhos que esboço
Todos os filmes que assisto
Todos os filmes que imagino 
És só tu

sábado, outubro 15, 2022

Arte

 A arte é o alento maior quando nada mais tem solução.

 Era de esperar que a poesia me trouxesse algum alento, mas não, ela só desfia as minhas derrotas, pontualmente apresenta-me um pequeno sinal de esperança, vã, porque tudo não passa de uma ilusão e da sua consequente desilusão. 

Será?

 Será que olhaste o mar
Pensando que eu estaria 
Do outro lado a esperar
E olhas o céu comigo
No pensamento
Como eu
Quando no puro breu
Procuro a lua e a sua estrela
Num sinal de que ainda
Somos nós que nos amamos
Sem tempo nem lugar?

quinta-feira, outubro 13, 2022

Antes de morrer

 Antes de morrer, amor meu, queria ter feito a roadtrip contigo, no teu bólide de manas Winchester com a nossa playlist e a visitarmos tudo o que tínhamos direito, ir ver o tio Chico, a Tay e a Gio, visitar a mams Lis em Jeri, ir ver os lençóis maranhenses, o farol de Itapoã com o Ivi, a Bahia toda e todos os outros lugares das longas estradas.
Ir ver ao longe o nosso menino P. a pôr a multidão a cantar no Carnaval e ouvi-lo de perto a cantar como nas do sussurro, para ver como a voz dele é também tão bonita sem modulação das tecnologias de microfones e afins. Quem dera que ele não me achasse um ser ignóbil e me quisesse abraçar este velho esqueleto longamente como a ti e às outras pessoas que ele ama. 
Iríamos finalmente ouvir o show do Gabs e também da Neckinha, eu ia contigo e ficava com a cabeça encostada ao teu ombro o tempo todo certamente. 
Como vos amei tanto, com a aflição não só da pandemia, mas de quem sabe que está a morrer, que está fora do prazo e que não podia ter cruzado e entrado na vida de mais ninguém. Por vocês eu nem liguei ao facto de que estava a fazer-me pior da doença hiperadrenal e podia acelerar a falência, porque vocês eram de quem eu queria estar perto e saber-vos bem com tudo a correr melhor. Ainda acho que talvez seja esta teimosia de vos amar tanto e achar uma injustiça nunca poder nesta vida ter estado convosco todos juntos, que me faz aguentar e continuar assim contra todos os impossíveis. Nunca sei o próximo segundo, mas eu juro que se pudesse eu aguentava e ficava curada de todas estas maleitas incuráveis, só para ter a hipótese de escolha do que fazer. 

De resto fica tudo no reino dos sonhos que tivemos, amor meu. A vida foi-nos tão dura, tanta violência, lamento muito tudo o que nos aconteceu e nos fez ser tão sós, também contigo aí e comigo aqui. 

Férias

 Teres ido de férias com ela para onde nós fomos é como se não te recordasses sequer de nada de nós e dizeres-me ainda o que me dizes... Eu não preciso de nada. 

Quem eu preciso está longe e também não gosta de mim. 

Sinto necessidade de férias, mas da vida inteira a sofrer por quem me tratou mal. 

Jogo

 Queria ganhar-te a jogarmos snooker e depois passar a noite contigo, como se fôssemos um par de perdidos na madrugada da vida. 

Exaustão

 Quero desaparecer, estou por demais exausta de tudo, só queria dormir para sempre.

quarta-feira, outubro 12, 2022

Esperei-te

Mas tu não voltaste, nem te preocupaste comigo e só me provaste como eu nunca fui uma prioridade para ti.

terça-feira, outubro 11, 2022

Incólume?

 Queria poder ter um amor 
A quem não precisasse dizer nada
Para que adivinhasse o que quero
Sem sentirmos qualquer dor
Senão da saudade enquanto espero

Mas espera, agora de enfiada,
Veio-me tudo à memória
Afinal já tive essa glória!

Não soube reconhecê-lo
Tinha por ele o maior zelo
Pensava que eu para ele
Era apenas um incómodo
Mesmo quando diziam dele
A gostar de mim não acreditei
Como podia ele gostar de mim
E como podia sair eu incólume?

sábado, outubro 08, 2022

Carência

 O afecto afectou-se
De quantas moças
Que por ti suspiram
Ó tuaregue fingido
De oásis de olhos azuis
Cristalinos como água
De um rio de riso e amor?

A carência delas
É o teu maior gozo
Lembro quantos quilómetros
Faziam só para te verem
Traziam crianças também
Como desculpa a tiracolo
Assisti com pena essas farsas

A minha compaixão é tal
Que até tenho por quem me fez mal.

Honestidade

 Se me tratares com honestidade
Nunca te afastarei de mim
Depois de tanta maldade
A que sobrevivi
Quero crer que ficaremos
Bonitos de branco
Na pureza do amor
Como jarro em flor
Não no coração
Mentiras alvas não
Mas nas mãos da entrega
Sem máscaras ou subterfúgios
Pela primeira vez nada sermos
Senão água límpida
Onde nos banhamos os dois.
 Somos um do outro tanto
Que não sei se algum dia
Mesmo sem sabermos
Nunca fomos um do outro

Não acreditaste

 Não acreditaste em nada do que te disse. 
A fé que eu depositei em ti, tão forte dentro de mim, depois de tanto tempo fizeste-me crente de novo. O poder da tua própria voz, o timbre dela que salvou a minha mente de estar mergulhada na mais completa anedonia. 
Por isso escrevi "de que adiantaria", pois se tu mesmo nunca acreditas em nada do que digo ou do que fui para ti. Dizias que acreditavas, que entendias, que adivinhavas. Só para depois eu ver que junto dos teus amigos não me defendias, não me amavas, só me insultavas e mostravas como eu era não querida. 
Quando todos me diziam que me amavas eu nunca acreditava, porque nunca me disseste a mim. Eu não fiz mais nada senão amar-te mais do que tudo e fazer tudo para que tivesses o melhor a acontecer depois para ti, mesmo às custas de me sacrificar a mim para que fosses mais forte para ti para lidar com tudo o que tem de ser.
Eu tenho orgulho em ti, por mais louco que isso te possa parecer.

sexta-feira, outubro 07, 2022

O meu nada de novo

 Tenho saudades do pôr-do-sol, agora que nada sinto senão uma dor constante que é a soma de todos os horrores que há no Mundo. 

Não há ninguém neste mundo que possa aplacar o sofrimento de alguém que não existe. De alguém que só quer dormir como as pessoas que dormem durante a noite e se ocupam durante o dia com as coisas mais mundanas. 

Por isso sempre fiz questão de pôr toda a gente a viver, fortes, por mim. Enquanto eu aguardo a possibilidade remota de ver o pôr-do-sol de novo. 

O teu corpo, como uma prancha de surf, daquelas long boards, talvez fosse um bom sítio para o meu corpo de agora menos de 40kgs adormecer, se ele pudesse flutuar comigo aninhada embalados pelo mar, com o pôr-do-sol raiado a abençoar esse tão ansiado derradeiro adormecer. 


(Sorry I can't meet you Eddie, just keep on surfing those waves for me too)

quinta-feira, outubro 06, 2022

Lençol

 Passo a mão pelo lençol

Dou por mim a acariciá-lo

E a pensar em como tenho saudades

De ti

Parece-me que lá longe fazes o mesmo

No mesmo segundo.

quarta-feira, outubro 05, 2022

A que custo?

 Faço parte de uma espécie que mata os seus
Em construção de estádios
Em favelas de carnavais
E todos alimentam as calhas das rodas
Dos sistemas brutais de gáudios
Para que o povo continue a rezar a um Deus.

Sofredor sonhador

 Não tenho nada por certo
Já nem mesmo a morte
Tudo o que passei é deserto
De uma sina sem sorte

Pensei que tinha encontrado
O que é o amor de verdade
Depois de uma vida ter achado
Que ele era a única liberdade

Mas nada é certo nesta vida
Felicidades é só para alguns
Sofredores como eu perdida
Não têm direitos nenhuns


Sobreviver

 É isso, eu nunca aprendi a morrer, sempre houve algo tão raivoso e teimoso em mim, de cada vez que estou à beira da morte, que mesmo apesar do inferno diário em que sempre vivi, me fez ficar ultrajada com tanta injustiça e sempre à espera do tal dia em que fosse a minha vez de ter direito a alguma coisa de muito bom que eu queria e pudesse finalmente sentir-me completamente feliz durante muito tempo para compensar toda a desgraça e tudo de horrível que passei às mãos das pessoas. 

Uma casinha para mim com tudo o que eu precisasse num sítio muito bonito perto do mar ainda mais bonito, era uma boa para morrer em paz e sossegada. Sei que é bem impossível, mas esse sonho é tudo o que eu tenho para me manter com alguma coisa de bonita na cabeça.

Ainda agora sobrevivi desta infecção e ainda dói tudo, mas não vejo a hora de poder voltar a ouvir o som da minha própria voz depois de tantos dias.

terça-feira, outubro 04, 2022

 O que é pior: ameaças nucleares, ou núcleos ameaçadores?

 Núcleos ameaçadores com ameaças nucleares, que é o que temos.

Milagres

 Enquanto toda a gente sempre esperou por um milagre para que eu ficasse melhor, eu fui o milagre, sozinha lutando a todo o segundo e mantendo-me viva a tão grande custo.

Eu também acredito em milagres agora, Eddie, tal como me disseste que acreditas. Pode demorar muito tempo, mas talvez um dia eu consiga sim fazer o que é preciso para estarmos perto e falarmo-nos pessoalmente. Entretanto, bons dias para ti tanto nos concertos como fora deles.

segunda-feira, outubro 03, 2022

Não dá

 Não dá pra fingir
Que não estou num planeta
Com biliőes de nazistas nojentos
E passar toda a vida essa treta
De lidar com déspotas a rir
Da violência e desgraças alheias 
Sem ver os seus sentimentos
A não ser quando lhes toca
E fome afecta-lhes as riquezas
É por isso que sempre estive doente
Não há como livrar de gente demente.
 Não conseguir dizer-te a verdade
É mentir-te sobre sentir tanta saudade?
Agora que tenho estado mais doente
Imagino-te a manter o meu corpo quente
Ao abraçares-me e eu sumir em ti
Para não sentir mais estas dores todas
Como se me pudesses salvar de mim
Apertando-me o esqueleto com tuas forças
 Não dá para dizer 
Onde começas tu
Onde acabou eu
Porque somos
Princípio e fim
Contigo dentro de mim
E eu dentro de ti

domingo, outubro 02, 2022

Amor único

 O gérmen do amor único
O eterno que é semente
Guardada somente
Sem se pôr a germinar
Pois ela tem raízes invisíveis
Que ninguém pode alcançar

Sou a terra e tu o mar
Somos o sol e a lua
E todos os elementos
Que há no universo
Não há medida para nós
Forjados no ventre do fogo
E no coração da alma
Só há um veio no chão
Que liga o pulsar da mente
À força da nossa constelação

sábado, outubro 01, 2022

 Duas coisas tiram-me do sério; a injustiça e o desperdício. E tudo nesta vida e neste Mundo acaba por ser ou uma ou outra. Hoje em dia lamento ter desperdiçado a minha saliva contigo e a injustiça de que ela terá o melhor de ti.

sexta-feira, setembro 30, 2022

 Serás meu amigo, irmão, esconderijo,
Mesmo quando te lembrares de mim
Apenas uma vez por ano ou nem tanto?

quarta-feira, setembro 28, 2022

Rendição

Entrego-me a ti
Armas depostas
Queria não ter mais língua
Para não desejar o sabor do teu corpo
Nem mãos que possam tocar-te com gosto
De nada me serve ter pernas
Se não vou entrelaçá-las na tua cintura
Nem pés que se cruzem com os teus
Ou ombro que te sirva de encosto
Nem braços para se ligarem e enroscarem em ti
Nem sexo que nos eleve a Deus
Ou mesmo boca para que me respires a mim
Queria não ter mais olhos
Se não posso fechá-los
Contigo a meu lado
E principalmente
Não quero mais ter coração
Se ele vive a sangrar
Com tanta desilusão